sexta-feira, 11 de março de 2016

BREVES COMENTÁRIOS SOBRE ALGUNS BONS FILMES EM CARTAZ


Antonio Carlos Egypto


NOSSA IRMÃ MAIS NOVA

NOSSA IRMÃ MAIS NOVA, do diretor japonês Hirokazu Kore-Eda, é um filme terno, afetivo, que trata de relações familiares que se estabelecem, se desfazem ou se recompõem.  Três irmãs conhecem, no funeral de seu pai distante, uma meia-irmã adolescente, de quem se aproximam e a quem acolhem  em casa.  Esse convívio será marcado, quase todo o tempo, por muitas descobertas e alegrias.  Um tema desses poderia levar a algo piegas, mas não na mão de Kore-Eda, um seguidor da obra do grande Yasujiro Ozu (1903-1963), aquele que explorava com sutileza dramas familiares.  O diretor de “Pais e Filhos”, de 2012, está aqui num registro mais leve e esperançoso.  Para ver e se emocionar.





BOA-NOITE, MAMÃE, terror austríaco, dirigido por Severin Fiala e Veronica Franz, é um pesadelo doméstico muito bem realizado.  Fala-se em dois irmãos gêmeos, numa casa nova com a mãe, que teve seu rosto alterado por uma cirurgia plástica.  A mãe se torna irreconhecível e algo estranho e violentamente cruel se estabelecerá.  Já dá para imaginar que a história não é bem essa, claro.  Filme de terror para se sustentar costuma ter sua pegadinha, manipular o espectador.  Esse não é diferente, mas é criativo.  O elenco, formado por Susanne Wuest e os garotos Lukas e Elias Schwarz, está muito bem.  Os fãs do gênero vão gostar, com certeza.



MEU AMIGO HINDU

Em MEU AMIGO HINDU, Héctor Babenco costrói uma ficção que parte da sua própria experiência com um longo tratamento de uma doença.  As incertezas, os medos, os sentimentos e o desgaste que cercam a vida entre intervenções hospitalares e remédios estão no centro de uma narrativa que consegue dar alguma leveza e humor a uma história difícil e pesada.  As referências ao cinema, constantes no filme, são outro respiro interessante nesse trabalho.  O ator norte-americano Willem Dafoe é o protagonista, o que acabou fazendo com que um grande elenco brasileiro tivesse que representar em inglês.  Isso pode funcionar para o mercado internacional, mas soa muito estranho aqui ver Bárbara Paz, Selton Mello, Maria Fernanda Cândido e Reynaldo Gianecchini, entre muitos outros, falando inglês num filme brasileiro.





TUDO VAI FICAR BEM é o novo filme do grande diretor alemão Wim Wenders, de “Paris Texas”, de 1984, “Asas do Desejo”, de 1987, “Pina”, de 2011, e “O Sal da Terra”, de 2014.  É evidente que qualquer trabalho dele é uma garantia de bela filmagem, cenas muito bem feitas, beleza estética.  Isso se confirma.  Mas a história derrapa com alguma frequência, como a neve escorregadia que causou um acidente fatal no início do filme.  O final é pueril.  O filme ser estrelado por James Franco também não ajuda.  Ele não dá conta dos sentimentos intensos e ambíguos de seu personagem.  Charlotte Gainsburg, Rachel McAdams e Marie-Josée Croze, que compõem o elenco feminino, estão bem.  Dá para ver, mas é claro que Wim Wenders pode muito mais do que isso.

 

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