Antonio Carlos
Egypto
ESPERANDO
ACORDADA (Les Chaises Musicales).
França, 2015. Direção e roteiro:
Marie Belhome. Com Isabelle Carré,
Carmen Maura, Philippe Rebbot, Nina Meurisse.
83 min.
Um susto produz uma queda. Homem desconhecido, não deu nem para ver o
rosto. E se ele tiver morrido? Não dá nem para imaginar tal coisa. É preciso socorrê-lo. Mas a garota atrapalhada, vestida de morte
para animar festas infantis, se perdeu e já está muito atrasada. Um telefonema para a polícia resolve
isso. É só usar o celular e se mandar...
E agora? Fazer
de conta de que nada aconteceu?
Impossível. A culpa não deixaria.
Será que ele morreu? É preciso saber.
Parece que está em coma.
Ufa! Ainda há reparação
possível. É preciso descobrir quem ele
é, como vive, onde mora. Entrar na sua
vida, cuidar das suas necessidades. E
até de seu filho. Quem sabe, amá-lo.
A trama de “Esperando Acordada” explora as
circunstâncias fortuitas da vida que podem mudar tudo de uma hora para
outra. E as adaptações e acomodações que
temos de fazer para dar conta da nova situação.
A insatisfação, a infelicidade, a mediocridade são
componentes rotineiros da vida das pessoas.
Se algo extraordinário acontece, o sentido dessas vidas pode até se
iluminar, descobrir algo onde quase não havia nada.
O filme de Marie Belhome, “Les Chaises Musicales”,
aqui lançado como “Esperando Acordada”, traz essa história curiosa e
transformadora, apresentando um caso de amor e dedicação, ancorado na expiação
da culpa e no fascínio pela vida do outro.
Como estreia em longas da diretora, é um bom começo.
Isabelle Carré faz a jovem Perrine, com todas as
nuances que o personagem pede, e carrega o filme. Apesar de haver no elenco ninguém menos do
que Carmen Maura, que sempre será lembrada pelos incríveis papéis que fez nos
filmes de Pedro Almodóvar. Aqui, ela
parece um tanto deslocada, numa função coadjuvante, sem maior brilho. Philippe Rebbot e Nina Meurisse completam o
elenco com eficiência. “Esperando
Acordada” não é nenhuma grande obra do cinema, mas é uma graça de filme.
11ª MOSTRA
MUNDO ÁRABE DE CINEMA
Para quem quer diversidade, nada melhor do que
conhecer alguns dos filmes da Mostra de Cinema Árabe, que está acontecendo em
São Paulo. Vai até 28 de agosto, no
Centro Cultural Banco do Brasil, Centro Cultural São Paulo e Cinesesc.
Filmes da Palestina, do Marrocos, do Egito, do
Líbano, da Tunísia, da Argélia, dos Emirados Árabes, do Qatar e Iêmen, podem
ser vistos por lá. É preciso arriscar,
porque você pode encontrar ótimos filmes e produções mais precárias,
também. Mas, nesse tipo de Mostra,
sempre vale o risco.
Eu já vi, por exemplo, “Memória Fértil”, um docudrama, filmado dentro do território
palestino chamado linha verde, na
fronteira com Egito, Jordânia, Líbano e Síria.
Vi, ainda, dois outros filmes palestinos, “Amores, Roubos e Outras
Complicações”, que brinca com os conflitos e busca a paz, e um curta notável,
“Ave Maria”, que trata com humor das limitações que se impõem a freiras
católicas no meio do deserto e a judeus, em pleno sabbath. “Orquestra Cega” e
“Homens de Argila”, filmes de Marrocos, são boas produções que também gostei de
conhecer. Vale a pena conferir essa
Mostra.
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