Antonio Carlos Egypto
UM DOCE OLHAR (Bal). Turquia, Alemanha, 2010. Direção: Semih Kaplanoglu. Com Bora Atlas, Erdal Besikçioglu, Tülin Özen, Alev Ulçarer. 103 min.
“Um doce olhar” é um filme que, antes de mais nada, conquista por sua plasticidade, por sua beleza. As locações na natureza são espetaculares. Tudo se passa entre montanhas e florestas, onde vivem os personagens: o garoto Yusuf (Bora Atlas) e sua família.
Yusuf tenta aprender a ler e a escrever na escolinha rural, com um professor paciente, que se revela um bom educador, incentivador da busca desse conhecimento. O garoto se empenha para alcançar o reconhecimento do mestre e se equiparar aos alunos mais desenvolvidos. Mas o filme mostra que isso não é tão fácil: exige esforço e dedicação. Vivemos essa e as outras experiências do garoto Yusuf, incluindo os mistérios daquela floresta e da vida.
O pai do garoto é seu guia por esse mundo misterioso, identificando árvores, plantas e animais, o que constrói uma aprendizagem tão significativa quanto a que Yusuf tem na escola. E mais: esse pai é capaz de dar muito afeto e ser acolhedor em sua simplicidade de apicultor, habituado a escalar árvores para atrair abelhas e colher mel. A mãe cuida do menino e da casa sem demonstrar qualquer ansiedade com isso e é igualmente acolhedora.
Conhecer esse mundo e as rotinas relacionadas a ele é o que se vê no filme, quase todo o tempo, pelos olhos do menino. Até que a harmonia do ser humano com a natureza praticamente intocada se rompe, impondo uma perda e novos desafios ao nosso pequeno personagem.
Enquanto essas coisas vão acontecendo, podemos nos extasiar com belíssimos planos, enquadramentos perfeitos, ângulos inusitados e a beleza estonteante daquele lugar. O som é outro espetáculo à parte, marcando a natureza e as ações humanas, revelando a cada passo a importância de cada movimento, de cada gesto, por mais simples que seja.
É assim que o espectador aprecia o voo de um pássaro, a quebra de um galho de árvore, a água da cachoeira, os passos sobre as folhas caídas no chão. As falas são escassas, as imagens falam por si. Tedioso? Não, cinema puro e da melhor qualidade. Para ser apreciado na tela grande e com som de cinema. Na TV, ainda que nesses modernos telões de LCD, plasma ou LED, vai perder muito do seu impacto. Até porque não é filme que se deva interromper, ou conversar durante a projeção, sob pena de não se usufruir do que ele tem de melhor. Por sinal, todos os bons filmes exigem atenção concentrada, sem interrupções. Mas quando a história é apenas um fio e o mais importante é o clima, a plasticidade e o som que se experienciam, isso é ainda mais evidente.
“Um doce olhar” levou o Urso de Ouro no Festival de Berlim de 2010 e não foi à toa. É um belo filme.
UM DOCE OLHAR (Bal). Turquia, Alemanha, 2010. Direção: Semih Kaplanoglu. Com Bora Atlas, Erdal Besikçioglu, Tülin Özen, Alev Ulçarer. 103 min.
“Um doce olhar” é um filme que, antes de mais nada, conquista por sua plasticidade, por sua beleza. As locações na natureza são espetaculares. Tudo se passa entre montanhas e florestas, onde vivem os personagens: o garoto Yusuf (Bora Atlas) e sua família.
Yusuf tenta aprender a ler e a escrever na escolinha rural, com um professor paciente, que se revela um bom educador, incentivador da busca desse conhecimento. O garoto se empenha para alcançar o reconhecimento do mestre e se equiparar aos alunos mais desenvolvidos. Mas o filme mostra que isso não é tão fácil: exige esforço e dedicação. Vivemos essa e as outras experiências do garoto Yusuf, incluindo os mistérios daquela floresta e da vida.
O pai do garoto é seu guia por esse mundo misterioso, identificando árvores, plantas e animais, o que constrói uma aprendizagem tão significativa quanto a que Yusuf tem na escola. E mais: esse pai é capaz de dar muito afeto e ser acolhedor em sua simplicidade de apicultor, habituado a escalar árvores para atrair abelhas e colher mel. A mãe cuida do menino e da casa sem demonstrar qualquer ansiedade com isso e é igualmente acolhedora.
Conhecer esse mundo e as rotinas relacionadas a ele é o que se vê no filme, quase todo o tempo, pelos olhos do menino. Até que a harmonia do ser humano com a natureza praticamente intocada se rompe, impondo uma perda e novos desafios ao nosso pequeno personagem.
Enquanto essas coisas vão acontecendo, podemos nos extasiar com belíssimos planos, enquadramentos perfeitos, ângulos inusitados e a beleza estonteante daquele lugar. O som é outro espetáculo à parte, marcando a natureza e as ações humanas, revelando a cada passo a importância de cada movimento, de cada gesto, por mais simples que seja.
É assim que o espectador aprecia o voo de um pássaro, a quebra de um galho de árvore, a água da cachoeira, os passos sobre as folhas caídas no chão. As falas são escassas, as imagens falam por si. Tedioso? Não, cinema puro e da melhor qualidade. Para ser apreciado na tela grande e com som de cinema. Na TV, ainda que nesses modernos telões de LCD, plasma ou LED, vai perder muito do seu impacto. Até porque não é filme que se deva interromper, ou conversar durante a projeção, sob pena de não se usufruir do que ele tem de melhor. Por sinal, todos os bons filmes exigem atenção concentrada, sem interrupções. Mas quando a história é apenas um fio e o mais importante é o clima, a plasticidade e o som que se experienciam, isso é ainda mais evidente.
“Um doce olhar” levou o Urso de Ouro no Festival de Berlim de 2010 e não foi à toa. É um belo filme.
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