RAFIKI (Rafiki). Quênia, 2018.
Direção: Wanuri Kahiu. Com
Samantha Mugatsia, Sheila Munyiva, Jimmi Gathu, Nini Wacera. 82 min.
Kena (Samantha Mugatsia) e Ziki (Sheila Munyiva)
se sentem atraídas uma pela outra e se tornam as “amigas” do título
original. São filhas de dois políticos
locais, de uma região de Nairobi, no Quênia, que estão em disputa na eleição
municipal, com posicionamentos políticos diferentes. Só por isso, já não seria muito adequada essa
aproximação.
Fica mais complicada a situação,
considerando-se que, apesar de o casamento gay
entrar nas cogitações políticas, no Quênia a homossexualidade é ilegal e
pode ser penalizada com prisão. Além
disso, é fortemente rejeitada e hostilizada pela religião. Não há garantia dos direitos dos LGBTs.
Tudo isso faz com que o amor entre Kena e
Ziki, que se dá de forma quase instantânea – amor à primeira vista? – se torne
um drama, impedindo que elas possam experimentar um envolvimento amoroso que
escapa dos padrões e expectativas dessa sociedade muito conservadora.
“Rafiki” trabalha essas questões com sutileza,
numa produção bem cuidada, e escorando-se no admirável talento da jovem atriz
Samantha Mugatsia, que nos conquista desde os primeiros planos do filme. Sua parceira explora mais a aparência e a
feminilidade, mas não tem o mesmo carisma.
O resultado geral é muito bom. O
filme da diretora Wanuri Kahiu merece ser conhecido e apreciado.
Não precisa nem dizer que a exibição de
“Rafiki”, que tem coprodução da África do Sul e França e foi bem recebida nos
festivais internacionais de cinema, teve sua exibição proibida no Quênia, por
supostamente promover o lesbianismo. Em
pleno século XXI, há países e governos que querem impedir que a diversidade
humana exista. Mostrá-la se confunde com
propagá-la. Temos muito ainda para
evoluir, até que o mundo como um todo possa ser um lugar habitável para todos
os humanos.
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