Antonio Carlos
Egypto
KÓBLIC (Kóblic). Argentina, 2015. Direção: Sebastian Borensztein. Com Ricardo Darín, Oscar Martinez, Irma
Cuesta. 115 min.
Sebastian Borensztein, o diretor do muito competente
e divertido “Um Conto Chinês”, agora nos leva ao terreno dramático da política,
do suspense, da violência, dos westerns. Uma vez mais, nos traz o grande ator do
cinema argentino da atualidade, Ricardo Darín.
O filme é “Kóblic”, o sobrenome de um capitão das Forças Armadas em
plena ditadura argentina, em 1977.
Tomas Kóblic (Ricardo Darín) é escalado para pilotar
um dos terríveis voos da morte, que arremessavam ao mar os chamados
“subversivos” ou inimigos do regime.
Lembram-se da Operação Condor, também no Brasil?
A tarefa, muito difícil, e que abala a consciência de
qualquer ser humano digno, não sai como devia e Kóblic é exortado a se
esconder, numa espécie de exílio no próprio país, em uma localidade perdida no
mapa, que não interessa a ninguém.
Esse lugar esquecido, porém, tem seus próprios
esquemas de poder, ainda que longe de tudo e de todos. O que alcançará o piloto militar e fará com
que ele não possa ter sossego. Por um
lado, um policial que se considera dono do lugar, uma terra sem lei. Por outro, um perigoso envolvimento
romântico. E o suspense se instala, em
clima de western. Outra forma de violência não tardará a se
apresentar. Não há espaço tranquilo para
os que buscam esquecer um passado que teima em não se desfazer.
O contexto político realista dá lugar à dimensão
mítica da violência que grassa perdida por este mundo de Deus. A partir daí, predominam as referências ao
próprio cinema e sua história.
O filme flui muito bem, envolve, emociona. É um bom produto do gênero cinematográfico
escolhido. Só que terra sem lei leva,
inevitavelmente, à justiça por conta própria, à vingança. Esse é um elemento essencial e um complicador
para a trama. Afinal, o que é mesmo que
a violência produz senão mais violência?
A dimensão política mais séria se perde, embora o entretenimento
triunfe.
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