Antonio Carlos
Egypto
O Oscar 2019 reconheceu que ROMA foi o melhor filme do ano. Mas não passou recibo. Ganhou as estatuetas de melhor filme
estrangeiro, melhor diretor e melhor fotografia. E Alfonso Cuarón subiu ao palco três vezes,
para desfrutar dessa premiação. Se desse
a ele também o que seria o justo prêmio de melhor filme, estaria tendo de
reconhecer o primeiro vencedor em língua não inglesa da história (o filme é
falado em espanhol) e, pior, daria à Netlix um destaque exagerado. Cinema em casa também é cinema. Pero, no es lo mismo!
ROMA |
Eu esperava que o melhor filme fosse, então, INFILTRADO NA KLAN, de Spike Lee, que
já havia recebido a estatueta por roteiro adaptado. Mas não, coube a GREEN BOOK: O GUIA a escolha.
Um filme que aborda a questão racial no sul dos Estados Unidos, nos anos
1960, e que trata de uma amizade que se constrói superando o preconceito. Mas é um trabalho convencional e bem menos
criativo ou incisivo do que INFILTRADO
NA KLAN. Este, sim, um filme mais
forte na abordagem da questão racial. E
mais atual, também. Notícias dão conta
de que Spike Lee ficou contrariado e manifestou isso. Ele tem razão, ficou um prêmio morno, sem a
necessária audácia. GREEN BOOK: O GUIA ainda levou os prêmios de roteiro original e
ator coadjuvante, merecidamente destinado a Mahershala Ali.
GREEN BOOK |
BOHEMIAN
RAPSODY conquistou os prêmios de melhor ator para Rami
Malek e os ligados à edição e ao som. A
melhor canção, “Shallow”, foi para Lady Gaga, de NASCE UMA ESTRELA e a trilha sonora original, para PANTERA NEGRA, que faturou também
figurino e direção de arte.
A
FAVORITA levou melhor atriz para a muito boa Olivia Colman,
que surpreendeu passando à frente de Glenn Close. Mas o filme ficou por aí. E VICE
ganhou só maquiagem e penteado.
A atriz coadjuvante Regina King, de SE A RUA BEALE FALASSE, ganhou a
estatueta, mesmo não estando entre os oito indicados de melhor filme. Willem Dafoe também concorria por um filme
não indicado, NO PORTAL DA ETERNIDADE,
muito bom, por sinal, e um grande desempenho, mas não foi agraciado.
Há que se valorizar a força negra do Oscar
neste ano e a presença firme das mulheres, ainda que nos prêmios principais,
vinculados a melhor filme, não tenham sido indicadas como diretoras. Elas levaram 15 prêmios, entre eles, direção
de documentários e curtas.
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