Antonio Carlos
Egypto
UM DIA PERFEITO (A
Perfect Day). Espanha, 2015. Direção: Fernando Léon de Aranda. Com Benício Del Toro, Tim Robbins, Olga
Kurylenko, Mélanie Thierry. 96 min.
“Um Dia Perfeito” é um filme espanhol, falado em
inglês e nas línguas locais do conflito que aborda, baseado no romance Dejarse Llover, de Paula Farias,
escritora, médica humanitária, ex- presidente da Ong Médicos Sem Fronteiras.
O argumento enfoca agentes humanitários de resgate,
atuando na guerra dos Bálcãs, 1995.
Esses agentes têm por missão salvar vidas, resolver questões
humanitárias, em meio aos conflitos da guerra.
São pessoas dedicadas, persistentes, que têm de enfrentar burocracias
paralisantes, assistir à inoperância da ONU na região e manter o humor, em meio
a circunstâncias trágicas.
Como diz o diretor Aranda, “Salvar vidas não é um ato
heróico em si. O heroísmo vem da
persistência”. O que explica que os
personagens retratados no filme sejam figuras absolutamente corriqueiras, mas
colocadas num contexto exasperante e que assim se aguentam e sobrevivem de
ajudar os outros.
A região conflagrada já está em procedimentos de paz,
mas tudo está muito confuso por lá. Um
defunto foi arremessado no único poço que abastece uma região, para contaminar
a água que serve à população local. Para
tirar esse corpo de lá, será preciso obter uma corda, o que pode não ser uma
tarefa simples. Há as minas colocadas
nas estradas, ao lado de vacas que bloqueiam a passagem. E há, é claro, uma burocracia ilógica e
incompreensível. Como é toda burocracia,
diga-se de passagem.
Um bom assunto para uma comédia ácida, que se vale da
ironia e da farsa para nos revelar, uma vez mais, os absurdos das guerras e dos
mecanismos internacionais de controle a elas associados.
Um elenco de atores e atrizes de peso consegue dar o
tom apropriado a essa história, que é cômica porque também é trágica. Benício Del Toro e Tim Robbins, em ótimos
desempenhos, nos colocam no fulcro da questão, olhando para o poço contaminado,
levando um menino em busca de uma bola, percebendo que as cordas muitas vezes
estão ocupadas pelos enforcados. A atriz
ucraniana Olga Kurylenko e a francesa Mélanie Thierry são os destaques
femininos. Muito convincentes. O filme foi exibido na Quinzena dos
Realizadores, em Cannes 2015, e venceu o Prêmio Goya, o Oscar espanhol, de
melhor roteiro adaptado.
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