sábado, 13 de setembro de 2025

A VIDA DE CHUCK

Antonio Carlos Egypto

 


A VIDA DE CHUCK (The Life of Chuck).  Estados Unidos, 2025.  Direção: Mike Flanagan.  Elenco: Tom Hiddleston, Chiwetel Ejiofor, Karen Gillan, Mark Hamill, Jacob Tremblay.  111 min.

 

A chamada que consta do pôster de “A Vida de Chuck” é muito representativa do que é o filme.  Ela diz: “Cada vida é um grande universo”.  Tudo que faz parte do universo está contido na vida de cada um, que é uma experiência única e admirável.  O filme de Mike Flanagan, baseado em conto homônimo de Stephen King, explora bem isso.  Tudo importa e contribui para o plano geral da existência.

 

O filme começa a contar a vida de Chuck pelo terceiro ato, ou seja, pelo final, quando o declínio de sua existência é refletido na vida de toda a humanidade, que se esvai a olhos vistos.  Ocorre que aqui o filme explora o final dos nossos tempos coletivamente falando, também.  E nisso é absolutamente admirável.

 

Todos sabemos que nossa vida está em perigo neste planeta e que a deterioração é progressiva e assustadora.  Negacionistas à parte, tentaremos sobreviver como, se não conseguirmos realizar a reparação indispensável de nossas condições de vida no planeta Terra?  Queremos crer que esperança ainda há e na undécima hora encontraremos um caminho.  Pode ser.

 

O segundo ato, que vem depois do terceiro, por sinal, é pura esperança.  Celebra a vida ou a parte da experiência que vale por toda ela.   Representada pela dança, maravilhosa, contagiante, que um homem comum desenvolveu ao longo da vida, de forma complementar, marginal.  E, no entanto, é isso que vale a pena.  E que tem caráter reparador.

 


Voltando no tempo, a terceira e última parte é o primeiro ato, a evolução da vida de Chuck desde a infância com os avós, seus lutos, suas perdas, suas descobertas, os mistérios e até as premonições de sua morte precoce, aos 39 anos.  Obrigado, Chuck, por tudo o que fez e viveu por esse tempo aqui.  É algo de que não se pode esquecer, nem negligenciar.  Ou seja, o final terrível foi precedido pela celebração da experiência de viver.  Com todos os percalços e sofrimentos, mas também com muitos encontros e muito amor.  O amor é o recheio da dor.

 

Para quem associa sempre Stephen King ao terror, é um trabalho de muita beleza o que se vê no filme de Flanagan, que também já adaptou outros textos de King.  Aqui, o terror não é o tom.  A produção é de primeira categoria, o elenco, muito bom, tudo flui muito bem. O tom afetivo da vida é o que predomina.  

 

Um filme que marca, emociona, transforma o simples, o banal, o ordinário, em extraordinário e universal de uma forma muito interessante e curiosa.



Nenhum comentário:

Postar um comentário