Antonio Carlos Egypto
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Os Enforcados |
Em OS ENFORCADOS, Brasil 2024, caracterizado como um thriller tragicômico, absolutamente tudo
pode acontecer e as coisas mudam a todo instante. O que parecia solução vira grande
problema. O que era parceria vira
inimizade, o que era apoio vira traição e assim por diante. Uma trama como essa torna o filme imprevisível. Se você adora ser surpreendido ou
surpreendida, vai gostar muito. Mas até
que isso começar a lhe cansar, não é não?
O ambiente onde se passam essas reviravoltas todas é o Rio de Janeiro
dominado pelo jogo do bicho, pelas milícias, pelo tráfico de drogas. O filme destila essa violência toda sem
cerimônia. Na verdade, a banaliza e o
sangue corre solto. Claro, há uma
denúncia política, uma discussão sobre a corrupção e a criminalidade das elites
econômicas do Brasil. Mais um alerta, do
ponto a que conseguimos chegar. Certo.
Porém, essa crítica se vale do mesmo recurso de exposição da violência
que denuncia. O trabalho do diretor
Fernando Coimbra, de “O Lobo Atrás da Porta”, de 2014, seu longa de estreia
muito valorizado pela crítica, reafirma sua busca pela criatividade e
inovação. O elenco é, outra vez, um
grande destaque. Os protagonistas
Leandra Leal e Irandhir Santos são grandes atores e a participação de Irene
Ravache e de Stepan Nercessian, com seus contornos humorísticos incluídos,
valorizam o fluir da narrativa. 123 min.
NO CÉU DA PÁTRIA NESSE
INSTANTE, documentário
nacional, de Sandra Kogut, filmado em 2022 e 2023, acompanhou no Rio de Janeiro
o processo eleitoral brasileiro, ao lado de militantes da campanha de Marcelo
Freixo, do PT e de familiares e de grupos de bolsonaristas, de camisa
amarela. Além deles, mostra o trabalho
da Justiça Eleitoral e dos envolvidos no processo, como mesários, presidentes
de mesa, escrutinadores e os voluntários que atuam nas eleições. Isso tudo, visto no micro, no dia a dia
dessas pessoas, as virtudes da democracia parecem muito claras. A divisão do país, também. A polarização sempre existiu, mas nunca foi
tão intensa. E coexistem visões do país
opostas e irreconciliáveis. A vitória e
a posse de Lula, seguidas das contestações que resultaram nos episódios
violentos do 08 de janeiro de 2023, completando a tentativa de golpe de Estado
perpetrada, também estão lá, mas sem a riqueza de detalhes da primeira parte. De qualquer modo, é um mergulho na história
bem recente do Brasil, que tem mesmo de ser lembrada e discutida. Aliás, os reflexos disso tudo estão
diariamente nos noticiários da atualidade.
Não é passado, é presente. 105
min.
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Um Lobo Entre Os Cisnes |
UM LOBO ENTRE OS
CISNES, Brasil,
2025, ainda está em cartaz nas sessões Vitrine que, em todas as salas de
cinema, como sempre, têm preço reduzido: R$20,00 o ingresso, R$10,00 a
meia. Conta a trajetória do bailarino
Thiago Soares, do hip-hop da periferia aos píncaros do Royal Ballet de
Londres. Os diretores Marcos Shechtman e
Helena Varvaki enfatizam o processo de lapidação do jovem diamante, bem
despreparado no sentido comportamental, de educação e trato para o alcance do
estrelato. Também não deixam de
enfatizar sua heterossexualidade, em meio às expectativas e julgamentos sobre a
masculinidade dos bailarinos. No elenco,
Matheus Abreu faz Thiago e o grande ator argentino Darío Grandinetti faz Dino
Carrera, o seu mentor e disciplinador cubano.
112 min.
Vale lembrar também o documentário, de 2025, CAZUZA – BOAS NOVAS,
dirigido por Nilo Romero, situado no período mais intenso, criativo e crítico,
do grande cantor e compositor Cazuza, que foi um dos primeiros artistas a se
revelar como portador do vírus da Aids, nos anos 1980. Depoimentos de pessoas que conviveram muito
de perto com ele, como Frejat, Léo Jaime, Ney Matogrosso, Gilberto Gil e sua
mãe, Lucinha Araújo, ao lado de sua música forte e empolgante, resultam num
belo trabalho cinematográfico, apesar de muitas das gravações de época serem de
baixa resolução, feitas em VHS, por exemplo.
91 min.
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