Antonio Carlos Egypto
Está em andamento no Cinesesc e em diversas
unidades do SESC-São Paulo, capital, litoral e interior, em sua 4ª. edição, OJU
– Roda Sesc de Cinemas Negros.
Estão sendo exibidos 15 longas metragens e 10 curtas, além de palestras,
debates, rodas de conversa, sobre as criações negras e sua grande relevância no
cinema brasileiro da atualidade.
Entre os longas que já tive a oportunidade de ver
eu destacaria 3 documentários magníficos, que põem em evidência figuras geniais
da música brasileira. “Milton Bituca
Nascimento”, de Flávia Moraes, crítica já publicada aqui no cinema com
recheio em 18 de março de 2025; “Luiz Melodia – No Coração do Brasil”, de
Alessandra Dorgan, comentário postado em 16 de abril de 2024 e “Jackson na
Batida do Pandeiro”, de Marcus Villar e Cacá Teixeira, em nota de 21 de julho
de 2023. A ficção “Kasa Branca”, de
Luciano Vidigal, também foi objeto de crítica aqui, em 30 de janeiro de
2025. Além deles, meu grande destaque
para a ficção “Malês”, dirigida por Antônio Pitanga, comentada aqui em 06 de
novembro de 2024. Nessa mesma postagem,
comentei outro documentário espetacular, “3 Obás de Xangô”, de Sérgio Machado,
enfocando Dorival Caymmi, Jorge Amado e Caribé, que não está nesta Mostra, mas
entrou em cartaz nos cinemas, depois de ser exibido em mostras e festivais
anteriores. E é mais um exemplo virtuoso
do cinema negro brasileiro.
A programação acontece até 11 de setembro de
2025. O filme de abertura da mostra OJU
Roda Sesc de Cinemas Negros no Cinesesc, em 03/09/25, foi “Suçuarana” que, em
seguida, deve entrar em cartaz nos cinemas.
SUÇUARANA é um road movie
de Minas Gerais que registra uma terra devastada pela mineração, que põe em
ação viajantes em busca de sobrevivência, valendo-se, por exemplo, dos
escombros de uma fábrica abandonada. É
uma história de busca. No caso de Dora
(Sinara
Reis), que passou os últimos anos vagando pela estrada, em busca de um lugar
mítico, a Suçuarana do título, a partir de uma foto que sua mãe lhe deixou
nessa suposta localidade. Solitária, em
companhia de um cachorro misterioso, que aparece e desaparece e a guia por
caminhos de “salvação”. Ela, no entanto,
não parece estar à procura de um porto seguro, de algo que a acalente. Sua caminhada não tem começo, nem ponto de
parada por muito tempo. Ainda que encontre apoio e afeto de outros por sua
trajetória. Tão despossuídos ou
desassistidos como ela, mas gente que se solidariza entre si e com ela. Afinal, estão todos no mesmo barco. O filme dirigido por Clarissa Campolina e
Sérgio Borges mostra, com muita sensibilidade, essa jornada de Dora em busca de
algo que nem ela sabe bem o que é.
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