quarta-feira, 13 de junho de 2018

ANNA KARENINA



Antonio Carlos Egypto




ANNA KARENINA – A HISTÓRIA DE VRONSKY (Anna Karenina/Vronsky).  Rússia, 2017.  Direção: Karen Shakhnazarov.  Com Elizaveta Boyarskaya, Maksim Matveyev, Vitaly Kishchenko, Viktoriya Isakova.  138 min.


Anna Karenina, o romance de Liev Tolstói, se prestou a várias adaptações cinematográficas de sucesso e a produções bem cuidades, caprichadas.  A forte personagem feminina que encara o seu desejo, enfrenta os homens que ama ou que a amam e recebe a reprovação da sociedade, levando a um destino trágico, é muito atraente e sempre deu margem a reflexões sobre a questão de gênero, nas várias épocas em que foi encenada.

Grandes atrizes viveram a personagem, começando por ninguém menos do que Greta Garbo, em filme de Clarence Brown, de 1935.  A também grande Vivian Leigh viveu Anna, no filme de 1948, dirigido por Julien Duvivier.  Jacqueline Bisset também foi Anna Karenina em filme de Simon Langton, de 1985. Em tempos mais recentes, Sophie Marceau encarnou-a, no filme dirigido por Bernard Rose, em 1997, e Keira Knightley, no filme de Joe Wright, em 2013. 




Uma nova versão vem da Rússia, dirigida por Karen Shakhnazarov, o cineasta que fez “Tigre Branco”, em  2012, um espetáculo de suspense e guerra, com cenas muito bem construídas, de grande impacto cinematográfico.  Com um talento para esse tipo de sequências, o drama intimista de Anna Karenina não ofereceria grandes oportunidades para a exploração de cenas em campo aberto, vistosas, como ele sabe fazer.  Shakhnazarov inovou, fundindo a história de Tolstói com um outro conto russo, que se passa no acampamento militar/hospital, em plena guerra Rússia-Japão, de 1905: a história de Vronsky.  Ali, dois personagens, seu filho e seu amante, tentam entender a tragédia vivida por Anna Karenina, em meio às providências de guerra, ataques, explosões, e o filme fica com a cara de Shakhnazarov. 

O recurso permite pensar a posteriori sobre o drama, mas acrescenta pouco à situação dramática e até confunde um pouco o entendimento da trama.  Penduricalhos como a da órfã de guerra chinesa, que circula pelo acampamento militar, não se justificam.  Em contrapartida, o filme adquire uma beleza visual admirável.

“Anna Karenina/A História de Vronsky” vale pelas sequências externas, não só da guerra, mas também da corrida de cavalos no Jóquei: brilhante.  O baile é muito bem encenado, com riqueza na direção de arte, figurinos.  Enfim, é uma produção muito bonita e bem cuidada, sob a batuta de um cineasta muito competente, em que pesem as restrições que se possam fazer à sua estruturação dramática.



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