quinta-feira, 8 de agosto de 2013

VENDO OU ALUGO


Antonio Carlos Egypto




VENDO OU ALUGO.  Brasil, 2012.  Direção: Betse de Paula.  Com Marieta Severo, Nathalia Timberg, Marcos Palmeira, Sílvia Buarque, Bia Morgana, Pedro Monteiro. 88 min.

Um casarão no alto do morro, no Rio de Janeiro, é herança de família para várias gerações de mulheres.  Maria Alice (Marieta Severo) vive lá com sua mãe, Maria Eudóxia (Nathalia Timberg), sua neta Madu (Bia Morgana) e sua filha Baby (Sílvia Buarque), essa última, quando não está viajando, em busca de conexões cósmicas com o planeta.  Se a família já esteve bem, no  passado, agora as coisas andam muito mal, as dívidas se acumulam, o IPTU já não é pago há dez anos e, a continuar nessa balada, a própria casa irá a leilão.


 Sucede que a casa, embora esteja velha e descuidada, é obviamente valiosa.  Porém, há um problema: ela agora está cercada pela favela.  Quem irá comprá-la ou alugá-la nessa situação?Bem, parece que pode haver gosto para tudo e uma casa nessas condições pode interessar a um gringo, para nela instalar um hotel que prometerá ampla inserção na comunidade e na cultura local, com muito risco e aventura.  Perfeito!  Mas a casa pode interessar também a um pastor, para nela situar sua igreja e ter todos os pecadores ao alcance da mão, como os traficantes e dependentes, com a perspectiva de crescimento rápido da sua religião.

Há mais um dado importante: justamente quando a casa está sendo visitada, com vistas à venda, uma UPP – Unidade de Polícia Pacificadora – promete ocupar o local e afastar os traficantes do controle do morro.  Será que isso vai ajudar ou prejudicar a venda?


 Com esse ponto de partida, “Vendo ou Alugo” procura fazer comédia, contando com um grande elenco, a atualidade do tema e adotando uma postura de não moralizar o assunto.  Evita, também, qualquer tipo de apelação ao sucesso fácil: não explora cenas de sexo, grosserias, muitos palavrões ou escatologia.  Poderia, até, aproveitar melhor o desejo sexual que envolve dois protagonistas: Maria Alice e o traficante Jorge (Marcos Palmeira).  Quando aborda o consumo de drogas, isso aparece com leveza.

A base de toda a ação é formada por personagens caricaturizados.  Na realidade, são estereótipos, seguem o padrão esperado pelo público.  Nesse sentido, não inovam.  Isso até que poderia resultar muito divertido, mas não é o que acontece.  Algumas situações são realmente engraçadas, mas não são muitas.  Acabam caindo no lugar comum, o da situação cômica que já foi vista ou é muito parecida com outras que já foram vistas muitas vezes.  Um pouco mais de criatividade na elaboração dessas situações, com esses mesmos personagens, poderia ter resultado num trabalho muito atraente e envolvente.  Como está, fica no meio do caminho.  Serve como entretenimento que respeita o espectador, é fácil de ver, tem alguma graça.  Mas deixa a sensação de que falta alguma coisa para que o filme funcione realmente.  Claro que não é o fator apelativo.  O elenco é ótimo, a direção é boa, a trama proposta é apropriada.  Mas, para uma comédia, falta um timing de humor mais forte e eficiente.  E um bocado de boas piadas, para rechear a trama com mais risos.



“Vendo ou Alugo” veio carregado de prêmios do 17º. Cine PE.  Conquistou em Recife doze premiações: melhor filme, direção, roteiro, montagem, trilha sonora, direção de arte, atrizes protagonista e coadjuvante (Marieta Severo e Nathalia Timberg), ator coadjuvante (Pedro Monteiro), tendo sido agraciado tanto pela crítica quanto pelo júri popular.  Vem, portanto, cacifado para conquistar bom público nos cinemas 

Nenhum comentário:

Postar um comentário