sábado, 21 de outubro de 2023

2 DOCS E 1 LIVRO NA # 47 MOSTRA

    Antonio Carlos Egypto

 

 


 SETE INVERNOS EM TEERÃ (Sieben Winter in Teheran).  Alemanha, 2023. Direção de Steffi Niederzoll.  Documentário. 97 min.

 

O fllme retrata o caso da jovem iraniana Reyhaneh Jabbari, que, aos 19 anos, esfaqueou e matou um médico, homem importante, que tentou estuprá-la.  Como ele vinha de uma família poderosa e profundamente religiosa, a tentativa seria uma marca ultrajante moralmente para a família.  Assim, seria preciso mostrar que a jovem havia mentido.  Num julgamento manipulado, decretou-se a pena de morte a ela.  A razão é a dívida de sangue que, na prática, equivale ao direito à vingança, olho por olho.  Neste caso, só o perdão da família do morto poderia salvá–la da execução.  O documentário detalha o processo, mostrando vídeos gravados secretamente pela família Jabbari, cartas dela da prisão e imagens dela e da família antes do crime, além de depoimentos da mãe, do pai, da irmã e de outras detentas.  Acompanha a repercussão internacional do caso.  Ela se tornou símbolo de resistência e dos direitos das mulheres, não só do Irã.  A produção é da Alemanha, onde vivem hoje a mãe e a irmã de Reyhaneh.  Regimes autoritários e de matriz religiosa tendem a justificar e produzir grandes injustiças, como se deu aqui.

 



RAZÕES AFRICANAS.  Brasil, 2023.  Direção de Jefferson Mello.  Documentário.  90 min.

 

Sabemos que a música é a maior e mais evidente contribuição da negritude à cultura mundial.  “Razões Africanas”, então, se ocupa de três manifestações musicais africanas que estão na base de uma vasta e variadíssima produção ao redor do mundo.  O blues, desenvolvido como música negra norte-americana, tem a ver com o jazz, é fator gerador da country music, do rock, dos spirituals.  Um pouco dessa história é explorado em depoimentos e “causos” que envolvem performances com vários instrumentistas ao piano, violão, gaita e outros mais.  A rumba nos remete à musicalidade negra de Cuba, que se espalhou da pequena ilha para o mundo, danças sensuais, tambores, muita festa e muita vida, são mostrados e explicados aí.  A percussão dos tambores, entre muitos outros instrumentos, está também na origem do jongo, do Rio de Janeiro, originário de Angola, com vínculos nos terreiros, parente do maracatu e do maxixe, que gerou o nosso ritmo nacional, o samba, e até hoje mostra sua força no hip hop, por exemplo.  Com filmagens também nos influenciadores originários, como não só Angola, mas o Congo e o Mali, podemos usufruir da música, da dança e das vestimentas maravilhosas que inspiram também nossas Escolas de Samba no Carnaval.  É triste constatar que grande parte de tudo isso se desenvolveu pela rica troca cultural que reuniu escravizados de vários pontos no Brasil, em Cuba ou nos Estados Unidos.  Da sobrevivência à resistência, das senzalas e quilombos, foi nascendo e se desenvolvendo uma cultura fulgurante, uma arte capaz de encantar a todos.  “Razões Africanas” é uma amostra disso.

 


LIVRO: A ARTE DA CRÍTICA

Luiz Zanin Oricchio, um dos mais importantes nomes da crítica de cinema da atualidade, ou melhor, dos últimos 30 anos de sua atividade no Estadão, lança livro novo: “A Arte da Crítica”, da Editora Letramento.  O lançamento será às 17 h do dia 26 de outubro, na Cinemateca Brasileira (Largo Sen. Raul Cardoso, 207, Vila Clementino, São Paulo), durante a # 47 Mostra.  Zanin busca responder, com uma escrita ao mesmo tempo leve e elaborada, questões fundamentais sobre o exercício da crítica.  O que é crítica de cinema?  Qual é a sua finalidade?  A que estilo de escrita deve pertencer?  O que é preciso para ser um crítico?  E mais.  Na oportunidade, haverá um bate-papo, após a sessão de autógrafos, com Luíz Zanin, José Geraldo Couto e Paulo Henrique Silva, mediado por Maria do Rosário Caetano.

 

@mostrasp

 

 

Um comentário:

  1. Sete invernos em Teerã parece até um documentário ( sim?,é?) mas muito bom mesmo.Essa mulher criou muita fama ,com certeza! Quanta injustiça, né?? O livro sobre a crítica, também, muito importante, informações mesmo, nada de sòmente comentário.... Fiquei muito curiosa sobre ele. É.. também EGYPTO tem o dom de escrever muitíssimo, deixando o leitor curioso e despertado para a leitura e para assistir( quando se trata de filme!).

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