O TRAIDOR (Il Traditore), Itália, 2019.
Direção: Marco Bellocchio.
Elenco: Pierfrancesco Favino, Maria Fernanda Cândido, Fabrizio
Ferracane, Luigi Lo Cascio, Jonas Bloch.
153 min.
A história de Tommaso Buschetta
(1928-2000) está sendo contada no filme “O Traidor”, dirigido pelo grande
realizador italiano Marco Bellocchio.
Esse dirigente do alto escalão da máfia siciliana teve fortes relações com
o Brasil, o que dá ao filme um interesse maior para o nosso público. Buschetta foi casado com uma brasileira,
Maria Cristina de Almeida Guimarães, papel de Maria Fernanda Cândido em “O
Traidor”. Morou no Brasil de 1949 a
1956, quando teve uma fábrica de vidro, com pouco sucesso. Retornou a Palermo e passou ao contrabando de
drogas e assassinatos, junto com outros mafiosos. Voltaria a viver aqui nos anos 1970, mas foi
preso e deportado para a Itália em 1972.
Voltou novamente ao Brasil nos anos 1980, quando uma guerra generalizada
acontecia entre chefes mafiosos sicilianos , pelo controle do tráfico de
heroína. Enquanto estava refugiado no
Brasil, seus filhos e irmãos seriam assassinados. Ele seria o próximo? Novamente preso e
extraditado, encontra-se com o juiz Giovanne Falcone em Roma e resolve falar,
denunciar o que sabia sobre a Cosa
Nostra, e isso acabou sendo um tsunami
que envolveu a organização criminosa.
A história, que é contada com riqueza de
detalhes em “O Traidor”, é complexa, cheia de nuances, vai-e-vens, e envolve um
personagem ambíguo: grande bandido, herói, covarde, traidor. O fato é que ele teve um papel
importantíssimo na história da máfia e as notícias que circularam por aqui à
época não davam a dimensão exata da figura.
“O Traidor” cumpre a função de retratar Tommaso Buschetta em seus
diversos aspectos, ângulos e significados muito bem. Segue uma narrativa mais clássica, descritiva,
apesar das idas e vindas no tempo. É
longo, havia muito o que contar, porém exige que o interesse no tema e,
principalmente, no personagem sejam grandes por parte do espectador. O filme não perde o ritmo, é ágil, tem um
elenco muito bom, capitaneado por Pierfrancesco Favino e com Maria Fernanda
Cândido como coprotagonista e com a participação também de Jonas Bloch. Afinal, é uma coprodução com o Brasil e foi
filmado parcialmente aqui.
Eu diria que é um bom filme, mas um
filme menor na filmografia de Bellocchio, que já dirigiu trabalhos como
“Vincere”, de 2009, “Bom dia, Noite”, de 2003, “Belos Sonhos”, de 2016, “Diabo
no Corpo”, de 1986, “Henrique IV”, de 1984.
E o octogenário diretor tem um novo filme, que em breve será lançado por
aqui, “Marx Pode Esperar”, de 2021.
Enfim, sempre vale a pena dar atenção aos filmes de Marco
Bellocchio. Talento e experiência ele
tem de sobra.
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