Antonio Carlos Egypto
Já está em andamento a 36ª.
edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, a primeira sem seu
idealizador -- Leon Cakoff -– mas mantendo o mesmo espírito. E continuando a contar com a direção de
Renata de Almeida.
Há muito para destacar, mas eu
chamaria a atenção para a diversidade cultural, marca indiscutível da Mostra de
São Paulo. O cinema autoral de todo o
mundo está presente, e garimpar os mais diversos títulos de novos diretores, em
primeiro ou segundo filme, que entram em competição, é um prazer especial. O prazer da descoberta daquele novo diretor
da Indonésia, de Filipinas ou do Cazaquistão, pode envolver muitas novidades e
surpresas. É o que dá sabor especial à
Mostra.
Há quem prefira ver os novos
filmes de cineastas já conhecidos e alguns até consagrados. Já posso indicar, por exemplo, “A Bela que
Dorme”, de Marco Bellochio, que trata da questão da eutanásia num belo
filme. Ou o novo título do dinamarquês
Thomas Vintenberg, “A Caça”, o reverso de “Festa de Família”, o abuso sexual
imputado a um inocente. Drama denso e
muito bem conduzido. “Entre o Amor e a
Paixão” é o novo trabalho de Sarah Polley, depois do sensível “Longe Dela”, e
que merece atenção.
Do novo filme de Manoel de
Oliveira, o mestre português ainda em franca atividade, aos 104 anos de idade,
nem é preciso recomendar: “O Gebo e a Sombra” é, naturalmente, um programa
imperdível. A nova fita do romeno
Cristian Mungiu, “Além das Montanhas”, também parece ser uma sessão
indispensável. O diretor é um talento já
bem reconhecido. Tem também o novo filme
do diretor alemão Volker Schlondorff (de “O Tambor”, lembram-se?), chamado “Mar
Calmo’.
Entre os brasileiros, destaco
“Era uma Vez eu, Verônica”, de Marcelo Gomes, depois dos ótimos “Cinema,
Aspirinas e Urubus” e “Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo”. Seu novo trabalho tem a mesma qualidade dos
anteriores. “O Som ao Redor”, de Kleber
Mendonça Filho, é quase uma unanimidade entre críticos e cinéfilos. Melhor não deixar passar a oportunidade de
ver logo. E há muito mais do cinema
nacional na Mostra.
Não poderia deixar de citar a
retrospectiva da obra completa de Andrei Tarkóvski (1932-1986), com todos os
seus filmes, a exposição “Luz Instantânea: Polaróides de Andrei Tarkóvski” e a publicação do livro “Tarkóvski – Instantâneos”, pela Cosac-Naif.
O japonês Minoru Shibuya
(1907-1980) também tem uma retrospectiva em sua homenagem. E o russo Sergei Loznitsa virá a São Paulo
apresentar seus filmes e participar de debates.O jovem diretor português Miguel
Gomes terá seus filmes exibidos na Mostra: “A Casa que Mereces”, de 2004, e
“Aquele Querido Mês de Agosto”, de 2008, que agradou público e crítica quando
participou da Mostra, e vem com seu novo filme “Tabu”, premiado e elogiado.
Opções é que não faltam, mas
quem preferir rever filmes famosos em cópias restauradas pode se deliciar com o
“Nosferatu”, de Murnau, de 1922, “Lawrence da Arábia”, de David Lean, de 1962,
ou “Tubarão”, de Steven Spielberg, de 1975, entre outros.
O filme que abriu a Mostra foi o chileno “No”,
sobre o plebiscito que colocou fim à ditadura de Pinochet e, claro, está na
programação. Como diz a propaganda do
evento, vamos lá, já que o filme da sua vida pode estar aqui. Por que não?
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