sábado, 1 de março de 2014

LUNCHBOX

                      
 Antonio Carlos Egypto




LUNCHBOX (Dabba)Índia, 2013.  Direção: Ritesh Batra.  Com Irrfan Khan, Nimrat Kaur, Nawazuddin Siddiqui, Denzil Smith.  104 min.


A Índia é o país do mundo que produz o maior número de filmes para cinema.  É daí que vem a denominação Bollywood, ou seja, a Hollywood de Bombaim.  Geralmente, os filmes indianos se equiparam às novelas de TV, na abordagem melodramática, e são cheios de música e dança.  As produções de maior orçamento capricham nas vestimentas, nos luxos, nos palácios.  É um cinema muito popular, mais voltado para o próprio mercado interno.

Mas também há, ou houve, por lá um requintado cinema de autor.  Satyajit Ray (1921-1992) foi um incontestável mestre do cinema.  A sua trilogia de Apu, por exemplo, é um brilhante trabalho neorrealista.  E há muito mais do que isso em sua obra.


Há, ainda, filmes de menor pretensão artística e menos vinculados ao estilo comercial dominante, que buscam um mercado externo.  É o caso desse “Lunchbox”, coproduzido pela França, Alemanha e Estados Unidos.  Singelo, mas reflexivo.  Conta uma história interessante sobre um amor inesperado, talvez impossível, que se alimenta literalmente de boa comida. 

Uma mulher casada, com auxílio da tia vizinha, procura incrementar a refeição que deve ser entregue ao marido no trabalho, por meio de uma marmita diária.  Essa marmita é confiada a um serviço de entrega de comida muito utilizado e conceituado, chamado Mumbai Dabbawallahs.  Surpreendentemente, o tal serviço falha e as marmitas vão parar nas mãos de um homem desconhecido.  Isso se revela por bilhetes que ele envia nas marmitas, agradecendo e cumprimentando a habilidade culinária de quem prepara as refeições.  Como isso se dará, a partir daí, ou a que isso levará é a temática do filme.


“Lunchbox” vai tratar das dificuldades no relacionamento conjugal, de solidão, de perda, do advento da velhice e daquelas coisas mais saborosas e inesperadas da vida.  Ótimos atores garantem o interesse pela trama e o envolvimento com a humanidade dos personagens.

O filme venceu a Semana da Crítica Internacional do Festival de Cannes, dedicada à descoberta de novos talentos.  Participou dos festivais de Londres, Toronto, da 37ª. Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e do 10º. Amazonas Film Festival.  Foi premiado pelo melhor roteiro e atuação marcante, para o ator Irrfan Khan, no Asia Pacific Film Festival 2013.



Está mostrando, assim, que tem muito a dizer para um público bem mais amplo do que o indiano.  Embora tenhamos de considerar que a enormidade da população da Índia e o interesse pelo cinema por lá já constituem um público suficientemente grande para qualquer filme.  O fato é que é preciso buscar atender também os que esperam mais do cinema como lazer, oferecendo um produto que se distinga da produção mediana.  Até porque o mediano costuma se aproximar muito do medíocre.




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