quinta-feira, 22 de março de 2018

POR TRÁS DOS SEUS OLHOS


Antonio Carlos Egypto




POR TRÁS DOS SEUS OLHOS (All I See is You).  Estados Unidos, 2017.  Direção: Marc Foster.  Com Blake Lively, Jason Clarke, Danny Huston.  110 min.



No filme “Por Trás dos Seus Olhos”, o diretor Marc Foster aproveita a trama, que diz respeito a uma mulher que ficou cega num acidente de infância, em que perdeu os pais, mas pode voltar a enxergar de um olho, com as novas possibilidades da medicina atual, para realizar uma experimentação visual bem interessante.  Mais do que a história, que também tem seus méritos, as imagens é que fazem a força do filme.  Em excesso, até.

A câmera de Foster nos leva a enxergar embaçado, desfocar, nublar, sofrer variações e desequilíbrios, que tentam mimetizar a experiência da cegueria, com sua vulnerabilidade, inseguranças e medos.  A percepção das luzes, da água, do vento, do movimento e dos ambientes traz grandes sensações e induz à imaginação.  Retomar a visão ou parte dela, recuperando a magia das cores e o colorido da vida, produz um efeito deslumbrante.  Para isso, é especialmente favorável a vida em Bangkok, naTailândia, onde o personagem James (Jason Clarke), marido de Gina (Blake Lively), a portadora da deficiência visual, trabalha no ramo de seguros.  A variedade de flores por lá é uma festa!




O casal formado por James e Gina, vivendo num país estrangeiro, parece caminhar muito bem, já que a dependência afetiva que ela tem dele é bem resolvida e acolhida por ambos.  Só estariam faltando filhos.  Mas, com o retorno à visão, aquilo que estava na mente, na imaginação dela, nem sempre se apresenta do modo esperado e nem de forma a ser bem recebido.  O conflito, então, tende a se estabelecer, exigindo novos comportamentos e soluções.  Um novo relacionamento tem de ser construído.  Assim como novas relações vão se estabelecer.

A atriz Blake Lively tem um desafio e tanto, no papel da mulher que, de cega, passa progressivamente a ver, e que pode ter recaídas.  A câmera se esbalda ao explorar esse universo visual inconstante.  Há um tanto de maneirismo nessa exploração visual, ela acaba se colocando à frente dos personagens e da trama.  Ou seja, a técnica se torna visível demais.  As imagens são bonitas, sedutoras.  O ambiente psicológico que se transforma com a visão também prende a atenção do espectador.  Enfim, tudo muda.  Para chegar a quê?


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