Antonio
Carlos Egypto
MALÉVOLA (Maleficent). Estados Unidos, 2013. Direção: Robert Stromberg. Com
Angelina Jolie, Sharlto Copley, Elle Fanning, Sam Riley, Imelda Stauton. 97 min.
Ao que parece, a história da Bela Adormecida,
que se tornou um conto de fadas, tanto de Perrault quanto dos Irmãos Grimm,
remonta a um romance francês de autor desconhecido de mais de 400 anos
atrás. Já o filme “Malévola” toma como
referência e inspiração o desenho animado da Disney, de 1959.
Na história original, há uma fada contrariada
por não ter sido convidada para o batizado da filha do rei que, por vingança,
lhe oferece uma predição maldosa: a de que ela iria morrer ao espetar o dedo
numa roca de fiar. As fadas boas, ao
contrário, haviam lhe dado dons como a beleza, a graça, um jeito angelical e os
dons da música.
A fada que vaticinou o mal ganhou o nome de
Malévola no desenho da Disney e agora ganha um filme inteiro para ela. Um
personagem secundário vira protagonista. E na pele de ninguém menos do que Angelina
Jolie. Ganhou chifres charmosos, enormes
e atordoantes asas negras e, o mais interessante, boas doses de piedade e
humanidade. Deixou de ser uma simples
encarnação do mal para viver num mesmo personagem, assim como acontece com
outros da trama, a alternância e a relatividade entre o que podemos chamar de
bem e de mal.
Para agradar à garotada não faltam cenas de
ação e muitos, muitos efeitos especiais, como convém a uma história fantasiosa
como essa. Só que o filme modifica
inteiramente a trama tradicional e até o desenho animado que lhe serviu de
inspiração. Na verdade, ele reconta,
reinventa o conto de fadas da Bela Adormecida.
E aí é que fica a questão: por que ficar
reinventando contos de fadas, personagens de histórias em quadrinhos ou relatos
bíblicos, como Hollywood faz hoje com tanta frequência? isso é coisa de quem não é capaz de criar
coisas novas ou estratégia de mercado para se garantir com o já
consagrado. E acaba no mesmo de sempre:
muita tecnologia, poucas ideias. Essa é
a síntese da maior parte da produção do cinema norte-americano atual.
É bem feito, é divertido, é entretenimento
escapista de qualidade e em 3D. Se isso
basta para você, aproveite. Se é um
jeito de se esquecer momentaneamente das agruras da vida, por que não? Não tenho nada contra, mas não me venha dizer
que isso é grande cinema. É muito
dinheiro para pouca coisa.
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