Antonio Carlos Egypto
Todo mundo sabe que o Oscar é um
prêmio muito badalado da indústria do entretenimento de Hollywood e que pouco
tem a ver com arte e criação no cinema.
Mas repercute no público e representa bastante em termos de
mercado. Por isso, é impossível ficar
alheio a ele. E a gente acaba assistindo
aos filmes indicados e torcendo pelos nossos favoritos
.
.
O Oscar 2013 teve, a meu ver,
bons filmes em disputa e o resultado das principais categorias foi bem
razoável. Meu filme favorito da lista de
9 indicados era “Amor”, de Michael Haneke.
Ele entrou na lista, apesar de não ser falado em inglês. Foram indicados
também o diretor Haneke e a veterana e grande atriz Emmanuelle Riva. Essas indicações foram um reconhecimento da
Academia à importância dessa obra, que venceu, como era esperado, o prêmio
destinado a filme estrangeiro.
Merecidíssimo.
“As Aventuras de Pi” foi um filme
que me entusiamou muito. Torci por ele e
gostei que Ang Lee tivesse vencido como melhor diretor. É um talentoso cineasta
de origem chinesa, de Taiwan, que brilha em tudo que tem feito, nos mais
diferentes gêneros. Aqui, na
fantasia. O filme levou também prêmios
de efeitos especiais (espetaculares), trilha sonora e fotografia.
“Argo” venceu a categoria de
melhor filme, a de roteiro adaptado e a de montagem. É um bom filme, que não fez muito sucesso no
Brasil. Agora, deve voltar aos cinemas,
se destacar em DVD/Blu Ray, essas coisas.
E o diretor, Ben Affleck, nem foi indicado na categoria. Mas, quando começou a ganhar todos os outros
prêmios norte-americanos e mesmo europeus de cinema, ficou evidente que levaria
o Oscar principal.
“Lincoln”, de Steven Spielberg,
levou a óbvia estatueta de melhor ator para Daniel Day-Lewis, realmente
brilhante no papel, e a de direção de arte.
O filme não empolgou, reverencia uma figura histórica na última fase de
sua atuação, focando na aprovação da 13ª. Emenda, que aboliu a escravidão. Mostra as manobras políticas que levaram à
sua aprovação e o papel decisivo que Lincoln jogou nessa história. Só que o filme é pesado, escuro, arrastado em
boa parte dele, fala de coisas específicas da época histórica, bem distantes do
conhecimento da maioria das pessoas.
Spielberg, que é um mestre do entretenimento, quando fica sério pode
passar do ponto. Como é o caso aqui.
“Django Livre”, de Quentin
Tarantino, se saiu bem no prêmio. Venceu
roteiro original e ator coadjuvante, o ótimo Christoph Waltz. Aí, sim, é escravidão abordada pela via do
entretenimento, no gênero western (ou southern, como disse Tarantino). É o
costumeiro festival de violência de brincadeira que o cineasta consagrou e
repete. Como a produção é boa e a
filmagem, talentosa, agrada o público.
“Os Miseráveis” merecia mais do
que o prêmio de atriz coadjuvante a Anne Hathaway, justo. Além dele, só ganhou maquiagem e cabelo e
mixagem de som. Afinal, é um musical
esplendoroso. Outro que merecia mais é
“Anna Karenina”, com seu criativo set teatral.
Ganhou só figurino.
“O Lado Bom da Vida” levou o
prêmio de atriz para a jovem Jennifer Lawrence.
Ela mostrou sua força interpretativa num filme simpático, não muito mais
do que isso. “007 – Operação Skyfall”
levou prêmios de fotografia e canção. Já
faz algum tempo que deixei de ver os 007, embora digam que esse é um dos
melhores da longa série de um personagem que tem 50 anos de cinema. Não sobrou nada importante para "A hora mais escura". Pena.
Quanto aos prêmios destinados aos
documentários, filmes de animação e curta-metragens, não tenho nada a dizer,
porque não tive a oportunidade de ver nenhum deles.
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