Antonio
Carlos Egypto
SR. KAPLAN (Sr.
Kaplan). Uruguai, 2013. Direção: Álvaro Brechner. Com Héctor Noguera, Néstor Guzzini, Rolf
Becker, Nidia Telles, Leonor Svarcas. 95
min.
Jacobo Kaplan (Héctor Noguera) já passou por muitas
dificuldades na vida. Mas hoje, quando
se aproxima dos 80 anos de idade, vive uma existência pacata no Uruguai, casado
com a mesma mulher há cinquenta anos.
Sente um pouco de tédio e, refletindo sobre o que foi a sua vida, gostaria
de ter deixado uma marca mais forte, para que pudesse ser lembrado pela
história.
Uma conversa ao acaso parece abrir-lhe a chance
para um lance heróico insuspeitado, quando ele fica sabendo de um homem de
origem alemã que toca um modesto negócio numa praia, não muito distante de onde
ele vive. Indícios fazem-no suspeitar de
que se trate de um ex-nazista, escondido por essa América do Sul, tal como
aconteceu com Josef Mengele, por exemplo.
A origem judaica do sr. Kaplan fala mais alto e ele não pode perder a
oportunidade de investigar o caso. O
filme nos leva a acompanhar suas peripécias em torno do assunto. Apesar das limitações que a idade já lhe
impõe, a disposição do sr. Kaplan parece inabalável...
Essa simpática produção uruguaia, dirigida por
Álvaro Brechner, cria um clima de suspense, aventura e humor negro, ao contar
essa curiosa história. A narrativa flui
muito bem. Um bom elenco de atores,
capitaneado por Héctor Noguera e Néstor Guzzini, este no papel do ex-policial
Wilson Contreras, mantém o interesse pela trama, em que pese o fato de ela
contar com alguma previsibilidade.
O que é muito interessante é que o filme coloca
elementos dramáticos e de suspense em algumas situações que, no fundo, são
banais. A primeira cena, em que o sr. Kaplan
se situa num trampolim alto de uma piscina, é ilustrativa disso. Mas há muitas outras. Ou seja, cenas bem estruturadas fazem com que
pequenas coisas possam mexer com as pessoas.
Não é preciso apelar para todos os super-heróis e infinitas cenas de
ação, recheadas de efeitos especiais, para envolver o público. O cotidiano, os pensamentos, sentimentos,
fantasias e incompreensões humanas têm muito mais a nos dizer do que as guerras
intergaláticas. Com inteligência e um
pouco de dinheiro, pode-se fazer coisa boa e produzir entretenimento de
qualidade, como é o caso aqui.
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