Antonio Carlos Egypto
Quem está fazendo a sua programação de
filmes no www.mostra.org para assistir on line, a partir de 5ª. feira, dia 22 de outubro de 2020, na 44ª.
Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, deve ficar atento a diretores
importantes, que estão com seus filmes mais recentes em exibição. É uma forma de garantir qualidade artística
ao que se vai assistir. Nem é o
principal aspecto da Mostra, já que ela oferece a oportunidade de garimpar
filmes do mundo inteiro e descobrir novos talentos entre diretores estreantes.
Mas não se pode perder a chance de ver grandes filmes de grandes
diretores. Mesmo correndo o risco de que
alguns nos decepcionem. Ou a gente
reconheça o talento, mas rejeite o estilo.
Por exemplo, a mão pesada, a violência, o próprio tema. Rechaçar talentos não é uma boa ideia. Praticar censura ou boicote a artistas
reconhecidos, também não. Que tal
experimentar e avaliar com a maior objetividade que for possível?
Eu não pretendo perder o novo filme do
diretor chinês Jia Zhang-ke, que assina o pôster da Mostra 44: NADANDO ATÉ O MAR SE TORNAR AZUL ou o
novo filme do filipino Lav Diaz, GÊNERO,
PAN, já que pelo menos desta vez ele reduziu a duração de seus longuíssimos
filmes a apenas 157 minutos. O que é um
feito. Dá para ver, portanto. Do diretor malaio Tsai Ming Liang podemos
conhecer o filme DIAS. Sinal de que ele não parou de filmar, como
ameaçou fazer. Melhor para nós. O chileno Andrés Wood traz para a Mostra ARAÑA, o cineasta português João
Botelho apresenta O ANO DA MORTE DE
RICARDO REIS, o diretor iraniano Majid Majidi, CRIANÇAS DO SOL. Tem ainda CORONATION, do chinês Ai Wei Wei, o
mexicano Michel Franco, com NOVA ORDEM,
O CHARLATÃO, da polonesa Agnieszka
Holland, SIBÉRIA, de Abel Ferrara,
um curta do iraniano Jafar Panahi, ESCONDIDA.
Entre os brasileiros há muita coisa,
mas eu destacaria o novo filme de Sílvio Tendler, NAS ASAS DA PAN AM, O LODO,
de Helvécio Ratton, VERLUST, de
Esmir Filho, e GLAUBER, CLARO, de
César Meneghetti, entre os que me despertaram mais interesse.
Ainda não vi nenhum desses
filmes. São apostas em coisas já
consolidadas, baseadas em histórico de cinéfilo e crítico.
Cabe agora um pequeno comentário sobre
o filme da importante diretora japonesa Naomi Kawase, MÃES DE VERDADE, que já vi.
O trabalho da Naomi é sempre visualmente muito bonito, tem grande
sensibilidade no trato dos personagens e um ritmo lento o suficiente, para que
possamos nos envolver com a situação relatada ou a história contada.
Aqui ela adapta um romance que trata
de mulheres, meninas, que não podem levar adiante uma gravidez, em contraponto
a casais que querem muito, mas não podem ter filhos. Acabam buscando a adoção como caminho. O que liga as duas pontas. Mas há problemas, especialmente quando as
informações sobre quem doou ou quem adotou deixam de ser sigilosas. E o que é ser mãe, no fim das contas?
O tom que Kawase dá para o filme é bem
triste, a narrativa se alonga, talvez em demasia, na medida em que muitos
desdobramentos são previsíveis, esperados, até.
O tema é muito importante e relevante, sem dúvida. O conflito apresentado, também. O tom e o ritmo do filme é que deixam um pouco a desejar.
@mostrasp
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