domingo, 8 de junho de 2025

EM CARTAZ

 

        Antonio Carlos Egypto

 

 


ERNEST COLE: ACHADOS E PERDIDOS (Ernest Cole: Lost and Found),  Estados Unidos, 2024, de Raoul Peck, de “Eu Não Sou Seu Negro” (2016) e “O Jovem Karl Marx” (2017), é um belíssimo documentário.  Aborda o trabalho do fotógrafo da África do Sul, Ernest Cole (1940-1990), que registrou de forma contundente e pela primeira vez os horrores do apartheid.  Consequentemente, amargou um exílio nos Estados Unidos e na Europa e continuou registrando em fotos magníficas a sociedade e, em especial, o racismo. Pelo tempo em que ele passou na Suécia é  redescoberto um vasto material fotográfico guardado surpreendentemente por anos num banco sueco. O filme é todo composto pelas esplêndidas fotos de Cole, as que já estavam em circulação e as que agora vieram à tona.  O cineasta Raoul Peck foi homenageado pela 48ª. Mostra com o Prêmio Humanidade. 106 min.


 


AINDA NÃO É AMANHÃ, Brasil, 2024, da diretora pernambucana Milena Times, focaliza na personagem Janaína (Mayara Santos) a inconveniência de uma gravidez na adolescência quando se está cursando o primeiro ano da Faculdade, com boas notas, que lhe permitem usufruir de uma bolsa parcial e uma função de monitoria remunerada. Sendo a possível solução pelo aborto, ilegal nesse caso, (não envolve as opções legais de risco de vida para a mãe, decorrência de estupro ou anencefalia do feto), ele só será possível com muito esforço e a solidariedade de outras mulheres que vivem ou viveram a mesma situação.  Ou ainda de ONG’s ou grupos de apoio que se solidarizem com o objetivo de obter mudanças na sociedade.  O silêncio e o medo prevalecem, mas saídas são possíveis a baixo risco.  O clima, então, desanuviaria, mostrando que o problema poderia ser muito menor se o tabu do aborto fosse discutido às claras.  O filme é lento e meticuloso ao mostrar a questão, evitando qualquer tipo de violência ou sensacionalismo.  Falha no ritmo e na descrição da personagem central, que não tem defeitos: nem esquecer de usar a camisinha com o parceiro ela esqueceu.  77 min.

 



JUNE E JOHN (June and John), França, 2025, com direção de Luc Besson, falado em inglês, com Matilda Price e Luke Stanton Eddy, é uma fantasia romântica que, apropriadamente, será lançada nos cinemas no dia dos Namorados.  Filmado com celulares, reflete a simplicidade da situação em que foi feito, em tempos de pandemia.  O que não impede que o filme tenha cenas bem realizadas, criativas.  O uso das cores associado às possibilidades e às aberturas dos personagens é bem interessante.  O exagero é muito explorado para trazer aventura e comédia ao improvável e imediato envolvimento amoroso do tedioso e aborrecido John com a exuberante maluca e sem limites June.  Como fantasia, vale, claro.  Mas é só diversão passageira e totalmente despretensiosa.  E à margem da lei, por suposto.  92 min.




 

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