segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

COMENTÁRIO SOBRE O OSCAR 2013

                       
Antonio Carlos Egypto

Todo mundo sabe que o Oscar é um prêmio muito badalado da indústria do entretenimento de Hollywood e que pouco tem a ver com arte e criação no cinema.  Mas repercute no público e representa bastante em termos de mercado.  Por isso, é impossível ficar alheio a ele.  E a gente acaba assistindo aos filmes indicados e torcendo pelos nossos favoritos
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O Oscar 2013 teve, a meu ver, bons filmes em disputa e o resultado das principais categorias foi bem razoável.  Meu filme favorito da lista de 9 indicados era “Amor”, de Michael Haneke.  Ele entrou na lista, apesar de não ser falado em inglês. Foram indicados também o diretor Haneke e a veterana e grande atriz Emmanuelle Riva.  Essas indicações foram um reconhecimento da Academia à importância dessa obra, que venceu, como era esperado, o prêmio destinado a filme estrangeiro.  Merecidíssimo.
“As Aventuras de Pi” foi um filme que me entusiamou muito.  Torci por ele e gostei que Ang Lee tivesse vencido como melhor diretor. É um talentoso cineasta de origem chinesa, de Taiwan, que brilha em tudo que tem feito, nos mais diferentes gêneros.  Aqui, na fantasia.  O filme levou também prêmios de efeitos especiais (espetaculares), trilha sonora e fotografia.
“Argo” venceu a categoria de melhor filme, a de roteiro adaptado e a de montagem.  É um bom filme, que não fez muito sucesso no Brasil.  Agora, deve voltar aos cinemas, se destacar em DVD/Blu Ray, essas coisas.  E o diretor, Ben Affleck, nem foi indicado na categoria.  Mas, quando começou a ganhar todos os outros prêmios norte-americanos e mesmo europeus de cinema, ficou evidente que levaria o Oscar principal.
“Lincoln”, de Steven Spielberg, levou a óbvia estatueta de melhor ator para Daniel Day-Lewis, realmente brilhante no papel, e a de direção de arte.  O filme não empolgou, reverencia uma figura histórica na última fase de sua atuação, focando na aprovação da 13ª. Emenda, que aboliu a escravidão.  Mostra as manobras políticas que levaram à sua aprovação e o papel decisivo que Lincoln jogou nessa história.  Só que o filme é pesado, escuro, arrastado em boa parte dele, fala de coisas específicas da época histórica, bem distantes do conhecimento da maioria das pessoas.  Spielberg, que é um mestre do entretenimento, quando fica sério pode passar do ponto.  Como é o caso aqui.


“Django Livre”, de Quentin Tarantino, se saiu bem no prêmio.  Venceu roteiro original e ator coadjuvante, o ótimo Christoph Waltz.  Aí, sim, é escravidão abordada pela via do entretenimento, no gênero western (ou southern, como disse Tarantino). É o costumeiro festival de violência de brincadeira que o cineasta consagrou e repete.  Como a produção é boa e a filmagem, talentosa, agrada o público.
“Os Miseráveis” merecia mais do que o prêmio de atriz coadjuvante a Anne Hathaway, justo.  Além dele, só ganhou maquiagem e cabelo e mixagem de som.  Afinal, é um musical esplendoroso.  Outro que merecia mais é “Anna Karenina”, com seu criativo set teatral.  Ganhou só figurino.
“O Lado Bom da Vida” levou o prêmio de atriz para a jovem Jennifer Lawrence.  Ela mostrou sua força interpretativa num filme simpático, não muito mais do que isso.  “007 – Operação Skyfall” levou prêmios de fotografia e canção.  Já faz algum tempo que deixei de ver os 007, embora digam que esse é um dos melhores da longa série de um personagem que tem 50 anos de cinema. Não sobrou nada importante para "A hora mais escura". Pena.
Quanto aos prêmios destinados aos documentários, filmes de animação e curta-metragens, não tenho nada a dizer, porque não tive a oportunidade de ver nenhum deles.


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