Antonio Carlos Egypto
Estão em cartaz nos cinemas filmes que já comentei quando da Mostra 48,
além de “O Esquema Fenício”, que já vi há algum tempo, mas não tinha escrito
nada sobre ele.
LEVADOS PELAS
MARÉS (Feng Liu Yi Dai), China, 2024, é o novo trabalho do grande
diretor chinês, de Fenyang, Jia Zhang Ke. A cinematografia desse diretor
tem sido a de mostrar o lado B da China, essa potência atual do mundo, que
cresce e se desenvolve econômica e tecnologicamente. Ocorre que as
mudanças que vão se concretizando a todo vapor têm um caráter autoritário, com
consequências para a população mais pobre e desprotegida do país. O povo
tem de tolerar os efeitos de políticas públicas que demolem verdadeiras
cidades, a constituição de uma represa gigantesca que desloca a população e
tantas outras questões que aparecem documentalmente em seus filmes, como a
pandemia e as máscaras onipresentes. Aliás, neste, ele reaproveita muitas cenas
de seus outros filmes, ao colocar seus personagens viajando, em busca de se
reencontrar, por várias partes da China. Alguém precisa se lembrar de se
preocupar com o povo quando manobras expansionistas não respeitam seus direitos
e seus interesses. O cinema de Jia Zhang Ke tem essa sensibilidade.
111 min.
APOCALIPSE NOS
TRÓPICOS, documentário de Petra Costa,
faz a pergunta: quando uma democracia termina e uma teocracia
começa? O filme perpassa todos os fatos recentes da política
brasileira, do impeachment de Dilma Rousseff às tentativas de
golpe de Estado, que culminaram na violência de 08 de janeiro de
2023. Mas o faz seguindo o fio condutor das lideranças evangélicas,
destacando o pastor Silas Malafaia e os fundamentalistas que sustentaram a
experiência política negacionista do governo Bolsonaro, tentando entender seu
modo peculiar de interpretar os fatos e seus fundamentos religiosos
apocalípticos. 110 min.
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