segunda-feira, 15 de agosto de 2016

ESPERANDO ACORDADA


Antonio Carlos Egypto




ESPERANDO ACORDADA (Les Chaises Musicales).  França, 2015.  Direção e roteiro: Marie Belhome.  Com Isabelle Carré, Carmen Maura, Philippe Rebbot, Nina Meurisse.  83 min.


Um susto produz uma queda.  Homem desconhecido, não deu nem para ver o rosto. E  se ele tiver morrido?   Não dá nem para imaginar tal coisa.  É preciso socorrê-lo.  Mas a garota atrapalhada, vestida de morte para animar festas infantis, se perdeu e já está muito atrasada.  Um telefonema para a polícia resolve isso.  É só usar o celular e se mandar...

E agora?  Fazer de conta de que nada aconteceu?  Impossível.  A culpa não deixaria. Será que ele morreu? É preciso saber.  Parece que está em coma.  Ufa!  Ainda há reparação possível.  É preciso descobrir quem ele é, como vive, onde mora.  Entrar na sua vida, cuidar das suas necessidades.  E até de seu filho.  Quem sabe, amá-lo.




A trama de “Esperando Acordada” explora as circunstâncias fortuitas da vida que podem mudar tudo de uma hora para outra.  E as adaptações e acomodações que temos de fazer para dar conta da nova situação.

A insatisfação, a infelicidade, a mediocridade são componentes rotineiros da vida das pessoas.  Se algo extraordinário acontece, o sentido dessas vidas pode até se iluminar, descobrir algo onde quase não havia nada.




O filme de Marie Belhome, “Les Chaises Musicales”, aqui lançado como “Esperando Acordada”, traz essa história curiosa e transformadora, apresentando um caso de amor e dedicação, ancorado na expiação da culpa e no fascínio pela vida do outro.  Como estreia em longas da diretora, é um bom começo.

Isabelle Carré faz a jovem Perrine, com todas as nuances que o personagem pede, e carrega o filme.  Apesar de haver no elenco ninguém menos do que Carmen Maura, que sempre será lembrada pelos incríveis papéis que fez nos filmes de Pedro Almodóvar.  Aqui, ela parece um tanto deslocada, numa função coadjuvante, sem maior brilho.  Philippe Rebbot e Nina Meurisse completam o elenco com eficiência.  “Esperando Acordada” não é nenhuma grande obra do cinema, mas  é uma graça de filme.


11ª MOSTRA MUNDO ÁRABE DE CINEMA



Para quem quer diversidade, nada melhor do que conhecer alguns dos filmes da Mostra de Cinema Árabe, que está acontecendo em São Paulo.  Vai até 28 de agosto, no Centro Cultural Banco do Brasil, Centro Cultural São Paulo e Cinesesc.

Filmes da Palestina, do Marrocos, do Egito, do Líbano, da Tunísia, da Argélia, dos Emirados Árabes, do Qatar e Iêmen, podem ser vistos por lá.  É preciso arriscar, porque você pode encontrar ótimos filmes e produções mais precárias, também.  Mas, nesse tipo de Mostra, sempre vale o risco.




Eu já vi, por exemplo, “Memória Fértil”, um  docudrama, filmado dentro do território palestino chamado linha verde, na fronteira com Egito, Jordânia, Líbano e Síria.  Vi, ainda, dois outros filmes palestinos, “Amores, Roubos e Outras Complicações”, que brinca com os conflitos e busca a paz, e um curta notável, “Ave Maria”, que trata com humor das limitações que se impõem a freiras católicas no meio do deserto e a judeus, em pleno sabbath.  “Orquestra Cega” e “Homens de Argila”, filmes de Marrocos, são boas produções que também gostei de conhecer.  Vale a pena conferir essa Mostra. 

  

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