terça-feira, 20 de outubro de 2020

O QUE VER NA #44 MOSTRA

Antonio Carlos Egypto

 

Quem está fazendo a sua programação de filmes no www.mostra.org para assistir on line, a partir de 5ª. feira, dia 22 de outubro de 2020, na 44ª. Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, deve ficar atento a diretores importantes, que estão com seus filmes mais recentes em exibição.  É uma forma de garantir qualidade artística ao que se vai assistir.  Nem é o principal aspecto da Mostra, já que ela oferece a oportunidade de garimpar filmes do mundo inteiro e descobrir novos talentos entre diretores estreantes. Mas não se pode perder a chance de ver grandes filmes de grandes diretores.  Mesmo correndo o risco de que alguns nos decepcionem.  Ou a gente reconheça o talento, mas rejeite o estilo.  Por exemplo, a mão pesada, a violência, o próprio tema.  Rechaçar talentos não é uma boa ideia.  Praticar censura ou boicote a artistas reconhecidos, também não.  Que tal experimentar e avaliar com a maior objetividade que for possível?

 

Eu não pretendo perder o novo filme do diretor chinês Jia Zhang-ke, que assina o pôster da Mostra 44: NADANDO ATÉ O MAR SE TORNAR AZUL ou o novo filme do filipino Lav Diaz, GÊNERO, PAN, já que pelo menos desta vez ele reduziu a duração de seus longuíssimos filmes a apenas 157 minutos.  O que é um feito.  Dá para ver, portanto.  Do diretor malaio Tsai Ming Liang podemos conhecer o filme DIAS.  Sinal de que ele não parou de filmar, como ameaçou fazer.  Melhor para nós.  O chileno Andrés Wood traz para a Mostra ARAÑA, o cineasta português João Botelho apresenta O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS, o diretor iraniano Majid Majidi, CRIANÇAS DO SOL.  Tem ainda CORONATION, do chinês Ai Wei Wei, o mexicano Michel Franco, com NOVA ORDEM, O CHARLATÃO, da polonesa Agnieszka Holland, SIBÉRIA, de Abel Ferrara, um curta do iraniano Jafar Panahi, ESCONDIDA.

 

Entre os brasileiros há muita coisa, mas eu destacaria o novo filme de Sílvio Tendler, NAS ASAS DA PAN AM, O LODO, de Helvécio Ratton, VERLUST, de Esmir Filho, e GLAUBER, CLARO, de César Meneghetti, entre os que me despertaram mais interesse.

 

Ainda não vi nenhum desses filmes.  São apostas em coisas já consolidadas, baseadas em histórico de cinéfilo e crítico.

 





Cabe agora um pequeno comentário sobre o filme da importante diretora japonesa Naomi Kawase, MÃES DE VERDADE, que já vi.  O trabalho da Naomi é sempre visualmente muito bonito, tem grande sensibilidade no trato dos personagens e um ritmo lento o suficiente, para que possamos nos envolver com a situação relatada ou a história contada.

 

Aqui ela adapta um romance que trata de mulheres, meninas, que não podem levar adiante uma gravidez, em contraponto a casais que querem muito, mas não podem ter filhos.  Acabam buscando a adoção como caminho.  O que liga as duas pontas.  Mas há problemas, especialmente quando as informações sobre quem doou ou quem adotou deixam de ser sigilosas.  E o que é ser mãe, no fim das contas?

 

O tom que Kawase dá para o filme é bem triste, a narrativa se alonga, talvez em demasia, na medida em que muitos desdobramentos são previsíveis, esperados, até.  O tema é muito importante e relevante, sem dúvida.  O conflito apresentado, também.  O tom e o ritmo do filme é  que deixam um pouco a desejar.

@mostrasp

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário