quinta-feira, 8 de maio de 2014

ENTRE VALES

Antonio Carlos Egypto


ENTRE VALES.  Brasil, 2012.  Direção: Philippe Barcinski.  Com Ângelo Antônio, Daniel Hendler, Melissa Vettore, Inês Peixoto.  80 min.


“Entre Vales” começa nos mostrando um grande lixão e catadores que tentam chegar logo ao que vai sendo lá despejado, para obter as coisas mais aproveitáveis.  Uma situação suja e degradante.  Entre os sem-teto e catadores de lixo, está Vicente (Ângelo Antônio).

Mudança de vida e de cenário e conhecemos Vicente (Ângelo Antônio), um engenheiro cuidando de obras sanitárias ligadas ao lixo, com sua mulher e um filho, numa confortável vida de classe média.

As duas situações vão sendo mostradas paralelamente, o nome do personagem e o ator são os mesmos, mas, na verdade, serão dois personagens distintos?  O engenheiro terá decaído a tal ponto que virou catador de lixo?  Ou o contrário, o catador acabou como engenheiro?  Por que e como isso teria acontecido? 



Ao longo do filme, essa questão estará colocada e a dúvida a respeito da situação dupla ajudará a segurar o interesse pela história que o filme quer contar.  Mas não é só isso.  O desempenho do ator Ângelo Antônio, excepcional nos dois papéis, é um trunfo evidente de “Entre Vales”.  Ele segura o filme do princípio ao fim.

O roteiro é bom e a realização, também, na contraposição desses dois mundos aparentemente inconciliáveis.  Nada é muito previsível e o diretor trabalha com o tempo, para adiar ao máximo o deslindar do nó da questão.  Não é exatamente um filme de suspense, mas um drama familiar daqueles que as pessoas enfrentam com muita garra e luta ou sucumbem.  Vencem ou são derrotadas.  O suspense vai por conta do entendimento pleno da situação.



Lixo e reciclagem, emoções enterradas e reviradas, perdas e reconstruções estão na base da trama, que procura refletir sobre algumas das preocupações da atualidade nos ambientes urbanos, tendo o ser humano como centro.

“Entre Vales” é uma coprodução do Brasil com Uruguai e Alemanha.  O ator uruguaio Daniel Hendler, que tem trabalhado principalmente no cinema argentino, faz parte do elenco, no papel do personagem Carlos, sócio do engenheiro.  Não é uma atuação que lhe possibilite grande destaque, assim como a das atrizes Melissa Vettore e Inês Peixoto, e a do garoto, Matheus Restiffe, muito bom, que faz Caio, o filho de Vicente.  Todo o destaque da atuação fica mesmo para Ângelo Antônio.


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