Antonio Carlos Egypto
2 MAIS 2 (Dos
Más Dos). Argentina, 2012. Direção: Diego Kaplan. Com: Adrian Suar, Carla Peterson, Julieta
Diaz, Juan Minujin. 108 min.
O filme argentino “2 Mais 2” é ousado. Trata do tema dos swingers, os praticantes da troca de casais. Dois casais de amigos de longa data, apesar
de se conhecerem muito bem, descobrem que há um segredo no meio deles. Um dos casais é praticante do swing em festas e em encontros com
outros casais, em programas a quatro, seis ou oito pessoas, por exemplo. Quando isso é descoberto se coloca a questão
de praticarem entre eles a experiência.
Essa história dá margem a que “2 Mais 2” mostre como
funciona, quais são as regras dessa modalidade de fantasia sexual e apresente
diálogos claros e diretos sobre ela e sobre outras mais. Fica-se sabendo, por exemplo, que o marido
manifestar atração pela mulher do amigo e transar com ela na frente dele enquanto
o amigo faz o mesmo com sua mulher é o esperado, sem problemas. Mas se os casais trocados se encontrarem na
ausência do cônjuge e transarem, a traição é evidente e grave. Na presença, sempre pode, na ausência, nunca. O desejo é livre, mas não pode haver
envolvimento emocional, senão tudo desmorona.
E por aí vai.
Que é difícil administrar uma coisa dessas é algo
evidente. Pode ser muito divertido e
estimulante, em alguns casos. Mas é como
“brincar com fogo”, na expressão usada pelos próprios personagens do filme.
Fazer piada disso ou chanchada com o tema é muito
fácil. E costuma ser apelativo, como é
frequente, quando o assunto do humor é sexo.
“2 Mais 2” não é apenas uma comédia que pretenda provocar risos, embora
tenha momentos muito bem humorados.
Trata do assunto com objetividade e seriedade. O que não é fácil.
Sexo visto como mercadoria, sacanagem, superexposição
midiática, autopromoção de celebridades, recurso para a conquista de audiência
na TV ou venda de ingressos em espetáculos, é algo que se vê todo dia. Reflexão sobre o assunto, abordagem séria
sobre ele, é algo muito raro. Fala-se
muito, apela-se muito, pensa-se pouco.
Principalmente quando se trata de um tema quente, que é ainda tabu, como
a troca de casais, o swing.
“2 Mais 2” é ousado por isso. Expõe claramente a questão, brinca um pouco
com ela, focaliza os problemas que surgem dela.
E não faz grande drama com isso.
Conversa com o espectador sobre um assunto marginal, sem constrangimentos.
A forma como a situação se resolve, no presente e no
futuro próximo dos dois casais envolvidos na trama, é evidentemente
discutível. Poderíamos imaginar muitos
outros desdobramentos ou possibilidades.
Mas não se trata de aprovar, ou não, os desfechos apresentados, mas de
valorizar a oportunidade que o filme dá para a discussão do tema.
Como sexo sempre faz apelo, o filme está batendo
recordes de bilheteria na Argentina. Mas
está muito longe de ser um filme pornográfico, ou mesmo, com erotismo
exacerbado. Tanto é verdade, que a
classificação indicativa de “2 Mais 2” no Brasil o proíbe a menores de 14 anos.
As aventuras sexuais dos personagens Richard (Juan
Minujin) e Betina (Carla Peterson), o casal que já praticava swing e leva os amigos Diego (Adrian
Suar) e Emilia (Julieta Diaz) a viverem tal experiência, podem ser vistas sem
sustos por qualquer pessoa que se interesse pela temática. O filme não ofende e também não é
inócuo. Não é uma obra de arte, mas é um
produto digno de ser visto.
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