A
HISTÓRIA DA MINHA MULHER (Afeleségem
Története). Hungria, 2021. Direção: Ildeikó Enyedi. Elenco: Gijs Naber, Léa Seydoux, Louis
Garrel, Sergio Rubini, Jasmine Trinca.
169 min.
“A
História da Minha Mulher” é o que podemos chamar de cinemão. Uma produção elaborada, que envolveu diversos
países: França, Alemanha, Itália, além da Hungria, com um elenco internacional. É um roteiro adaptado pela cineasta húngara Ildeikó
Enyedi, a partir de um romance antigo, de 1946: The Story of My Wife: the reminiscences of Captain Storr, do também
húngaro Milan Fust.
O
filme é longo, tem quase três horas de duração e está dividido em sete
capítulos. Não conheço o romance original,
que aliás é inédito no Brasil, mas tudo indica que se trata de uma adaptação
ampla e fiel do livro. Os capítulos se
sucedem contando uma história de amor complicada, cheia de altos e baixos,
estranha desde a sua concepção, e que se valeu da distância entre os amantes,
enquanto sobreviveu.
A
narrativa foca na figura do Capitão Jacob Storr, vivido pelo ator holandês Gijs
Naber, em que a sutileza da atuação, cheia de nuances, enriquece de detalhes o
personagem do Capitão, com grande naturalidade.
As constantes viagens, deixando sua mulher em terra firme (até porque
ela não ia quando podia acompanhá-lo), acentuam a saudade, o desejo e o que é
fatal: a desconfiança e o ciúme.
A
mulher do Capitão, Lizzy, vivida pela atriz francesa Léa Seydoux, que tem estado
em destaque em produções cinematográficas atuais, mostra uma ambiguidade e uma
inconstância no seu amor. Ao mesmo tempo
em que se mostra visceral e manipuladora em momentos decisivos da vida desse
casal. Um objeto de ciúme do Capitão
Storr é o jovem Dedin, vivido pelo badalado ator francês Louis Garrel, em
pequeno papel, uma figura que alia charme a ociosidade e poucos escrúpulos.
Vamos
acompanhando a trajetória dessa relação amorosa, sempre a partir da visão do
Capitão. O que traz uma sensação interessante,
já que ele oscila em seus sentimentos, dúvidas, comportamentos, e o seu
vai-e-vem na questão amorosa impregna o filme do começo ao fim.
Quem
gosta de acompanhar uma história bem contada, com clareza e sem atropelos, que
vai se desenrolando por meio de diálogos, em geral claros e diretos, vai
apreciar o filme. Quem valoriza mais o
visual, que transmite a trama, também não vai se decepcionar: a beleza e o
significado do mar nas mãos da diretora húngara também preenchem o filme de
expressões e de sentimentos diversos, colocando o Capitão no clima dos
diferentes momentos da relação amorosa.
As locações na cidade de Budapeste também contribuem para o visual
atraente de “A História da Minha Mulher”.
Chama
a atenção a enorme quantidade de cenas em que se fuma no filme. Impressionante. O cigarro parece um personagem adicional da
história, já que está onipresente em praticamente todas as sequências. Achei desmedido isso. O filme, exibido no Festival de Cannes,
concorreu à Palma de Ouro, mas não levou.
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