Antonio Carlos Egypto
Para
encerrar minhas postagens sobre a 48ª. Mostra Internacional de Cinema em São
Paulo, vou comentar rapidamente sobre os filmes brasileiros que vi na Mostra,
uma vez que eles estarão disponíveis para serem assistidos oportunamente, por
quem não os viu no festival.
Começando
pelos prêmios decorrentes da votação do público, com os quais estou plenamente
de acordo. A melhor ficção eu já
comentei anteriormente, AINDA ESTOU AQUI,
de Walter Salles, grande destaque não apenas entre os brasileiros, mas entre
todos os filmes da Mostra.
3 OBÁS DE XANGÔ |
3 OBÁS DE XANGÔ,
vencedor do melhor documentário pelo público, foi também o vencedor da
categoria no Festival do Rio 2024. O
filme, dirigido por Sérgio Machado, recupera matérias gravadas dos três grandes
criadores baianos: Jorge Amado, na literatura, Dorival Caymmi, na música, e
Carybé, na pintura. A amizade e as
ideias deles tomam a tela e nos enchem de talento e beleza. 77 min.
Dois
outros vencedores do Festival do Rio 2024 estiveram por aqui, também: MALU e BABY.
MALU, de Pedro Freire, lida
com a personagem complexa de uma atriz que foi poderosa, em momento de declínio,
atuando de forma destrutiva e delirante, a partir de uma visão generosa dela e
da sua geração e do trabalho importante desenvolvido no teatro de resistência à
ditadura militar. A crise se torna aguda
nas relações com a mãe e com a filha. No elenco: Yara de Novaes, Juliana
Carneiro da Cunha, Carol Duarte, Átila Bee.
100 min.
MALU |
BABY, de Marcelo Caetano,
trata de um personagem ainda adolescente, que, saído de um centro de detenção
juvenil, se vê perdido, sem parentes ou recursos para tocar sua vida. Uma relação homoafetiva com um homem maduro,
a imersão no mundo do tráfico e da prostituição, farão parte dessa
reconstrução, com muitos conflitos e muita paixão, também. No elenco: João Pedro Mariano, Ricardo
Teodoro, Ana Flávia Cavalcanti, Bruna Linzmeyer, Luiz Bertazzo, Patrick
Coelho. 106 min.
MANAS, dirigido por Marianna
Brennand, que levou o prêmio da crítica para filme brasileiro, aborda casos de
abuso sexual de meninas, em balsas, na ilha do Marajó, no Pará. Inspirada em casos reais que foram relatados,
Marianna construiu uma ficção vigorosa e feita com muita sutileza. Nada é diretamente mostrado, tudo fica
subentendido, sugerido. Mas é tudo muito
claro e a denúncia, muito importante. No
elenco, Jamielli Correa, Rômulo Braga, Fátima Macedo, Dira Paes. 101 min.
MALÊS |
MALÊS, dirigido por Antonio
Pitanga, retrata a revolta dos escravizados em Salvador, em 1835, que é pouco
conhecida e estudada. A Revolta dos
Malês foi a maior insurreição do gênero, na história do Brasil. E parte de dois jovens muçulmanos, arrancados
de sua terra natal na África, em pleno casamento, vendidos como escravos no
Brasil. A presença da crença muçulmana e
a língua e a tradição árabes presentes na história são mais um dado relevante
que precisa ser melhor conhecido. No
elenco: Camila Pitanga, Rocco Pitanga, Antonio Pitanga, Samira Carvalho,
Patrícia Pillar, Edvana Carvalho, Bukassa Kabenguele. 113 min.
VIRGÍNIA E ADELAIDE,
filme dirigido por Jorge Furtado e Yasmin Thayná, aborda o encontro histórico
de duas mulheres que estão no início da psicanálise no Brasil. Virgínia, mulher negra, vem a ser a primeira
psicanalista do país. Começou fazendo
análise com Adelaide, psicanalista judia alemã, que veio para o Brasil, fugindo
do nazismo. Isso, no ano de 1937, quando
começou a ditadura do Estado Novo getulista.
O filme é didático, ao contar a história delas, apresentando conceitos psicanalíticos
aplicados às sessões vividas por elas. Destaque para a questão do preconceito
racial, que marcou toda a vida de Virgínia.
No elenco: Gabriela Correa e Sophie Charlotte. 96 min.
APOCALIPSE NOS TRÒPICOS |
APOCALIPSE NOS TRÓPICOS,
documentário de Petra Costa, faz a pergunta: quando uma democracia termina e
uma teocracia começa? O filme perpassa
todos os fatos recentes da política brasileira, do impeachment de Dilma Rousseff às tentativas de golpe de Estado, que
culminaram na violência de 08 de janeiro de 2023. Mas o faz seguindo o fio condutor das
lideranças evangélicas, destacando o pastor Silas Malafaia e os fundamentalistas
que sustentaram a experiência política negacionista do governo Bolsonaro,
tentando entender seu modo peculiar de interpretar os fatos e seus fundamentos
religiosos apocalípticos. 110 min.
O PALHAÇO DE CARA LIMPA, de
Camilo Cavalcante, também retoma o ano de 2016, quando o país entra na crise
política que levaria ao impeachment
de Dilma Rousseff e suas consequências danosas, especialmente para a arte. Aqui, o personagem é um ator em crise pela
falta de palco para atuar, que apresenta suas obras pelas ruas do Recife, seus
conflitos familiares e sua tristeza pelo momento que vive o país. No elenco, Flávio Renovatto, Maria da Guia de
Oliveira da Silva, Alex Lucena, Daniela Câmara e Sílvio Pinto. 80 min.
@mostrasp #mostrasp
Obrigado pela clareza da analise dos filmes, serao um guia para os filmes brasileiros que nao vi
ResponderExcluirObrigado pela analise, servira para eu ver os filmes brasileiros que nao vi na mostra
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