quinta-feira, 14 de junho de 2012

A PRIMEIRA COISA BELA

 Antonio Carlos Egypto


A PRIMEIRA COISA BELA (La Prima Cosa Bela).  Itália, 2010.  Direção: Paolo Virzì. Com Valerio Mastrandea, Micaela Ramazzotti, Stefania Sandrelli, Claudia Pandolfi.  122 min.


“A Primeira Coisa Bela” é um título que não funciona bem em português.  Pode até atrapalhar a carreira comercial do filme de Paolo Virzí.  Seria uma pena, porque se trata de uma comédia bem construída e muito agradável de se ver, faz a gente se lembrar dos velhos tempos das comédias italianas, que tanto nos divertiram.  E que sempre tinham algo a dizer.  Acrescentavam alguma coisa, com inteligência e apelos eróticos bem calibrados.

“A Primeira Coisa Bela” se revela um produto que não faz feio diante de seus antecessores.  Aqui vemos Bruno e sua irmã Valéria em diferentes fases de suas vidas, tendo que conviver com Anna, uma mãe belíssima, que esbanja sensualidade e desinibição, atrai o interesse de muitos homens, deixando ciumento e abalado seu marido.  Se Valéria criança consegue se entusiasmar com o êxito da mãe, já em 1971, em Livorno, eleita “Miss Mamma”, o mesmo não se dá com Bruno, que acha tudo aquilo muito embaraçoso.  Claro, Valéria toma a mãe como um modelo bem sucedido, enquanto Bruno vai se identificar com o pai, traído e mortificado de ciúme.


Se Valéria continuará convivendo com a mãe, Bruno vai se afastar dela, da família e de sua cidade natal, a ponto de perder os fortes laços que o uniam à irmã, na infância.  Só quando Anna passa a sofrer de uma doença terminal é que Bruno voltará a conviver com ela.  Mas Anna não perde a exuberância, nem as atitudes arrojadas, porque sua vida está por um fio.  Ela continua a mesma.  E assim será até o fim.  Por que haveria de ser diferente?

Caberá a Bruno ressignificar a figura da mãe e o seu relacionamento com ela, e com os homens que povoaram a vida dela.  E também, evidentemente, reencontrar os laços perdidos com a irmã.


Descrito assim, parece um assunto muito sério.  E é mesmo.  Mas o tom do filme é leve, envolvente, divertido.  Se o público conseguir descobri-lo, ou seja, se o filme não for retirado rapidamente das telas dos cinemas, dá para prever boa bilheteria e reações de satisfação.

Não se trata de nenhuma obra-prima cinematográfica, por certo.  Mas é uma produção caprichada, que tem ideias, é bem humorada e comunicativa com os espectadores, sem exigir deles maiores esforços.


É bom ver um filme que funciona bem sendo apreciado pelas plateias, estimulando mais pessoas a ir ao cinema.  Afinal, nem só de filmes-cabeça ou aventuras carregadas de violência e efeitos especiais vive o cinema contemporâneo.



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