Antonio Carlos Egypto
AS
POLACAS. Brasil, 2023. Direção: João Jardim. Elenco: Valentina Herszage, Caco Ciocler,
Dora Freind, Clarice Niskier, Amaurih Oliveira, Otávio Müller, Ana Kutner. 125 min.
O
filme “As Polacas”, dirigido por João Jardim, vai contar a história
representativa da jovem polonesa Rebeca (Valentina Herszage) que chega ao
Brasil, fugindo da perseguição aos judeus, da guerra e da fome, em 1917, em
busca de uma vida melhor, e cai num inferno. Constatando que seu marido, a quem
ela veio encontrar, estava morto, ela se torna presa de um suposto “amigo”
judeu, na verdade, um agenciador da prostituição e do tráfico de mulheres.
Cai
nessa rede, tendo de viver no prostíbulo uma vida que violenta seus valores,
além de perder o controle do filho, que passa a ser cuidado por Tzvi (Caco
Ciocler), o dono do bordel.
Essa
história é inspirada em mulheres europeias reais, a grande maioria de
polonesas, que acabaram por se unir e lutar por liberdade, fundando uma
associação, que durou muito tempo e é uma marca desse contexto histórico: a
Sociedade da Verdade.
O
filme se baseia em obras literárias que abordaram essa realidade para
resgatá-la do esquecimento. Mostra um
retrato da exploração dos corpos femininos e da opressão a que as mulheres
sempre estiveram sujeitas, ao longo da história, e ainda hoje, em muitos
aspectos.
“As
Polacas” é muito claro e, ao mesmo tempo, didático e dramático, ao nos mostrar
os sentimentos, a sororidade e a luta dessas mulheres oprimidas, num país em
que sequer aprenderam direito o idioma.
Valentina
Herszage faz Rebeca com muita força e garra, em meio ao sofrimento. A atriz está também em um papel de “Ainda
Estamos Aqui”, o de Veroca, filha mais velha de Eunice Paiva. O elenco de atrizes é a grande força desse
filme, essencialmente feminino. O elenco
masculino é protagonizado por Caco Ciocler num papel difícil, o do monstro
bonzinho, em belo desempenho. Tem também
ótimos atores, como Otávio Müller e Amaurih Oliveira. Destaque também para a boa caracterização de
época que o filme obtém.
Do
diretor João Jardim temos bons trabalhos a apontar: o belo e sensível
documentário sobre o olhar, “Janela da Alma”, de 2001, e “Getúlio”, de 2014.
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