Antonio Carlos Egypto
EU E VOCÊ (Io e Te). Itália, 2011. Direção: Bernardo Bertolucci. Com Jacopo Olmo Antinori, Tea Falco, Sonia
Bergamasco, Pippo Delbono, Veronica Lazar.
97 min.
Lorenzo (Jacopo Olmo Antinori) é
um adolescente de 14 anos, em busca de espaço para sua privacidade e
autonomia. Tem problemas e dificuldades
no relacionamento com colegas, já que é um tanto intolerante e ríspido. Em casa, com a mãe, o conflito é ainda mais
intenso, já que envolve um amor edipiano explicitado, em meio a constantes
brigas e discussões.
Olívia (Tea Falco), irmã mais
velha de Lorenzo por parte de pai, fazia com muito talento fotografia
artística, até afundar na dependência de drogas, especialmente da heroína, de
forma intensa.
Lorenzo e Olívia são os dois
personagens que conduzem a trama do novo filme do grande diretor Bernardo
Bertolucci. Por razões diversas, eles
acabam convivendo, por um período de tempo, num porão, escondidos das outras
pessoas. O encontro se dá de modo
fortuito, inesperado para ambos. É por
aí que se apresenta a oportunidade do convívio que resulta em conhecimento
mútuo, já que, apesar de irmãos, eles estavam separados e nunca se viam.
Criar uma situação que confina
dois personagens por um período de tempo facilita a exposição das diferenças do
mundo de ambos, do que é difícil de enfrentar para cada um e de que modo esses
mundos podem se tocar e se entender. O
que interessa ao diretor é trabalhar sentimentos, expectativas e as relações possíveis
entre os irmãos. Consequentemente, o que
muda em cada um com esse convívio forçado e confinado.
A transformação dos personagens e
da relação entre eles vai sendo mostrada de forma progressiva e realista,
apesar da situação artificial criada.
“Io e Te” não cai na cilada da redenção, traz esperanças, mas mantém os
limites. Crescer e mudar é possível, mas
não esperemos milagres. É por aí.
Bernardo Bertolucci, um dos
grandes nomes do cinema italiano, faz mais um trabalho rico e intrigante,
focado em relacionamentos humanos, o que é uma constante na sua obra. Basta lembrar de “Os Sonhadores”, de 2004, ou
de “O Último Tango em Paris”, de 1972, ótimos filmes que também colocam
personagens em espaços fechados por um bom tempo.
Evidentemente, a trajetória de
Bertolucci é tão marcante que há muito mais do que isso em filmes notáveis,
como “Antes da Revolução”, de 1964, “O Conformista”, de 1970, “1900”, de 1973,
“La Luna”, de 1981, “O Céu que nos Protege”, de 1990, “Beleza Roubada”, de
1996, ou “Assédio”, de 1998. É um autor
cinematográfico, que sempre tem muito a dizer, com belas imagens.
“Io e Te” foi um dos filmes
exibidos na mostra contemporânea do 8º. Festival de Cinema Italiano no Brasil,
em 2012, e agora chega ao circuito comercial dos cinemas.
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