Antonio Carlos Egypto
O
CLUBE DAS MULHERES DE NEGÓCIOS. Brasil,
2022. Direção e Roteiro: Anna
Muylaert. Elenco: Rafael Vitti, Irene
Ravache, Luís Miranda, Cristina Pereira, Louise Cardoso, Ítala Nandi. 95 min.
A
diretora Anna Muylaert, reconhecido talento do cinema brasileiro, com filmes
como “Que Horas Ela Volta?” (2015), “É Proibido Fumar” (2009) e “Durval Discos”
(2002), desta vez encara a farsa e um simbolismo surreal.
“O
Clube das Mulheres de Negócios” inverte as coisas, para tentar
denunciá-las. Aqui, as mulheres têm
poder e são opressoras, os homens são objetos, são intimidados e se
submetem. Há uma completa troca dos
papéis de gênero tradicionais e, obviamente, injustos.
Inverter
a injustiça é um modo de expô-la e criticá-la.
A ideia não é nova, mas ainda funciona.
Porém, se quando as mulheres ocuparem tais espaços de poder, como o
filme as apresenta, elas se comportarem sem ética, sem limites, de forma
corrupta, criminosamente ilegal e violenta, elas serão iguais ou piores do que
os homens que hoje ocupam esses postos de poder. Ou, então, trata-se apenas de colocar
mulheres nos papéis masculinos para detoná-los?
Nem uma coisa, nem outra, me convence nessa trama.
Só que
o filme vai além: envereda por um terreno perigoso e estranho. No tal clube, há onças e outros animais
selvagens circulando indevidamente.
Claro que tal ousadia se voltará contra os civilizados que, na verdade,
são mais selvagens do que os tais animais.
E as onças ocupam a cena de um modo incontrolável.
Nas
sequências com as onças, o resultado, em termos de imagem, é muito bom e
convincente. Pena que a história em si
não o seja.
O
elenco é estelar, grandes nomes, gente muito boa em cena. Os personagens que eles representam são
estranhos, surreais. Hipocrisia, sátira,
carnavalização, horror, aventura não faltam a eles e à narrativa do filme.
Eu não
curto muito os excessos em cinema.
Algumas vezes eles são efetivos, mas é um risco muito grande a se
correr. O cinema de caráter mais
realista que a diretora nos apresentou antes funcionava melhor.
TESOURO
(Treasure). Estados Unidos, 2024. Direção: Julia von Heinz. Elenco: Stephen Fry, Lena Dunham, André
Hennicke, Zbigniew Zamachowski. 111 min.
Ruth
(Lena Dunham), judia, novayorkina, combina com seu pai Edek (Stephen Fry) uma
viagem à Polônia natal dele, em busca de lembranças do passado. Ela quer conhecer, viver esse passado
tenebroso, marcado por Auschwitz. Ele
prefere evitar isso, lembrar do que foi bom e pretende caminhar para a
frente. Isso faz com que ele dificulte a
viagem que ela pretende fazer, criando empecilhos que chegam em nível de
comicidade, para não ter de fazer o que ele não quer.
Claro
que a realidade desse passado acaba se impondo, de muitas formas, incluindo a
própria presença física do campo de extermínio na visita.
O tema
já foi fartamente abordado, por todos os ângulos possíveis, no cinema, no
teatro, na literatura, nos programas de TV, em todas as mídias. Não há novidade aí, a não ser pelo modo como
a diretora alemã Julia von Heinz conduziu a narrativa, combinando drama e
humor. Para isso, a presença de Stephen
Fry no elenco foi indispensável. E a
química de atuação com Lena Dunham é o ponto alto do filme.
.......
Esses dois filmes têm lançamento previsto para 28 de novembro, em São Paulo, assim como os filmes espanhóis que comentei no mais recente post do Cinema com Recheio. Mas “Redenção” teve seu lançamento adiado para 05 de dezembro.
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