sábado, 31 de maio de 2014

MALÉVOLA

Antonio Carlos Egypto



MALÉVOLA (Maleficent).  Estados Unidos, 2013.  Direção: Robert Stromberg.  Com Angelina Jolie, Sharlto Copley, Elle Fanning, Sam Riley, Imelda Stauton.  97 min.



Ao que parece, a história da Bela Adormecida, que se tornou um conto de fadas, tanto de Perrault quanto dos Irmãos Grimm, remonta a um romance francês de autor desconhecido de mais de 400 anos atrás.  Já o filme “Malévola” toma como referência e inspiração o desenho animado da Disney, de 1959.

Na história original, há uma fada contrariada por não ter sido convidada para o batizado da filha do rei que, por vingança, lhe oferece uma predição maldosa: a de que ela iria morrer ao espetar o dedo numa roca de fiar.  As fadas boas, ao contrário, haviam lhe dado dons como a beleza, a graça, um jeito angelical e os dons da música.



A fada que vaticinou o mal ganhou o nome de Malévola no desenho da Disney e agora ganha um filme inteiro para ela. Um personagem secundário vira protagonista.  E na pele de ninguém menos do que Angelina Jolie.  Ganhou chifres charmosos, enormes e atordoantes asas negras e, o mais interessante, boas doses de piedade e humanidade.  Deixou de ser uma simples encarnação do mal para viver num mesmo personagem, assim como acontece com outros da trama, a alternância e a relatividade entre o que podemos chamar de bem e de mal.

Para agradar à garotada não faltam cenas de ação e muitos, muitos efeitos especiais, como convém a uma história fantasiosa como essa.  Só que o filme modifica inteiramente a trama tradicional e até o desenho animado que lhe serviu de inspiração.  Na verdade, ele reconta, reinventa o conto de fadas da Bela Adormecida.


E aí é que fica a questão: por que ficar reinventando contos de fadas, personagens de histórias em quadrinhos ou relatos bíblicos, como Hollywood faz hoje com tanta frequência?  isso é coisa de quem não é capaz de criar coisas novas ou estratégia de mercado para se garantir com o já consagrado.  E acaba no mesmo de sempre: muita tecnologia, poucas ideias.  Essa é a síntese da maior parte da produção do cinema norte-americano atual.

É bem feito, é divertido, é entretenimento escapista de qualidade e em 3D.  Se isso basta para você, aproveite.  Se é um jeito de se esquecer momentaneamente das agruras da vida, por que não?  Não tenho nada contra, mas não me venha dizer que isso é grande cinema.  É muito dinheiro para pouca coisa.


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