quinta-feira, 17 de setembro de 2015

O CINEMA DE TRUFFAUT


Antonio Carlos Egypto




François Truffaut (1932-1984) foi um dos maiores cineastas de todos os tempos.  Deixou marcas profundas na mudança de rumos que o cinema conheceu, a partir de novas filmografias, como a nouvelle vague, de quem foi um dos expoentes.  Seu trabalho como crítico no Cahiers du Cinéma teve grande importância na revisão de conceitos a respeito do cinema na França e no mundo.  Foi grande responsável pelo reconhecimento artístico do cinema de Alfred Hitchcock.  O livro de entrevistas “Hitchcock/Truffaut” é um clássico, tanto quanto os filmes dos dois grandes diretores.




A obra de Truffaut é magnífica na concepção fílmica, na elaboração de personagens, sempre atraentes por sua humanidade, e na dedicação à questão do amor, sob as suas mais variadas formas, da mais banal à mais bizarra.  Ele jamais perdeu de vista a necessidade de se comunicar com o público, fazendo só o que acreditava, sem concessões comerciais, mas também sem hermetismo.  Um autor, na acepção completa do termo, que ele tanto cultivava. 




Quem não conhece bem a obra cinematográfica de François Truffaut tem agora uma boa oportunidade para fazê-lo.  De um lado, pela exposição “Truffaut – Um Cineasta Apaixonado”, no MIS – Museu da Imagem e do Som, em São Paulo, onde seus filmes e objetos relacionados a eles estão sendo mostrados.  Há muito que ver lá para conhecer ou reconhecer o trabalho do grande cineasta francês, além de alguns aspectos de sua história pessoal.  De outro, porque o cine Belas Artes, também em São Paulo, está exibindo na tela do cinema 17 dos 21 longas do diretor, até o final do mês de setembro, em sessões da retrospectiva “A Nova Onda de François Truffaut”.  São filmes que existem em DVD/Blu-Ray ou podem ser vistos em outras mídias, mas que ganham muito com a exibição no telão.



Vale a pena ver, ou rever, a série de filmes que têm como personagem Antoine Doinel (vivido sempre pelo ator Jean-Pierre Léaud): “Os Incompreendidos” (1959), “Beijos Proibidos” (1968), “Domicílio Conjugal (1970), “O Amor em Fuga” (1978).  Grandes pedidas são: “Jules e Jim, uma Mulher Para Dois” (1961) e “O Último Metrô” (1980).  Vale ver também “O Garoto Selvagem” (1970) e “Na Idade da Inocência” (1976), que tratam de crianças em situações, digamos, de risco.  Os dois últimos trabalhos também estão lá: “A Mulher do Lado” (1981) e “De repente, num Domingo” (1983).  Não esquecer de “A História de Adèle H”, com grande desempenho de Isabelle Adjani (1975).  Quer saber, tudo vale a pena.  O que você não conhecer, aproveite para ver com prioridade, já que, mesmo os filmes considerados menores, são, inegavelmente, muito bons. 




Uma outra sugestão para os que se interessam pela obra do cineasta é o livro “O Cinema segundo François Truffaut”, uma reunião de entrevistas e textos coletados ao longo de muitos anos, reunidos e editados por Anne Gillain.  Aqui ele fala da construção fílmica, da sua visão do cinema e de cada filme que dirigiu.




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