FRANKIE (Frankie). França, 2019. Direção: Ira Sachs. Com Isabelle Huppert, Brendan Glesson, Marisa
Tomei, Jerémie Renier, Pascal Greggory.
100 min.
“Frankie” trata de uma situação
pesada, um encontro de despedida da vida de uma famosa atriz, com sua família e
amigos. No entanto, o diretor
estadunidense Ira Sachs desenvolve esse evento, que poderia ser macabro, com
beleza e sutileza. Consegue leveza onde
não se esperaria. A começar pela própria
Frankie, vivida lindamente por Isabelle Huppert, uma das maiores atrizes do
nosso tempo. Seu personagem lida com a
perspectiva da morte iminente com o máximo de discrição, sem drama, mas sem
negar a realidade e em busca de uma interação humana gratificante e
tranquilizadora. Além disso, o filme
exibe a beleza da cidade portuguesa de Sintra, tão charmosa, elegante e
diáfana, que dá uma moldura especial a esse encontro que, se fosse possível,
muitos gostariam de viver. Reflexivo,
comovente e apaziguador, apesar de tudo o que envolve. Um ótimo elenco contracena com Huppert em “Frankie”.
FRANKIE |
MEU NOME É SARA (My Name Is Sara). Estados
Unidos, 2019. Direção: Steven
Oritt. Com Zuzanna Surowy, Konrad
Chichon, Pawel Królikowski, Eryk Lubos.
111 min.
A história, baseada em fatos reais,
que se conta aqui, passa-se na Ucrânia, durante a ocupação alemã do país, na
Segunda Guerra Mundial. Porém, como o
filme é norte-americano, o tempo todo fala-se inglês, exceto quando entram em
ação os comunicados dos dominadores alemães, que chegam na cena a ser traduzidos
para o inglês, para que a população os entenda (sic). Sara (Zuzanna Surowy), aos 15 anos de idade,
com sua família inteira morta pelos nazistas, assume a identidade de uma amiga,
para conseguir ser acolhida para trabalhar numa fazenda, escondendo sua origem
judaica, para poder sobreviver. Só que o
casal de fazendeiros e seus filhos que a acolhem têm outros problemas, além de
serem roubados, saqueados, pelos alemães e pelos russos. Eles têm questões familiares e amorosas que
complicam a situação de Sara e exigem dela ajustes difíceis e um jogo de
cintura que ela terá de aprender rapidamente.
Esses elementos complicadores é que despertam interesse numa trama que
já foi bastante explorada pelo cinema. A
realização cinematográfica é boa e a atriz protagonista, uma revelação e um
achado para o papel.
DILILI EM PARIS (Dilili à Paris). França,
2018. Direção: Michel Ocelot. Animação.
95 min.
Quem viu a trilogia “Kiriku” sabe do
que é capaz Michel Ocelot. Suas
animações são belíssimas, requintadas, inteligentes. “Dilili em Paris”, seu novo trabalho, é um
luxo, ao homenagear Paris com a beleza plástica do seu traço artesanal e
explorar os elementos vinculados à cultura francesa, que povoaram a cidade no
final do século XIX e começo do XX. A chamada belle époque reuniu figuras como Sarah Bernhardt, Claude Debussy,
Auguste Rodin, Toulouse Lautrec, Claude Monet, Louis Pasteur, Madame Curie,
Pablo Picasso, Luís Buñuel, Santos Dumont, Marcel Proust e tantos mais. Pois todos eles, de um modo ou de outro,
participam da trama da garotinha Dilili e seu amigo entregador, que vão
combater as forças do mal responsáveis por uma onda de sequestros de menininhas
em Paris. A animação tem um tom
feminista, ao expor os absurdos a que podem estar submetidas as meninas, e as
mulheres. Um encanto.
CICATRIZES |
CICATRIZES (Savovi). Sérvia,
2019. Direção: Miroslav Terzic. Com Snezana Bogdanovic,
Marco Bacovic, Jovana Stojiljkovic. 97 min.
O que se vê no desenrolar
do filme sérvio, dirigido por Miroslav Terzic, em seu segundo longa, ambientado
em Belgrado, são as cicatrizes de um passado que move os
personagens. Acompanhamos uma mulher, sua família, seu trabalho,
seus contatos. A cada sequência nos deparamos com
impropriedades. As relações humanas são estranhas, pesadas,
ásperas. Os comunicados, misteriosos ou simplesmente
lacônicos. Há perigos no ar. E vamos descobrindo, aos
poucos, o que está em jogo. Sem nunca entender muito bem do que se
trata. Até que, no terço final do filme, a situação se
esclarece. Mesmo assim, não se resolve, porque é preciso encarar o
que ficou para trás. Então, novas ações vão trazer uma nova
configuração ao conflito. Cicatrizes eternas, ao que
parece. Um belo trabalho dramático, com um roteiro bem construído,
que estimula o espectador a seguir a trama com interesse. O tema
abordado, que envolve maternidade, fatos e escolhas do passado, é bem
relevante, do ponto de vista psíquico.
O JOVEM AHMED (Le Jeune Ahmed). Bélgica, 2019. Direção: Jean-Pierre e Luc Dardenne. Com Idir Ben Addi, Olivier Bonnaud, Myriem
Akheddiou, Victoria Bluck.. 84 min.
Os irmãos Jean-Pierre e
Luc Dardenne dirigiram “O Jovem Ahmed” tratando de um personagem adolescente,
de 13 anos, muçulmano religioso fanático. E o fazem com muito
talento ao descrever e desenvolver as situações e atitudes do personagem, que
acaba se envolvendo numa tentativa de assassinato em nome de Alá. No
entanto, a forma como se conclui o drama ao final não chega a ser muito
convincente.
Ótimas dicas, Egypto ! Obrigada!
ResponderExcluirÓtimas dicas! Muito bom trabalho.
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