SAUDOSA
MALOCA. Brasil, 2023. Direção: Pedro Serrano. Elenco: Paulo Miklos, Gero Camilo, Gustavo
Machado, Leilah Moreno, Sidney Santiago Kuanza.
108 min.
Pedro
Serrano dirigiu um empolgante e divertido documentário sobre Adoniran Barbosa,
chamado “Meu Nome é João Rubinato”.
Agora, ele prossegue com a celebração da obra de Adoniran, realizando
uma ficção que toma por base a história de um dos maiores sucessos do
compositor: “Saudosa Maloca”. Adoniran
(Paulo Miklos) convive com Joca (Gustavo Machado) e Matogrosso (Gero Camilo),
que frequentam um bar, servido por Cícero (Sidney Santiago Kuanza) e onde se
destaca Iracema (Leilah Moreno). A trama
é recheada de letras das muitas músicas de Adoniran Barbosa. Os diálogos se alimentam delas e de
encenações radiofônicas do personagem Charutinho, de “História das Malocas”, de
Osvaldo Moles. Assim vai se desenrolando
a saga dos despossuídos que acabam despejados de sua maloca, tendo até de
tentar trabalhar, em nome do pogréssio,
que vão a um samba na casa do Arnesto, que não acontece, e a disputada Iracema
termina, como sempre soubemos, atropelada na contramão. Uma São Paulo, um Bexiga, que já não são os
mesmos, é o ambiente em que se move o povo que Adoniran Barbosa conheceu e com
quem conviveu de perto, nessa história que, embora contada de forma cômica, na
verdade é trágica. O lamentável é que só
piorou e é cada vez menos divertida.
Vale a pena, no entanto, aproveitar a brincadeira tão bem organizada e original
desse roteiro. E curtir o desempenho de
um elenco que passa muito amor pela obra e pela figura de Adoniran Barbosa, a
começar por Paulo Miklos. Todos os
protagonistas estão muito bem, curtindo seus papéis.
NO
SUBMUNDO DE MOSCOU (Khitrovka Znak
Chetyryokh). Rússia, 2023. Direção: Karen Shakhnazarov. Elenco: Konstantin Kryukov, Mikhail
Porechenkov, Anfisa Chemykh, Evgeny Stychin.
129 min.
“No
Submundo de Moscou” é uma divertida aventura russa, inspirada em Arthur Conan
Doyle. Passa-se em Moscou, em 1902, contando
com alguns fatos reais da época, criando uma trama que envolve o assassinato de
um residente local indiano bem misterioso.
O ambiente é o bairro pobre de Khitrovka, que entra na história porque o
famoso ator, encenador e teórico do teatro, Stanislavsky, pediu ajuda ao
jornalista Vladimir Gilyarovsky para ver de perto, observar, o comportamento da
“Ralé”, que dá nome à famosa peça de Tchekov, em que estava atuando. Anton Tchekov,
outra grande figura da época, participa da história também. Por conta disso, tudo acontece com Stanislavsky
e com Gilyarovsky, que acabam desvendando uma complicada e esotérica trama
mirabolante. Um filme policial, de
detetive, que explora o exótico em todos os sentidos possíveis. Por exemplo, a figura de um anão estranho que
sopra flechinhas envenenadas certeiras, que matam instantaneamente. Não falta também uma joia imensa e caríssima,
cujo poder vale matar ou correr risco de morte.
Um entretenimento muito bem realizado.
Seu diretor, Karen Shakhnazarov, está vindo ao Brasil para divulgar seu
filme por aqui.
OJU –
MOSTRA DE CINEMAS NEGROS
No
Cinesesc São Paulo acontece, de 20 a 27 de março, a OJU – RODA SESC DE CINEMAS
NEGROS, em sua 3ª. edição. O evento
também ocorre nas unidades Sesc da capital e do interior do Estado. Destaque para o ótimo documentário de Lucas
H. Rossi dos Santos sobre um dos maiores atores e comediantes do Brasil de
todos os tempos: Grande Othelo (1915-1993).
O filme chamado “Othelo, o Grande” se vale de um vasto material de
arquivo para compor a figura artística de Sebastião Bernardes de Souza Prata,
que rompeu todas as barreiras do racismo estrutural para vir a ser o ícone do
cinema, e de outras mídias, que foi. 83
min. Lá está também o doc. “Lupicínio
Rodrigues – Confissões de um Sofredor”, de Alfredo Manevy, já comentado aqui
recentemente, e muito mais. Filmes como
“Levante”, de Lilah Ella, “Mussum, o Filmis”, de Sílvio Guidane, “O Dia Que Te
Conheci”, de André Novais de Oliveira, e vários outros, inclusive curtas.
www.sescsp.org.br/oju
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