Antonio Carlos
Egypto
A Mostra Internacional de Cinema de São Paulo,
que chega à sua 42ª. edição, é um dos principais eventos culturais da cidade (e
que chega também ao interior do Estado). Graças ao empenho, competência e
dedicação de Renata de Almeida e de sua equipe, a Mostra, criada por Leon
Cakoff em 1977, sobreviveu à sua morte e segue em frente, mantendo a qualidade
e a abrangência cinematográficas.
Os tempos são de crise, há menos verba
disponível para patrocínio, mas a Mostra segue pujante. A 42ª. edição, que ocorre de 18 a 31 de
outubro, trará mais de 300 filmes, que serão apresentados em mais de 30
espaços, entre cinemas, espaços culturais e museus, na capital paulista e no
Instituto CPFL, em Campinas. Além disso,
o SESC promove uma itinerância, com diversos títulos da seleção exibidos em 10
cidades do interior, logo após o período da Mostra. Uma grande chance de apresentar o melhor do
cinema mundial a um público que tem muito menos acesso àquilo que se distingue
do cinemão convencionalmente exibido nos cinemas de shoppings.
Na seleção de filmes estarão, como de costume,
os longas que ganharam prêmios nos principais festivais internacionais deste
ano, 18 obras indicadas por seus países para concorrerem ao Oscar de filme
estrangeiro, a produção brasileira e latino-americana recente e o que encanta
qualquer cinéfilo: 58 países presentes e um grande número de novos cineastas,
em primeiro, segundo ou terceiro longas, para serem descobertos e premiados. Entre eles, 90 títulos estrangeiros,
dirigidos por mulheres.
No programa, uma parceria com o Instituto
Goethe traz 7 títulos que marcam o bicentenário de Karl Marx e uma exibição
especial da cópia restaurada da série “Oito horas não são um dia”, de Rainer
Werner Fassbinder, de 1972.
Clássicos do cinema restaurados estão
presentes, como “A Caixa de Pandora”, de 1929, de Pabst, e “Asas do Desejo”, de
Wim Wenders, que completa 30 anos.
“Central do Brasil”, de Walter Salles, que completa 20 anos, “Feliz Ano
Velho”, de Roberto Gervitz, 30 anos, além de “O Bandido da Luz Vermelha”, de
Sganzerla, e “O Bravo Guerreiro”, de Gustavo Dahl, que fazem 50 anos, estão
entre os clássicos brasileiros em exibição.
O diretor dinamarquês Lars von Trier, que traz
o inédito “A Casa que Jack construiu”, terá três outros longas de sua primeira
fase presentes à 42ª. Mostra: “Elemento de um Crime”, “Europa” e “Ondas do
Destino”. O cineasta israelense Amos
Gitai traz seus filmes recentes, a ficção “Uma Carta para um Amigo em Gaza”, o
documentário “Um Trem em Jerusalém” e o média-metragem “A Casa”, de 1980. O grande cineasta argentino Fernando Solanas
vem com “La Hora de los Hornos” e o inédito “Viaje a los Pueblos Fumigados”.
O brilhante cineasta japonês Kore-Eda será
homenageado com o prêmio Humanidade e traz seu trabalho mais recente, o filme
“Assunto de Família”, excelente, que ganhou a Palma de Ouro em Cannes. Outro prêmio Humanidade será concedido a Drauzio
Varella, antes da exibição da cópia restaurada de “Pixote – A Lei do Mais
Fraco” e do curta “Conversa com Ele”, de Bárbara Paz. E, claro, participa de
uma mesa de debates. O cineasta
iraniano Jafar Panahi receberá o prêmio Leon Cakoff em sua prisão domiciliar no
Irã. Seu filme “3 Faces”, melhor roteiro
em Cannes, está na programação. Quatro
títulos homenageiam o centenário de Nelson Mandela.
Autora da arte do pôster desta edição, a
norte-americana Laurie Anderson apresenta exposição em realidade virtual, que
inaugura o anexo do Cinesesc.
Na programação, destaques é o que não
faltam. “A Favorita”, de Yorgos
Lanthimos, grande prêmio do júri de Veneza, abre o evento, no Auditório
Ibirapuera. “Roma”, de Alfonso Cuarón,
Leão de Ouro de Veneza, está programado para o encerramento, no dia 31. E há tanto para ver, entre um e outro, como,
por exemplo, “Uma Terra Imaginada”, de Siew Hua Yeo, de Cingapura, Leopardo de
Ouro de Locarno, e o romeno “Não Me Toque”, Urso de Ouro do Festival de
Berlim. E há muito, muito mais.
Tem gente que tira férias neste período do ano
para poder aproveitar a Mostra. Outros
passam todo o tempo, fora do trabalho, no cinema. Nunca soube de ninguém que tenha se
arrependido de fazer isso. A oferta de
filmes é realmente muito grande e prima pela qualidade e diversidade culturais. Quem quiser e puder se preparar para essa
imersão cinematográfica, as vendas de permanente integrais a R$500,00, que
permitem ver tudo, ou as especiais, para sessões da tarde, de segunda a
sexta-feira, a R$117,00, podem ser adquiridas na Central da Mostra, no Conjunto
Nacional, a partir do dia 12 de outubro.
Lá também é possível adquirir pacotes de 40 ingressos, por R$374,00, e
de 20 ingressos, por R$220,00. Mas
atenção: os pacotes de 20 são os primeiros que acabam.
Ingressos individuais para as sessões só no
próprio dia, nas salas de cinema, a saber, 5 salas do Espaço Itaú de Cinema do
Shopping Frei Caneca, o Cinearte Petrobrás do Conjunto Nacional, o Cinesesc, o
Reserva Cultural, o Caixa Belas Artes, os Espaços Itaú de Cinema Augusta e
Pompeia, o Instituto Moreira Salles da av. Paulista, a Cinemateca Brasileira, o
Itaú Cultural, o PlayArte Marabá e o Spcine Olido no centro, o Centro Cultural
São Paulo e um circuito gratuito em unidades do Sesc e Spcine, no vão livre do
MASP, Cinusp e Instituto CPFL.
Tem também um novo aplicativo da Mostra que
permitirá receber notícias em tempo real, programação e compra de ingressos, já
que tudo agora exige aplicativo pelo celular.
Como será que a gente podia viver antes que isso existisse?
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