Antonio
Carlos Egypto
François Truffaut (1932-1984) foi um dos maiores
cineastas de todos os tempos. Deixou
marcas profundas na mudança de rumos que o cinema conheceu, a partir de novas
filmografias, como a nouvelle vague,
de quem foi um dos expoentes. Seu
trabalho como crítico no Cahiers du Cinéma
teve grande importância na revisão de conceitos a respeito do cinema na França
e no mundo. Foi grande responsável pelo
reconhecimento artístico do cinema de Alfred Hitchcock. O livro de entrevistas “Hitchcock/Truffaut” é
um clássico, tanto quanto os filmes dos dois grandes diretores.
A obra de Truffaut é magnífica na concepção fílmica,
na elaboração de personagens, sempre atraentes por sua humanidade, e na
dedicação à questão do amor, sob as suas mais variadas formas, da mais banal à
mais bizarra. Ele jamais perdeu de vista
a necessidade de se comunicar com o público, fazendo só o que acreditava, sem
concessões comerciais, mas também sem hermetismo. Um autor, na acepção completa do termo, que
ele tanto cultivava.
Quem não conhece bem a obra cinematográfica de
François Truffaut tem agora uma boa oportunidade para fazê-lo. De um lado, pela exposição “Truffaut – Um
Cineasta Apaixonado”, no MIS – Museu da Imagem e do Som, em São Paulo, onde
seus filmes e objetos relacionados a eles estão sendo mostrados. Há muito que ver lá para conhecer ou
reconhecer o trabalho do grande cineasta francês, além de alguns aspectos de
sua história pessoal. De outro, porque o
cine Belas Artes, também em São Paulo, está exibindo na tela do cinema 17 dos 21
longas do diretor, até o final do mês de setembro, em sessões da retrospectiva
“A Nova Onda de François Truffaut”. São
filmes que existem em DVD/Blu-Ray ou podem ser vistos em outras mídias, mas que
ganham muito com a exibição no telão.
Vale a pena ver, ou rever, a série de filmes que têm
como personagem Antoine Doinel (vivido sempre pelo ator Jean-Pierre Léaud): “Os
Incompreendidos” (1959), “Beijos Proibidos” (1968), “Domicílio Conjugal (1970),
“O Amor em Fuga” (1978). Grandes pedidas
são: “Jules e Jim, uma Mulher Para Dois” (1961) e “O Último Metrô” (1980). Vale ver também “O Garoto Selvagem” (1970) e
“Na Idade da Inocência” (1976), que tratam de crianças em situações, digamos,
de risco. Os dois últimos trabalhos
também estão lá: “A Mulher do Lado” (1981) e “De repente, num Domingo”
(1983). Não esquecer de “A História de
Adèle H”, com grande desempenho de Isabelle Adjani (1975). Quer saber, tudo vale a pena. O que você não conhecer, aproveite para ver
com prioridade, já que, mesmo os filmes considerados menores, são,
inegavelmente, muito bons.
Uma outra sugestão para os que se interessam pela
obra do cineasta é o livro “O Cinema segundo François Truffaut”, uma reunião de
entrevistas e textos coletados ao longo de muitos anos, reunidos e editados por
Anne Gillain. Aqui ele fala da
construção fílmica, da sua visão do cinema e de cada filme que dirigiu.
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