quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Sully


Tatiana Babadobulos




SULLY - O HERÓI DO RIO HUDSON (Sully). Estados Unidos, 2016. Direção: Clint Eastwood. Com Tom Hanks e Aaron Eckhart. 96 min.


Em 15 janeiro de 2009, o noticiário mundial acompanhou a notícia de que um avião com 155 pessoas (entre passageiros e tripulantes) realizou um pouso forçado no rio Hudson, em Nova York.

No meio do inverno norte-americano, aquela tinha sido uma notícia boa, principalmente porque o capitão da aeronave, Chesley “Sully” Sullenberger, salvou todas as pessoas que estavam a bordo.


A história do triunfo e outra nem tão bonita assim é contada no longa-metragem “Sully – O Herói do Rio Hudson” (“Sully”). Sob a batuta de Clint Eastwood (“Jersey Boys”, “Menina de Ouro”), o ator Tom Hanks (“Capitão Phillips”) vive o papel-título, com cabelos e bigode descoloridos.
Mas nem tudo foram glórias. Isso porque Sully começou a viver um verdadeiro “caça às bruxas” com acusações de ter feito um procedimento errado ao pousar o Airbus no rio, ao invés de voltar para o aeroporto mais próximo, como mostra a cena na qual ele questiona a torre de controle.
Com detalhes, é possível reviver, a partir do longa, o drama vivido na ocasião pelo piloto e pelo copiloto Jeff Skiles, aqui estrelado por Aaron Eckhart (“Batman – O Cavaleiro das Trevas”).

Dramas que se passam dentro de um avião são corriqueiros desde que o cinema existe… Mas, ultimamente, são lembrados os filmes dramáticos pós-11 de setembro, com o ataque às Torres Gêmeas, na mesma Nova York do filme de Eastwood. Um episódio que jamais será esquecido.
“Voo United 93” (“United 93”), dirigido por Paul Greengrass em 2006, revela os momentos finais de uma das aeronaves que colidiu com a torre do World Trade Center, durante o ataque terrorista de 2001.
Sem relação com os ataques, um dos filmes mais recentes sobre voos foi “O Voo” (“Flight”), de 2012, com Denzel Washington no papel principal, no qual vive um piloto atolado em bebida e em drogas depois de ter feito um pouso forçado com centenas de passageiros a bordo.
Há ainda as comédias, como “Apertem os Cintos… O Piloto Sumiu” (1980), e a obra do espanhol Pedro Almodóvar, “Amantes Passageiros”, de 2013. Mistura de drama com romance é “Top Gun – Asas Indomáveis” (1986), longa que consolidou o sucesso de Tom Cruise nos cinemas. Um remake do longa, aliás, está programado para 2018.

O roteiro de “Sully”, escrito por Todd Komarnicki tendo como base o livro “Highest Duty”, de Sullenberger e Jeffrey Zaslow, fica ainda mais interessante porque não se prende às cenas a que todos acompanhamos no noticiário mundial. O longa traz à tela os momentos a que não tivemos acesso –os bastidores do processo e do julgamento pelo qual o capitão passou e que foi bastante estressante para ele e para sua família.
Ter 208 segundos para tomar uma decisão crucial não é pouca coisa. E fica mais reconfortante quando a perda foi apenas material (a aeronave). O verdadeiro capitão Sully pode deitar a cabeça no travesseiro e lembrar, todos os dias, que salvou 155 vidas em 15 de janeiro de 2009.
Sua história, nas mãos do experiente Eastwood, faz a plateia aplaudir e chorar de emoção ao sentir sua agonia na pele. 
No Brasil, o longa teria estreado no Brasil no dia 2 de dezembro. Porém, com o acidente de avião da Chapecoense, no dia 29, a Warner optou por adiar a estreia do filme sobre um desastre aéreo –ainda que o do filme tenha final feliz, diferente dos 70 mortos. A estreia se deu no dia 15 de dezembro, em cerca de 10% salas a menos do que o previsto no início.
Em tempo: mesmo que os funcionários do cinema invadam a sala e acendam as luzes da sala antes dos créditos finais (como fizeram os da sala a que assisti ao filme), não levante. Há cenas com o capitão Sully original e todas aquelas pessoas que ainda enviam cartões de Feliz Natal e ele e a sua família todos os anos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário