Tatiana Babadobulos
A Hora Mais Escura (Zero Dark Thirty). Estados Unidos, 2012. Direção: Kathryn Bigelow. Roteiro: Mark Boal. Com: Chris Pratt, Jessica Chastain, Joel Edgenton, Frank Grillo, Scott Adkins, Jennifer Elvie. 157 minutos
Ainda está fresca na memória de muitos o anúncio feito pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, quando o terrorista Osama bin Laden foi morto, em maio de 2011.
O que o cidadão comum não conhece são os bastidores daquela noite em que a maior potência do mundo supostamente tenha colocado um ponto final nas ameaças ao planeta. E são as articulações, as pesquisas e os estudos que são mostrados no longa-metragem "A Hora Mais Escura" ("Zero Dark Thirty").
Só uma pausa sobre o nome original: no jargão militar, a frase significa meia-noite e meia, horário do começo da operação. Fecha parêntese.
Os bastidores daquela noite também foram contados na série "The Newsroom". Mas, por se tratar de uma série sobre o jornalismo televisivo, é sobre a notícia que o episódio se debruça.
Aqui, a diretora Kathryn Bigelow mostra sob o ponto de vista dos soldados que lutaram contra os homens de Bin Laden. Ela, aliás, já realizou um outro filme sobre a batalha no Afeganistão. "Guerra ao Terror" venceu o Oscar de Melhor Filme em 2010.
Em "A Hora Mais Escura", o espectador vai acompanhar a jornada da agente Maya (Jessica Chastain, de "A Árvore da Vida"), recrutada pela CIA, para trabalhar no Afeganistão a fim de capturar o líder da Al-Qaeda.
A fita começa com diálogos ocorridos em 11 de setembro de 2001, data em que ocorreram os ataques terroristas contra as Torres Gêmeas, em Nova York.
O longa mostra cenas de tortura contra sauditas para os Estados Unidos descobrirem onde é o esconderijo de Bin Laden. Ao mesmo tempo em que Kathryn não poupa o estômago do espectador com as cenas de espancamento e afogamento, mostra a imagem controversa de Obama na TV dizendo que os soldados do seu país não praticam a tortura.
Com toque de ironia, bastante tortura e investigação, "A Hora Mais Escura" apresenta cenas contundentes de como teria sido a captura do terrorista mais procurado do mundo. E, feminista que é, a cineasta coloca uma mulher à frente da operação para encontrar respostas para a sua investigação e, ao mesmo tempo, lutar contra o sistema, já que seu chefe é contra as ações que ela propõe no início.
Com imagens desoladoras de combate, planejamento e astúcia, o que se vê na tela é uma sucessão de fracassos e vitórias, além de uma boa reflexão.
Resta saber (e só o tempo poderá dizer) se os atos de hoje não terão consequências amanhã. As crianças trancadas dentro do esconderijo de Bin Laden e que presenciaram a invasão norte-americana, quem sabe?, poderão responder a essa e a tantas outras dúvidas.
Ao todo, o longa concorre a cinco indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme, Atriz e Roteiro Original.
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