sábado, 5 de maio de 2012

UM HOMEM DE SORTE

                             
Antonio Carlos Egypto



UM HOMEM DE SORTE (The Lucky One).  Estados Unidos, 2011.  Direção: Scott Hicks.  Com Zac Efron, Taylor Schilling, Blythe Danner, Jay R. Ferguson.  101 min.


Logan Thibault (Zac Efron) é um homem de sorte, servindo como fuzileiro naval no Iraque, escapou de morrer numa explosão, porque encontrou a foto de uma mulher bonita no chão, namorada de um colega morto.  Esse é o mote do filme.  Claro que, ao voltar da guerra, ele vai em busca dessa mulher: Beth (Taylor Schiling), e por aí se constrói uma história de amor.  E tudo é mais ou menos previsível, ao longo de todo o filme.

O problema é que Logan não é apenas um homem de sorte, é um homem de caráter, muito bom, cheio de talentos e habilidades.  Até os traumas de guerra, os barulhos dos bombardeios que o assombravam quando voltou do Iraque, ele resolve em dois tempos, dispensando o analista.  Ele só não é perfeito porque não encontra as palavras a dizer, quando deveria, no momento certo.  Esse é seu único pecado e o que abre espaço para o conflito na relação com Beth.  Se ele não tivesse, digamos, essa dificuldade, que não chega a ser um defeito, o filme simplesmente não existiria


Logan é jovem, bonito, talentoso, amoroso, disponível, um doce de pessoa e, ao mesmo tempo, um herói, dentro e fora da guerra.  Um autêntico herói romântico, um clichê.  Um pouco demais, não é?

Beth é mais complicada, tem suas culpas, medos, inseguranças.  Vive em suspensão pela perda do irmão e pela separação do marido.  Não é alegre, quase não sorri, mas é trabalhadora, uma mãe amantíssima, tem talento para ensinar e toca muito bem o seu negócio com cães, num lugar bonito, de natureza.  Nada mal, também.

Há, ainda, um garoto de 8 anos, filho de Beth, que é cheio de talentos: inteligente à beça, toca violino, estuda e joga xadrez como gente grande,  mas é tímido.  Sua avó, mãe de Beth, é uma simpatia.  Arguta, enxerga longe, mas é discreta.  Evita intrometer-se, embora já tenha percebido tudo o que acontece ao redor.  Sorridente e afetiva, é uma mulher cativante.


Essa história também terá os seus vilões, ou aqueles que colocam seus interesses à frente do bem-estar dos outros.  Mas não chegam a ser criaturas más, e isso é afirmado explicitamente pelo nosso jovem herói.

Tanta beleza e bondade só poderiam mesmo triunfar diante das adversidades.  Afinal, gente com essas características não costuma se dar mal.  E o entretenimento hollywoodiano contemporâneo não está aí para incomodar as pessoas.  Uma morte pode ser providenciada na hora precisa, para acabar com os conflitos e, ao mesmo tempo, ressaltar o heroísmo do protagonista.  E todos ficamos em paz: os personagens e os espectadores.  Ou seja, um novelão.

“Um Homem de Sorte” tem produção bem cuidada e locações bonitas, de modo a oferecer a quem gosta deste tipo de espetáculo um produto bem acabado, capaz de proporcionar um agradável programa para o fim de semana.  Ou, quem sabe, um bom filme para se ver em casa, na TV paga, despreocupadamente, daqui a algum tempo.

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