sábado, 20 de outubro de 2012

36ª. MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE SÃO PAULO


Antonio Carlos Egypto
Já está em andamento a 36ª. edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, a primeira sem seu idealizador -- Leon Cakoff -– mas mantendo o mesmo espírito.  E continuando a contar com a direção de Renata de Almeida.
Há muito para destacar, mas eu chamaria a atenção para a diversidade cultural, marca indiscutível da Mostra de São Paulo.  O cinema autoral de todo o mundo está presente, e garimpar os mais diversos títulos de novos diretores, em primeiro ou segundo filme, que entram em competição, é um prazer especial.  O prazer da descoberta daquele novo diretor da Indonésia, de Filipinas ou do Cazaquistão, pode envolver muitas novidades e surpresas.  É o que dá sabor especial à Mostra.
Há quem prefira ver os novos filmes de cineastas já conhecidos e alguns até consagrados.  Já posso indicar, por exemplo, “A Bela que Dorme”, de Marco Bellochio, que trata da questão da eutanásia num belo filme.  Ou o novo título do dinamarquês Thomas Vintenberg, “A Caça”, o reverso de “Festa de Família”, o abuso sexual imputado a um inocente.  Drama denso e muito bem conduzido.  “Entre o Amor e a Paixão” é o novo trabalho de Sarah Polley, depois do sensível “Longe Dela”, e que merece atenção.
Do novo filme de Manoel de Oliveira, o mestre português ainda em franca atividade, aos 104 anos de idade, nem é preciso recomendar: “O Gebo e a Sombra” é, naturalmente, um programa imperdível.  A nova fita do romeno Cristian Mungiu, “Além das Montanhas”, também parece ser uma sessão indispensável.  O diretor é um talento já bem reconhecido.  Tem também o novo filme do diretor alemão Volker Schlondorff (de “O Tambor”, lembram-se?), chamado “Mar Calmo’.
Entre os brasileiros, destaco “Era uma Vez eu, Verônica”, de Marcelo Gomes, depois dos ótimos “Cinema, Aspirinas e Urubus” e “Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo”.  Seu novo trabalho tem a mesma qualidade dos anteriores.  “O Som ao Redor”, de Kleber Mendonça Filho, é quase uma unanimidade entre críticos e cinéfilos.  Melhor não deixar passar a oportunidade de ver logo.  E há muito mais do cinema nacional na Mostra.

Não poderia deixar de citar a retrospectiva da obra completa de Andrei Tarkóvski (1932-1986), com todos os seus filmes, a exposição “Luz Instantânea: Polaróides de Andrei Tarkóvski” e a publicação do livro “Tarkóvski – Instantâneos”, pela Cosac-Naif.
O japonês Minoru Shibuya (1907-1980) também tem uma retrospectiva em sua homenagem.  E o russo Sergei Loznitsa virá a São Paulo apresentar seus filmes e participar de debates.O jovem diretor português Miguel Gomes terá seus filmes exibidos na Mostra: “A Casa que Mereces”, de 2004, e “Aquele Querido Mês de Agosto”, de 2008, que agradou público e crítica quando participou da Mostra, e vem com seu novo filme “Tabu”, premiado e elogiado.
Opções é que não faltam, mas quem preferir rever filmes famosos em cópias restauradas pode se deliciar com o “Nosferatu”, de Murnau, de 1922, “Lawrence da Arábia”, de David Lean, de 1962, ou “Tubarão”, de Steven Spielberg, de 1975, entre outros.
O filme que abriu a Mostra foi o chileno “No”, sobre o plebiscito que colocou fim à ditadura de Pinochet e, claro, está na programação.  Como diz a propaganda do evento, vamos lá, já que o filme da sua vida pode estar aqui.  Por que não?

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