AS HERDEIRAS (Las Herederas).  Paraguai,
2018.  Direção e roteiro: Marcelo
Martinesse.  Com Ana Brun, Margarita
Irún, Ana Ivanova.  98 min.
Chela (Ana Brun) e Chiquita (Margarita Irún),
juntas há 30 anos e já em idade avançada, dependem da venda de seus bens, herdados
das famílias abastadas de ambas, para sobreviverem com dignidade.  Ainda que não consigam manter o padrão
sofisticado da classe alta de Assunção de origem.  Elas têm uma relação homoafetiva
aparentemente tranquila e as coisas caminham razoavelmente bem, apesar dos
contratempos atuais.
Dívidas não quitadas, porém, produzirão uma
separação que dará origem a novas possibilidades e, quem sabe, desejos que se
renovem.  No meio disso, um modelo de
transporte particular, ao estilo Uber, tem um grande peso na trama.
O filme paraguaio é audacioso na abordagem,
apesar da aparência convencional e do ambiente discreto que cria.  Tem uma narrativa bem construída, atrizes
competentes, que dão o tom preciso às personagens e às situações.  Tudo se passa em tom baixo, sem grandes
sobressaltos.  Mas a vida muda.  E não é fácil reconhecer e aceitar isso.  É um desafio que pode aparecer em qualquer
momento da existência.  Mesmo após um
longo tempo de convívio, cuidadosamente protegido.
O modesto cinema paraguaio, de poucas
produções anuais e dependente do apoio de coproduções, como é o caso dessa, com
Alemanha, Brasil e Uruguai, mostra aqui uma realização cinematográfica de peso,
premiada em Berlim e Gramado.  E que
também pode ser vista como uma metáfora da elite de seu país, segundo o
diretor, Marcelo Martinesse.
 


 
 
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