quinta-feira, 3 de julho de 2025

PELOS CINEMAS

    Antonio Carlos Egypto

 

Estão em cartaz nos cinemas filmes que já comentei quando da Mostra 48, além de “O Esquema Fenício”, que já vi há algum tempo, mas não tinha escrito nada sobre ele. 


 


LEVADOS PELAS MARÉS (Feng Liu Yi Dai), China, 2024, é o novo trabalho do grande diretor chinês, de Fenyang, Jia Zhang Ke.  A cinematografia desse diretor tem sido a de mostrar o lado B da China, essa potência atual do mundo, que cresce e se desenvolve econômica e tecnologicamente.  Ocorre que as mudanças que vão se concretizando a todo vapor têm um caráter autoritário, com consequências para a população mais pobre e desprotegida do país.  O povo tem de tolerar os efeitos de políticas públicas que demolem verdadeiras cidades, a constituição de uma represa gigantesca que desloca a população e tantas outras questões que aparecem documentalmente em seus filmes, como a pandemia e as máscaras onipresentes. Aliás, neste, ele reaproveita muitas cenas de seus outros filmes, ao colocar seus personagens viajando, em busca de se reencontrar, por várias partes da China.  Alguém precisa se lembrar de se preocupar com o povo quando manobras expansionistas não respeitam seus direitos e seus interesses.  O cinema de Jia Zhang Ke tem essa sensibilidade.  111 min.

 



APOCALIPSE NOS TRÓPICOS, documentário de Petra Costa, faz a pergunta: quando uma democracia termina e uma teocracia começa?  O filme perpassa todos os fatos recentes da política brasileira, do impeachment de Dilma Rousseff às tentativas de golpe de Estado, que culminaram na violência de 08 de janeiro de 2023.  Mas o faz seguindo o fio condutor das lideranças evangélicas, destacando o pastor Silas Malafaia e os fundamentalistas que sustentaram a experiência política negacionista do governo Bolsonaro, tentando entender seu modo peculiar de interpretar os fatos e seus fundamentos religiosos apocalípticos.  110 min.

 



O ESQUEMA FENÍCIO
(The Phoenician Scheme), filme de Wes Anderson, um diretor de quem costumo apreciar os trabalhos, é criativo nas sequências, provocadoras e esteticamente bem trabalhadas.  No entanto, é um amontoado de cenas desconexas, bonitas mas soltas, sem organicidade nenhuma.  Exagerou na dose e o filme ficou sem sentido.  O sujeito que sobreviveu a seis desastres aéreos não impressiona ninguém. Esperemos pelo próximo, que seja mais centrado, menos fragmentado.  Porque não é talento que lhe falta. Aliás, o elenco cheio de estrelas, como Benicio Del Toro, Scarlet Johansson, Bill Murray, Tom Hanks, Willem Dafoe, também não conseguiu salvar o filme.  101 min.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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