domingo, 23 de fevereiro de 2014

POMPEIA

                          
                     
Antonio Carlos Egypto



POMPEIA (Pompeii).  Estados Unidos, 2013.  Direção: Paul W. S. Anderson.  Com Kit Harrington, Carrie-Anne Moss, Emily Browning, Adewale-Akinnuoye-Agbaje, Kiefer Sutherland. 104 min.


Pompeia, a cidade da Antiguidade Romana (situada a 22 km de Nápoles), quando foi inteiramente destruída pelo vulcão Vesúvio, em 79 d.C., contava com 20 mil habitantes, sendo que 80% da sua população, cerca de 16 mil pessoas, morreram nesse episódio.  As mortes se deram por intoxicação por gás e vapores clorídricos, pela ação do fogo e das cinzas e, também, por pisoteamento em tentativa de fuga e por soterramento.

Uma tal tragédia histórica, cujos registros da vida ali existentes se perderam e só restam indícios, se presta à criação das mais diversas histórias possíveis. Um prato cheio para a produção de filmes épicos.  Mas nisso o filme “Pompeia” sucumbe.  Tudo o que ali se conta é banal, repetitivo, esquemático.  Gladiadores escapam da morte, se enfrentam, se tornam grandes amigos e devem proteger um ao outro até o fim.  Uma história de amor se revela entre o escravo gladiador e a jovem filha dos detentores do poder local.  O senador romano encarna um vilão autoritário, assassino e idiota.  E por aí vai.  A trama inexiste, é puro clichê.



Os personagens são tão rasos que não há como avaliar o desempenho dos atores.  Eles não têm qualquer densidade ou consistência.  Nem coerência de comportamento, diante da tragédia que se desenha.  Além de não serem racionais, os protagonistas nem medo chegam a demonstrar diante da evidência da catástrofe.  Não são humanos, por certo.

Só para demonstrar a indigência do roteiro: a cidade está toda sendo destruída, no entanto, as lutas prosseguem.  Não as oficiais no Coliseu, mas os confrontos morais de vida e morte que envolvem mocinhos e vilões.  Quem poderá achar crível que duas pessoas lutem até a morte, em meio à profusão de lavas sendo expelidas pelo Vesúvio, num ambiente em que todos estão morrendo e eles próprios serão mortos em breve, se não tentarem pelo menos fugir dali?  Parece que não basta mostrar a destruição, é preciso mais ação, lutas e mais lutas, ainda que seja tudo inútil, um non sense total.



De qualquer modo, “Pompeia” é feito na medida para mostrar tudo sendo progressivamente arrebentado, coberto de cinzas, queimado, desmoronando.  É a destruição completa sendo mostrada.  O filme-catástrofe reina absoluto.  A tecnologia funciona, exibe seu poder no telão do cinema em 3D, convincentemente.  O problema é que gira no vazio.  Tecnologia a serviço de coisa nenhuma.


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