sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

AS POLACAS

Antonio Carlos Egypto

 



AS POLACAS.  Brasil, 2023.  Direção: João Jardim.  Elenco: Valentina Herszage, Caco Ciocler, Dora Freind, Clarice Niskier, Amaurih Oliveira, Otávio Müller, Ana Kutner.  125 min.

 

O filme “As Polacas”, dirigido por João Jardim, vai contar a história representativa da jovem polonesa Rebeca (Valentina Herszage) que chega ao Brasil, fugindo da perseguição aos judeus, da guerra e da fome, em 1917, em busca de uma vida melhor, e cai num inferno. Constatando que seu marido, a quem ela veio encontrar, estava morto, ela se torna presa de um suposto “amigo” judeu, na verdade, um agenciador da prostituição e do tráfico de mulheres. 

 

Cai nessa rede, tendo de viver no prostíbulo uma vida que violenta seus valores, além de perder o controle do filho, que passa a ser cuidado por Tzvi (Caco Ciocler), o dono do bordel.

 

Essa história é inspirada em mulheres europeias reais, a grande maioria de polonesas, que acabaram por se unir e lutar por liberdade, fundando uma associação, que durou muito tempo e é uma marca desse contexto histórico: a Sociedade da Verdade. 

 

O filme se baseia em obras literárias que abordaram essa realidade para resgatá-la do esquecimento.  Mostra um retrato da exploração dos corpos femininos e da opressão a que as mulheres sempre estiveram sujeitas, ao longo da história, e ainda hoje, em muitos aspectos.

 


“As Polacas” é muito claro e, ao mesmo tempo, didático e dramático, ao nos mostrar os sentimentos, a sororidade e a luta dessas mulheres oprimidas, num país em que sequer aprenderam direito o idioma.

 

Valentina Herszage faz Rebeca com muita força e garra, em meio ao sofrimento.  A atriz está também em um papel de “Ainda Estamos Aqui”, o de Veroca, filha mais velha de Eunice Paiva.  O elenco de atrizes é a grande força desse filme, essencialmente feminino.  O elenco masculino é protagonizado por Caco Ciocler num papel difícil, o do monstro bonzinho, em belo desempenho.  Tem também ótimos atores, como Otávio Müller e Amaurih Oliveira.  Destaque também para a boa caracterização de época que o filme obtém.

 

Do diretor João Jardim temos bons trabalhos a apontar: o belo e sensível documentário sobre o olhar, “Janela da Alma”, de 2001, e “Getúlio”, de 2014.




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