quarta-feira, 20 de março de 2024

2 FILMES E 1 MOSTRA


Antonio Carlos Egypto

 

 



 

SAUDOSA MALOCA.  Brasil, 2023.  Direção: Pedro Serrano.  Elenco: Paulo Miklos, Gero Camilo, Gustavo Machado, Leilah Moreno, Sidney Santiago Kuanza.  108 min.

 

Pedro Serrano dirigiu um empolgante e divertido documentário sobre Adoniran Barbosa, chamado “Meu Nome é João Rubinato”.  Agora, ele prossegue com a celebração da obra de Adoniran, realizando uma ficção que toma por base a história de um dos maiores sucessos do compositor: “Saudosa Maloca”.  Adoniran (Paulo Miklos) convive com Joca (Gustavo Machado) e Matogrosso (Gero Camilo), que frequentam um bar, servido por Cícero (Sidney Santiago Kuanza) e onde se destaca Iracema (Leilah Moreno).  A trama é recheada de letras das muitas músicas de Adoniran Barbosa.  Os diálogos se alimentam delas e de encenações radiofônicas do personagem Charutinho, de “História das Malocas”, de Osvaldo Moles.  Assim vai se desenrolando a saga dos despossuídos que acabam despejados de sua maloca, tendo até de tentar trabalhar, em nome do pogréssio, que vão a um samba na casa do Arnesto, que não acontece, e a disputada Iracema termina, como sempre soubemos, atropelada na contramão.  Uma São Paulo, um Bexiga, que já não são os mesmos, é o ambiente em que se move o povo que Adoniran Barbosa conheceu e com quem conviveu de perto, nessa história que, embora contada de forma cômica, na verdade é trágica.  O lamentável é que só piorou e é cada vez menos divertida.  Vale a pena, no entanto, aproveitar a brincadeira tão bem organizada e original desse roteiro.  E curtir o desempenho de um elenco que passa muito amor pela obra e pela figura de Adoniran Barbosa, a começar por Paulo Miklos.  Todos os protagonistas estão muito bem, curtindo seus papéis.

 

 




NO SUBMUNDO DE MOSCOU (Khitrovka Znak Chetyryokh).  Rússia, 2023.  Direção: Karen Shakhnazarov.  Elenco: Konstantin Kryukov, Mikhail Porechenkov, Anfisa Chemykh, Evgeny Stychin.  129 min.

 

“No Submundo de Moscou” é uma divertida aventura russa, inspirada em Arthur Conan Doyle.  Passa-se em Moscou, em 1902, contando com alguns fatos reais da época, criando uma trama que envolve o assassinato de um residente local indiano bem misterioso.  O ambiente é o bairro pobre de Khitrovka, que entra na história porque o famoso ator, encenador e teórico do teatro, Stanislavsky, pediu ajuda ao jornalista Vladimir Gilyarovsky para ver de perto, observar, o comportamento da “Ralé”, que dá nome à famosa peça de Tchekov, em que estava atuando. Anton Tchekov, outra grande figura da época, participa da história também.  Por conta disso, tudo acontece com Stanislavsky e com Gilyarovsky, que acabam desvendando uma complicada e esotérica trama mirabolante.  Um filme policial, de detetive, que explora o exótico em todos os sentidos possíveis.  Por exemplo, a figura de um anão estranho que sopra flechinhas envenenadas certeiras, que matam instantaneamente.  Não falta também uma joia imensa e caríssima, cujo poder vale matar ou correr risco de morte.  Um entretenimento muito bem realizado.  Seu diretor, Karen Shakhnazarov, está vindo ao Brasil para divulgar seu filme por aqui.

 

OJU – MOSTRA DE CINEMAS NEGROS

 

No Cinesesc São Paulo acontece, de 20 a 27 de março, a OJU – RODA SESC DE CINEMAS NEGROS, em sua 3ª. edição.  O evento também ocorre nas unidades Sesc da capital e do interior do Estado.  Destaque para o ótimo documentário de Lucas H. Rossi dos Santos sobre um dos maiores atores e comediantes do Brasil de todos os tempos: Grande Othelo (1915-1993).  O filme chamado “Othelo, o Grande” se vale de um vasto material de arquivo para compor a figura artística de Sebastião Bernardes de Souza Prata, que rompeu todas as barreiras do racismo estrutural para vir a ser o ícone do cinema, e de outras mídias, que foi.  83 min.  Lá está também o doc. “Lupicínio Rodrigues – Confissões de um Sofredor”, de Alfredo Manevy, já comentado aqui recentemente, e muito mais.  Filmes como “Levante”, de Lilah Ella, “Mussum, o Filmis”, de Sílvio Guidane, “O Dia Que Te Conheci”, de André Novais de Oliveira, e vários outros, inclusive curtas.

www.sescsp.org.br/oju



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