Antonio Carlos Egypto
A VIDA DE CHUCK (The Life of Chuck). Estados Unidos, 2025. Direção: Mike Flanagan. Elenco: Tom Hiddleston, Chiwetel Ejiofor,
Karen Gillan, Mark Hamill, Jacob Tremblay.
111 min.
A chamada que consta do pôster de “A Vida de Chuck” é muito
representativa do que é o filme. Ela
diz: “Cada vida é um grande universo”.
Tudo que faz parte do universo está contido na vida de cada um, que é
uma experiência única e admirável. O
filme de Mike Flanagan, baseado em conto homônimo de Stephen King, explora bem
isso. Tudo importa e contribui para o
plano geral da existência.
O filme começa a contar a vida de Chuck pelo terceiro ato, ou seja, pelo
final, quando o declínio de sua existência é refletido na vida de toda a
humanidade, que se esvai a olhos vistos.
Ocorre que aqui o filme explora o final dos nossos tempos coletivamente
falando, também. E nisso é absolutamente
admirável.
Todos sabemos que nossa vida está em perigo neste planeta e que a
deterioração é progressiva e assustadora.
Negacionistas à parte, tentaremos sobreviver como, se não conseguirmos
realizar a reparação indispensável de nossas condições de vida no planeta Terra? Queremos crer que esperança ainda há e na
undécima hora encontraremos um caminho.
Pode ser.
O segundo ato, que vem depois do terceiro, por sinal, é pura
esperança. Celebra a vida ou a parte da
experiência que vale por toda ela.
Representada pela dança, maravilhosa, contagiante, que um homem comum
desenvolveu ao longo da vida, de forma complementar, marginal. E, no entanto, é isso que vale a pena. E que tem caráter reparador.
Voltando no tempo, a terceira e última parte é o primeiro ato, a evolução
da vida de Chuck desde a infância com os avós, seus lutos, suas perdas, suas
descobertas, os mistérios e até as premonições de sua morte precoce, aos 39
anos. Obrigado, Chuck, por tudo o que
fez e viveu por esse tempo aqui. É algo
de que não se pode esquecer, nem negligenciar.
Ou seja, o final terrível foi precedido pela celebração da experiência
de viver. Com todos os percalços e
sofrimentos, mas também com muitos encontros e muito amor. O amor é o recheio da dor.
Para quem associa sempre Stephen King ao terror, é um trabalho de muita beleza o que se vê no filme de Flanagan, que também já adaptou outros textos de King. Aqui, o terror não é o tom. A produção é de primeira categoria, o elenco, muito bom, tudo flui muito bem. O tom afetivo da vida é o que predomina.
Um filme que marca, emociona, transforma o simples, o banal, o ordinário,
em extraordinário e universal de uma forma muito interessante e curiosa.
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