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PAIXÃO SEGUNDO G. H. Brasil, 2020.
Direção: Luiz Fernando de Carvalho.
Elenco: Maria Fernanda Cândido e Samira Nancassa. 127 min.
Com
base na obra de Clarice Lispector, “A Paixão Segundo G. H.”, Luiz Fernando de
Carvalho tenta filmar (e parcialmente consegue) a vida interior, os pensamentos
e o que vem à mente de uma mulher adulta, escultora que vive em Copacabana,
quando ela resolve vasculhar o ambiente de sua casa. Ela perdeu a empregada e começa por
inspecionar o quarto da prestadora de serviço, quando se depara com uma barata
enorme, que a horroriza. Suas reflexões existenciais, a partir daí, abrangem um
pouco de tudo, do ser mulher, dos privilégios da classe social abastada a que
pertence, dos anseios, dos desejos, das fantasias, especulações sobre a vida,
dúvidas. O problema é que esses
pensamentos ora são fugidios, ora anulam o que veio antes, não são nunca
conclusivos, são etéreos, enfim. Alguns efeitos visuais, tornando indefinida ou
nebulosa a imagem, dialogam perfeitamente com o que vive a personagem. Em que pese a boa presença de Maria Fernanda
Cândido em cena o tempo todo, o filme inevitavelmente cansa. Exige uma atenção concentrada imensa e,
embora seja composto de frases e falas inteligentes e provocantes, é um
exercício penoso assisti-lo.
SEM
CORAÇÃO. Brasil, 2023. Direção: Nara Normande e Tião. Elenco: Eduarda Samara, Maya De Vicq, Maeve
Jenkings, Alaylson Emanuel, Kaique Brito.
93 min.
“Sem
Coração”, produção de Alagoas, passa-se no litoral desse Estado, no verão de
1996. Numa pequena vila pesqueira, o filme acompanha as ações e preocupações de
um grupo de adolescentes, em que destacam Tamara (Maya De Vicq), que vai partir
para estudar em Brasília, e seu relacionamento com a discriminada Sem Coração (Eduarda Samara), assim
chamada por ter uma cicatriz no peito e pela forma como lida com os meninos,
aceitando contatos sexuais sem nenhum afeto.
É um filme simples, que tem alguns achados sugestivos e interessantes,
como a baleia encalhada na praia, e que tem sensibilidade para mostrar uma das
muitas adolescências reais que existem, para além da categoria geral adolescência.
TRANSE. Brasil, 2022.
Direção: Carolina Jabor e Anne Pinheiro Guimarães. Elenco: Luísa Arraes, Johnny Mascaro, Ravel
Andrade. 75 min.
Uma
atriz, seu namorado músico e um garoto solto na vida, vão vivendo sua
modernidade jovem na base do amor livre e na busca de experiência de liberdade
e misticismo, por meio de drogas e outros estímulos, em pleno período das
eleições presidenciais de 2018. A jovem Luísa integra as manifestações do “Ele
Não”, das mulheres que visavam impedir a eleição de Jair Bolsonaro pelo que ele
representava de retrocesso. Misoginia,
machismo, homofobia, racismo, defesa da tortura, imposição da maioria sobre as
minorias e tudo o mais que o candidato dizia e é escrito na tela, com a sua
voz, para não deixar dúvida. Perplexos,
como boa parte da sociedade, eles se sentem acuados e forçados a agir para
impedir o pior. O filme vai até o final
da eleição, em segundo turno, com a constatação de que o pesadelo, afinal, se
instalou. E não só os jovens sofreriam
muito com isso, mas toda uma sociedade, como se explicita em uma conversa de
Johnny com um senhor idoso experiente. A
ideia é boa e deixa claro o que estava em jogo para todos nós, no varejo da
política, pelo menos. Senti falta de uma
melhor caracterização dos personagens, eles soam mais como estereótipos do que
como figuras humanas concretas. Mas que
refletem o que se sentia naquele momento político, não há dúvida.
Kkkkkkkkk……. Eu conheço o fim do conto do primeiro filme, mas como sou muito educada, vou calar-me. Grande abraço, Egys!
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