terça-feira, 18 de setembro de 2018

AS HERDEIRAS

Antonio Carlos Egypto




AS HERDEIRAS (Las Herederas).  Paraguai, 2018.  Direção e roteiro: Marcelo Martinesse.  Com Ana Brun, Margarita Irún, Ana Ivanova.  98 min.


Chela (Ana Brun) e Chiquita (Margarita Irún), juntas há 30 anos e já em idade avançada, dependem da venda de seus bens, herdados das famílias abastadas de ambas, para sobreviverem com dignidade.  Ainda que não consigam manter o padrão sofisticado da classe alta de Assunção de origem.  Elas têm uma relação homoafetiva aparentemente tranquila e as coisas caminham razoavelmente bem, apesar dos contratempos atuais.

Dívidas não quitadas, porém, produzirão uma separação que dará origem a novas possibilidades e, quem sabe, desejos que se renovem.  No meio disso, um modelo de transporte particular, ao estilo Uber, tem um grande peso na trama.




O filme paraguaio é audacioso na abordagem, apesar da aparência convencional e do ambiente discreto que cria.  Tem uma narrativa bem construída, atrizes competentes, que dão o tom preciso às personagens e às situações.  Tudo se passa em tom baixo, sem grandes sobressaltos.  Mas a vida muda.  E não é fácil reconhecer e aceitar isso.  É um desafio que pode aparecer em qualquer momento da existência.  Mesmo após um longo tempo de convívio, cuidadosamente protegido.

O modesto cinema paraguaio, de poucas produções anuais e dependente do apoio de coproduções, como é o caso dessa, com Alemanha, Brasil e Uruguai, mostra aqui uma realização cinematográfica de peso, premiada em Berlim e Gramado.  E que também pode ser vista como uma metáfora da elite de seu país, segundo o diretor, Marcelo Martinesse.



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