Antonio
Carlos Egypto
NÃO ACEITAMOS DEVOLUÇÕES (No Se Aceptan Devoluciones).
México, 2013. Direção: Eugenio
Derbez. Com Eugenio Derbez, Loreto
Peralta, Karla Souza, Jessica Lindsey.
115 min.
A comédia mexicana “Não Aceitamos Devoluções” foi um
fenômeno de público em seu país: 18 milhões de mexicanos foram ao cinema ver o
filme. Bem mais gente do que os que
foram ver “Tropa de Elite” no Brasil.
O que explica tamanho sucesso? Difícil dizer. Trata-se de uma película dirigida por um
estreante, que também a protagoniza, o comediante Eugenio Derbez. O filme tem um bom número de cenas realmente
engraçadas, algumas têm um tom dramático e até mesmo meloso. No geral, a trama prioriza a afetividade e o
tom de brincadeira. O roteiro é muito
bom e o desfecho da narrativa surpreende, já que nos encaminha para um lado e o
que acontece é o que não se esperava.
Legal, bem bolado.
Há também cenas que exploram clichês, situações
manjadas ou improváveis. A história tem
vários desdobramentos e mantém o interesse do espectador. Enfim, um produto popular de boa
qualidade. Explica tanto sucesso? Repetirá o mesmo por aqui? Creio que não, para as duas perguntas. Mas sucesso é algo insondável e imprevisível,
não é?
Bem, e de que trata o filme? De um cara mulherengo e medroso, que acaba
tendo de conviver com seu outro lado, se torna um pai dedicadíssimo para uma
filhinha que resultou de um contato sexual bem eventual, mas que acaba entregue
a ele, sem volta, pela mãe. Para dar
conta de educar a filha, ele acaba encontrando um emprego bem remunerado, nos
Estados Unidos: dublê de cenas de ação em Hollywood. Algo que exige dele o que ele não tem:
coragem.
Ele mima exageradamente a filha, afinal, não sabe ser
pai com equilíbrio, mas se torna um herói para ela, por conta de seu trabalho
arriscado. Enquanto isso, ele cria uma
narrativa fantástica a respeito da mãe ausente: ela se torna uma super heroína
que vive viajando para salvar o mundo de muitas tragédias e escreve lindas
cartas para a filha. Até que ela resolve
reaparecer...
O elenco, encabeçado pelo diretor Eugenio Derbez, que
explora bem o humor físico, tem na menina Loreto Peralta, que faz a filha
Maggie um pouco mais velha, um destaque.
Ela faz com muita graça o seu papel.
Se o filme não tem maior profundidade, também não tem
o que o desabone. Não destila
preconceitos, nem abusa de estereótipos, apesar de flertar com alguns
deles. E dá alguns toques interessantes
sobre as responsabilidades que temos de assumir, além de respeitar os limites e
características pessoais de cada um, diante do que lhe cabe. E até festeja formas alternativas de encarar
os desafios que a vida apresenta a todos.
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