sábado, 22 de outubro de 2016

MAIS DICAS DA 40a MOSTRA


Antonio Carlos Egypto


Vou comentar aqui mais alguns filmes que estão sendo exibidos na 40ª. Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

NUNCA VAS A ESTAR SOLO, o filme chileno de Alex Anwandter, aborda a questão da homofobia, não só pelo lado da dor, dos sentimentos e das relações familiares, mas também pelo lado pragmático, o do custo dos atendimentos hospitalares e dos planos de saúde, a questão da legislação e da atuação policial.  Ou seja, dos óbices à garantia de direitos e suas consequências.  Boa realização.

SEM DEUS, filme da Bulgária, dirigido por Ralitza Petrova, trabalha com a personagem Gana, cuidadora de idosos.  Mas, ao mesmo tempo, ela é dada a ilegalidades, falcatruas, maldades, e tudo parece ficar por isso mesmo.  Algo vai mudar, mas nada fica muito claro e o filme navega em emoções opacas e falta de ritmo.


EL OLIVO


O espanhol EL OLIVO, da diretora Iciar Bollain, se utiliza de uma narrativa clássica para contar uma boa história, que une uma oliveira de 2000 anos, um avô, uma neta e uma empresa que adotará a árvore como logotipo, de uma hipócrita sustentabilidade. A jovem  Alma é uma personagem forte, marcante. Vale o filme. Que tem, ainda, lindas paisagens de olivais.

EXERCÍCIOS DE MEMÓRIA, do Paraguai, é um documentário que conta uma história trágica com imagens plácidas. O desaparecido político Agustín Boigurú, médico e maior adversário político do ditador Alfredo Stroessner, é lembrado por seus 3 filhos, crianças na época do desaparecimento. Imagens de uma casa abandonada ás pressas, rio e floresta, além de fotos antigas muito bem trabalhadas visualmente, ilustram o  que se verbaliza. Dirigido pela cineasta que fez HAMACA PARAGUAYA, Paz Encina.


INTERRUPÇÃO


O filme grego INTERRUPÇÃO, um tanto intelectualizado, vai para um terreno experimental. Como se pode interagir com os mitos e alterar o rumo das decisões para o nossa realidade? Como o teatro pode incorporar a plateia na encenação e nas decisões? Se ela entra na peça o que é real e o que não? Qual é o papel do coro e o que ele representa hoje? O mito de Orestes, que matou a própria mãe, é o mote da encenação. Uma ambivalência constante toma conta da narrativa. Primeiro longa de Yorgos Zois. Se fosse um pouco menos pretensioso poderia funcionar melhor.

A GAROTA DESCONHECIDA, dos irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne, mais uma vez põe em evidência um dilema moral. Desta vez o de uma médica que não atende a campainha após o expediente e fica sabendo que a pessoa que procurou o consultório morreu. A partir daí o filme vai pouco a pouco moldando as ações movidas pela culpa. É um belo trabalho, mas tem problemas com a verossimilhança e com a solução do caso, que acontece em desacordo com o clima do filme.


A GAROTA DESCONHECIDA


Quem puder ver ou rever O QUARTO HOMEM, de Paul Verhoeven, produzido na Holanda em 1983, vai constatar que o filme continua ótimo e atual. Só que hoje não escandaliza tanto quanto na época de seu lançamento. Está sendo apresentado em película, o que atualmente também é raro.

  

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