Antonio
Carlos Egypto
WALESA (Walesa). Polônia, 2013. Direção: Andrzej Wajda. Com Robert Wieckiewicz, Agnieska Grochowska,
Zbigniew Zamachowski, Cezary Kosinski.
124 min.
Lech Walesa, nascido na Polônia em 1943, foi
um dos grandes batalhadores pela liberdade, no século XX. De simples trabalhador eletricista, se tornou
um líder carismático, que se destacou na batalha pelos direitos da classe
operária, na Polônia, e sua luta pela liberdade alcançou repercussão mundial.
O filme do grande diretor polonês Andrzej
Wajda refaz essa história de forma ficcional, mas seguindo uma narrativa linear
muito ligada aos fatos, assemelhando-se a um documentário. A intenção declarada do cineasta é a de
atingir os jovens e convencê-los de que devem participar da vida política.
O filme “Walesa” destaca o ano de 1970, em que
uma repressão truculenta atinge as manifestações de trabalhadores do estaleiro
de Gdansk e acaba por alçar Lech Walesa à condição de líder de uma revolução
que muda os rumos da história polonesa.
A organização sindical Solidariedade, criada por ele, chama a atenção do
mundo, à medida em que avança nas negociações com o regime comunista então
vigente e conquista pacificamente êxitos que ninguém esperava que fossem
possíveis. Em 1980, ao liderar a greve
pelo direito de associação e dignidade no trabalho e, depois, ser preso e
isolado, em 1981, Walesa acaba por conquistar um papel de liderança internacional que o
levaria à obtenção do Prêmio Nobel da Paz, em 1983.
Foi sua mulher, Danuta, com quem Lech se casou
em 1969 e teve oito filhos, quem foi a Oslo receber o prêmio, porque se Walesa
saísse do país não poderia voltar. Foi
consagrado numa sessão concorrida da ONU, cena que Wajda escolhe para encerrar
seu filme. Providencial para um
espetáculo que busca celebrar as grandes conquistas de Lech Walesa. Porque as coisas mudariam de rumo. Ele foi eleito presidente da Polônia em 1990,
mas não teve êxito e acabou mal avaliado pela população que o admirava e o
colocou lá. Se tivesse mostrado a
decadência política que se seguiu, Andrzej Wajda não alcançaria seus objetivos
de valorizar a atuação política como meio de transformação pacífica da
realidade. Mas, com isso, conta uma
história de sucesso impressionante, sem mostrar o fracasso que se seguiu.
Walesa, um líder católico praticante, pôde
contar no plano internacional com o papel exercido pelo papa João Paulo II, o
polonês Karol Wojtyla, na condenação ao autoritarismo comunista que vigorava na
Polônia, sob as asas do bloco soviético.
Se as circunstâncias lhe foram favoráveis em
alguns aspectos, não resta dúvida de que ele sabia como se colocar e como se
comunicar com o povo, seu mérito nisso era evidente e foi fundamental para o
que se conquistou à época. Se não teve o
mesmo talento para governar, isso é uma outra história. O filme “Walesa” mostra o homem, o líder e a
figura pública mundial em que ele se tornou, num roteiro bem desenvolvido, que
sempre busca a clareza e se funda na verdade factual do período abordado. Andrzej Wajda, o diretor, tem uma longa e
destacada trajetória no cinema polonês, sempre privilegiando o cinema político,
em filmes como “Kanal”, de 1957, “Cinzas e Diamantes”, de 1958, “O Homem de
Ferro”, de 1981, e “Katyn”, de 2007, para citar apenas alguns exemplos
marcantes de sua filmografia.
Lech Walesa segue vivo, separado de sua mulher
e sendo escolhido por revistas internacionais como o político mais sexy do mundo, e também um dos mais bem pagos. A ex-primeira dama Danuta escreveu e lançou
uma muito comentada biografia sobre a vida do casal. Notícias que se encontram no Google.
A biografia dele é curiosa.Ele causou furor no mundo todo quando criou o solidariedade, mas quando chegou ao poder, foi um fracasso.Lembro muito bem de quando ele surgiu, lembro de vê-lo nos jornais e telejornais do início dos 80's.
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