Antonio Carlos Egypto
ERNEST COLE: ACHADOS E
PERDIDOS (Ernest Cole: Lost and
Found), Estados Unidos, 2024, de
Raoul Peck, de “Eu Não Sou Seu Negro” (2016) e “O Jovem Karl Marx” (2017), é um
belíssimo documentário. Aborda o trabalho do fotógrafo da África do Sul,
Ernest Cole (1940-1990), que registrou de forma contundente e pela primeira vez
os horrores do apartheid. Consequentemente, amargou um exílio
nos Estados Unidos e na Europa e continuou registrando em fotos magníficas a
sociedade e, em especial, o racismo. Pelo tempo em que ele passou na Suécia é redescoberto um vasto material fotográfico
guardado surpreendentemente por anos num banco sueco. O filme é todo composto pelas
esplêndidas fotos de Cole, as que já estavam em circulação e as que agora
vieram à tona. O cineasta Raoul Peck foi homenageado pela 48ª. Mostra com
o Prêmio Humanidade. 106 min.
AINDA NÃO É AMANHÃ, Brasil, 2024, da diretora pernambucana Milena
Times, focaliza na personagem Janaína (Mayara Santos) a inconveniência de uma
gravidez na adolescência quando se está cursando o primeiro ano da Faculdade,
com boas notas, que lhe permitem usufruir de uma bolsa parcial e uma função de
monitoria remunerada. Sendo a possível solução pelo aborto, ilegal nesse caso,
(não envolve as opções legais de risco de vida para a mãe, decorrência de
estupro ou anencefalia do feto), ele só será possível com muito esforço e a
solidariedade de outras mulheres que vivem ou viveram a mesma situação. Ou ainda de ONG’s ou grupos de apoio que se
solidarizem com o objetivo de obter mudanças na sociedade. O silêncio e o medo prevalecem, mas saídas
são possíveis a baixo risco. O clima,
então, desanuviaria, mostrando que o problema poderia ser muito menor se o tabu
do aborto fosse discutido às claras. O
filme é lento e meticuloso ao mostrar a questão, evitando qualquer tipo de
violência ou sensacionalismo. Falha no
ritmo e na descrição da personagem central, que não tem defeitos: nem esquecer
de usar a camisinha com o parceiro ela esqueceu. 77 min.
JUNE E JOHN (June and John), França,
2025, com direção de Luc Besson, falado em inglês, com Matilda Price e Luke
Stanton Eddy, é uma fantasia romântica que, apropriadamente, será lançada nos
cinemas no dia dos Namorados. Filmado
com celulares, reflete a simplicidade da situação em que foi feito, em tempos
de pandemia. O que não impede que o
filme tenha cenas bem realizadas, criativas.
O uso das cores associado às possibilidades e às aberturas dos
personagens é bem interessante. O
exagero é muito explorado para trazer aventura e comédia ao improvável e
imediato envolvimento amoroso do tedioso e aborrecido John com a exuberante
maluca e sem limites June. Como
fantasia, vale, claro. Mas é só diversão
passageira e totalmente despretensiosa.
E à margem da lei, por suposto.
92 min.
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