ENTRE VALES.
Brasil, 2012. Direção: Philippe
Barcinski. Com Ângelo Antônio, Daniel
Hendler, Melissa Vettore, Inês Peixoto.
80 min.
“Entre Vales” começa nos mostrando um grande
lixão e catadores que tentam chegar logo ao que vai sendo lá despejado, para
obter as coisas mais aproveitáveis. Uma
situação suja e degradante. Entre os
sem-teto e catadores de lixo, está Vicente (Ângelo Antônio).
Mudança de vida e de cenário e conhecemos Vicente
(Ângelo Antônio), um engenheiro cuidando de obras sanitárias ligadas ao lixo,
com sua mulher e um filho, numa confortável vida de classe média.
As duas situações vão sendo mostradas
paralelamente, o nome do personagem e o ator são os mesmos, mas, na verdade,
serão dois personagens distintos? O
engenheiro terá decaído a tal ponto que virou catador de lixo? Ou o contrário, o catador acabou como
engenheiro? Por que e como isso teria
acontecido?
Ao longo do filme, essa questão estará
colocada e a dúvida a respeito da situação dupla ajudará a segurar o interesse
pela história que o filme quer contar.
Mas não é só isso. O desempenho
do ator Ângelo Antônio, excepcional nos dois papéis, é um trunfo evidente de
“Entre Vales”. Ele segura o filme do princípio
ao fim.
O roteiro é bom e a realização, também, na
contraposição desses dois mundos aparentemente inconciliáveis. Nada é muito previsível e o diretor trabalha
com o tempo, para adiar ao máximo o deslindar do nó da questão. Não é exatamente um filme de suspense, mas um
drama familiar daqueles que as pessoas enfrentam com muita garra e luta ou
sucumbem. Vencem ou são derrotadas. O suspense vai por conta do entendimento pleno
da situação.
Lixo e reciclagem, emoções enterradas e
reviradas, perdas e reconstruções estão na base da trama, que procura refletir
sobre algumas das preocupações da atualidade nos ambientes urbanos, tendo o ser
humano como centro.
“Entre Vales” é uma coprodução do Brasil com
Uruguai e Alemanha. O ator uruguaio
Daniel Hendler, que tem trabalhado principalmente no cinema argentino, faz
parte do elenco, no papel do personagem Carlos, sócio do engenheiro. Não é uma atuação que lhe possibilite grande
destaque, assim como a das atrizes Melissa Vettore e Inês Peixoto, e a do garoto,
Matheus Restiffe, muito bom, que faz Caio, o filho de Vicente. Todo o destaque da atuação fica mesmo para
Ângelo Antônio.
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