Antonio Carlos Egypto
TRÊS
MULHERES, UMA ESPERANÇA (The Lost
Transport). Holanda, 2022. Direção: Saskia Diesing. Elenco: Eugénie Anselin, Hanna Van
Vliet, Anna Bachman, Richard
Kreutz. 100 min.
Nos últimos estertores da Segunda Guerra Mundial, com a vitória dos aliados já definida, um trem com cerca de 2400 prisioneiros judeus deixa o campo de concentração de Bergen-Belsen e é abandonado junto a uma vila alemã já tomada pelas tropas soviéticas. Esse transporte perdido do título em inglês dá ensejo a um encontro inusitado entre três mulheres, de contextos distintos, e o que seria uma esperança, no título que o filme recebeu no Brasil. Essas três mulheres do filme dirigido pela cineasta holandesa Saskia Diesing são: Simone (Hanna Van Vliet), judia holandesa que desembarca do trem, ganhando a liberdade, Vera (Eugénie Anselin), soldada russa que empunha uma arma, junto com seus colegas homens do Exército Vermelho, e Winnie (Anna Bachman), jovem alemã hitlerista que vive na comunidade agora ocupada. As três se encontrarão pelas circunstâncias do acaso, cada qual com seus problemas, e elas acabarão por se apoiar, se solidarizar, em que pesem suas enormes diferenças. Ou seja, a sororidade feminina acaba falando mais alto do que o que as distingue. Se isso é possível numa situação limite, de guerra, deveria ser muito mais fácil em tempos de paz. O que se observa, no entanto, aqui no Brasil e em tantos outros países é uma polarização que divide as pessoas e parece impedir que a amizade e a solidariedade humana aconteçam em meio às diferenças. Nem mesmo as mulheres o conseguem, diferentemente do que se passou na trama do filme. “Três Mulheres e uma Esperança” é um trabalho bem realizado, com um elenco muito bom e o destaque da criação feminina na trama, nos desempenhos e na direção. Tem uma trilha sonora ampla e variada que, por vezes, se sobrepõe às imagens, criando algum ruído. Mas é música de bom gosto. Não diria que se trata de um filme original, empolgante, nem que o desenrolar da narrativa esteja bem claro e azeitado, mas é um produto suficientemente bom para ser consumido, sem arrependimento pela escolha.
MOSTRAS DE CINEMA EM SÃO PAULO
De 08
a 14 de junho, temos a retrospectiva Umbigo de Sonho, de filmes da cineasta e
multiartista Paula Gaitán, no Cinesesc, com 10 longas, 15 curtas, 2
videoclipes, 1 ciclo de debates e uma masterclass
ministrada pela própria artista.
De 14
a 25 de junho, ocorre a 15ª. edição do In-Edit, festival internacional do
documentário musical, nas salas do Cinesesc, Cinemateca Brasileira, Spcine
Olido e Centro Cultural São Paulo, com 68 filmes nacionais e
internacionais. Muita coisa para ver
para quem gosta de música no cinema.
Absolutamente imperdível é o doc “Elis & Tom, Só Tinha que Ser com
Você”, de Roberto de Oliveira, que já comentei aqui, no Cinema com Recheio.
E de
22 a 28 de junho acontece a 10ª. edição de 8 1/2 Festa do Cinema Italiano, não
só em São Paulo, mas em 14 cidades brasileiras.
O festival, realizado pela associação Il Sorpasso/Risi Film Brasil, tem
o apoio dos institutos italianos de cultura, de São Paulo e Rio, do Ministério
della Cultura e da Cinecittà. São
destaques filmes como “Nostalgia”, de Mario Martone, e “Jogada de Amor”, de
Riccardo Milan, entre muitos outros.
Site oficial do evento: www.festadocinemaitaliano.com.br
Em São
Paulo, boas opções cinematográficas é o que não falta. O difícil é acompanhar tudo isso.
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