quarta-feira, 27 de novembro de 2024

EM CARTAZ NOS CINEMAS

       Antonio Carlos Egypto

 



O CLUBE DAS MULHERES DE NEGÓCIOS.  Brasil, 2022.  Direção e Roteiro: Anna Muylaert.  Elenco: Rafael Vitti, Irene Ravache, Luís Miranda, Cristina Pereira, Louise Cardoso, Ítala Nandi.  95 min.

 

A diretora Anna Muylaert, reconhecido talento do cinema brasileiro, com filmes como “Que Horas Ela Volta?” (2015), “É Proibido Fumar” (2009) e “Durval Discos” (2002), desta vez encara a farsa e um simbolismo surreal.

 

“O Clube das Mulheres de Negócios” inverte as coisas, para tentar denunciá-las.  Aqui, as mulheres têm poder e são opressoras, os homens são objetos, são intimidados e se submetem.  Há uma completa troca dos papéis de gênero tradicionais e, obviamente, injustos. 

 

Inverter a injustiça é um modo de expô-la e criticá-la.  A ideia não é nova, mas ainda funciona.  Porém, se quando as mulheres ocuparem tais espaços de poder, como o filme as apresenta, elas se comportarem sem ética, sem limites, de forma corrupta, criminosamente ilegal e violenta, elas serão iguais ou piores do que os homens que hoje ocupam esses postos de poder.  Ou, então, trata-se apenas de colocar mulheres nos papéis masculinos para detoná-los?  Nem uma coisa, nem outra, me convence nessa trama.

 

Só que o filme vai além: envereda por um terreno perigoso e estranho.  No tal clube, há onças e outros animais selvagens circulando indevidamente.  Claro que tal ousadia se voltará contra os civilizados que, na verdade, são mais selvagens do que os tais animais.  E as onças ocupam a cena de um modo incontrolável.

 

Nas sequências com as onças, o resultado, em termos de imagem, é muito bom e convincente.  Pena que a história em si não o seja.

 

O elenco é estelar, grandes nomes, gente muito boa em cena.  Os personagens que eles representam são estranhos, surreais.  Hipocrisia, sátira, carnavalização, horror, aventura não faltam a eles e à narrativa do filme.

 

Eu não curto muito os excessos em cinema.  Algumas vezes eles são efetivos, mas é um risco muito grande a se correr.  O cinema de caráter mais realista que a diretora nos apresentou antes funcionava melhor.

 


 


 

TESOURO (Treasure).  Estados Unidos, 2024.  Direção: Julia von Heinz.  Elenco: Stephen Fry, Lena Dunham, André Hennicke, Zbigniew Zamachowski.  111 min.

 

Ruth (Lena Dunham), judia, novayorkina, combina com seu pai Edek (Stephen Fry) uma viagem à Polônia natal dele, em busca de lembranças do passado.  Ela quer conhecer, viver esse passado tenebroso, marcado por Auschwitz.  Ele prefere evitar isso, lembrar do que foi bom e pretende caminhar para a frente.  Isso faz com que ele dificulte a viagem que ela pretende fazer, criando empecilhos que chegam em nível de comicidade, para não ter de fazer o que ele não quer.

 

Claro que a realidade desse passado acaba se impondo, de muitas formas, incluindo a própria presença física do campo de extermínio na visita. 

 

O tema já foi fartamente abordado, por todos os ângulos possíveis, no cinema, no teatro, na literatura, nos programas de TV, em todas as mídias.  Não há novidade aí, a não ser pelo modo como a diretora alemã Julia von Heinz conduziu a narrativa, combinando drama e humor.  Para isso, a presença de Stephen Fry no elenco foi indispensável.  E a química de atuação com Lena Dunham é o ponto alto do filme.

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Esses dois filmes têm lançamento previsto para 28 de novembro, em São Paulo, assim como os filmes espanhóis que comentei no mais recente post do Cinema com Recheio.  Mas “Redenção” teve seu lançamento adiado para 05 de dezembro.



 

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