quarta-feira, 12 de agosto de 2015

OBRA


Antonio Carlos Egypto




OBRA.  Brasil, 2014.  Direção: Gregório Graziosi.  Com Irandhir Santos, Lola People, Júlio Andrade, Marku Ribas.  80 min.


“Obra” é um filme paulistano que coloca a cidade de São Paulo e sua arquitetura em primeiro plano.  Filmado em preto e branco, com uma esplêndida fotografia, destacam-se pontos arquitetônicos da cidade, como o edifício Copan, o Conjunto Nacional, a igreja da Consolação, a Estação Pinacoteca e muitos outros, que revelam um ambiente tão belo quanto opressor, em seu mar de concreto.  Harmonia e desarmonia convivem num espaço urbano, em que os edifícios e as construções restringem o horizonte.  São Paulo é ambiguidade e dicotomia.  Amor e ódio estreitamente ligados.




Em meio a essa paisagem de metrópole, se inserem personagens como o jovem arquiteto João Carlos (Irandhir Santos), que reavalia sua profissão e sua relação com a esposa às vésperas do nascimento de seu primeiro filho e está envolvido na construção de um grande projeto, num terreno da família. É quando ele se dá conta, e é cobrado disso, de que é preciso encarar o passado e a história que envolveu seus ascendentes. Afinal, descobrem-se vários corpos enterrados clandestinamente por lá.

Um mote suficientemente atraente como esse poderia dar margem à construção de uma boa história e remeter ao nosso passado escravista, aos confrontos de classes sociais, aos tabus não encarados.  Ou seja, seria preciso revolver esse passado junto com a terra que encontrou esses corpos.  O problema é que o filme para por aí, não desenvolve a questão e frustra a expectativa natural do público.  




Claro que um filme pode ser uma obra aberta, só levantar questões e possibilidades, mas será muito difícil envolver o espectador dessa maneira.  Na minha opinião, “Obra” se ressente da falta de um bom roteiro, estruturando uma trama.

É bem realizado, plasticamente bonito, tem um grande ator em cena, como é Irandhir Santos, e um bom elenco, mas a sensação é de que algo essencial continua faltando.  Ainda assim, é uma experiência estética bem interessante.




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