domingo, 18 de setembro de 2011

ALÉM DA ESTRADA

Antonio Carlos Egypto



ALÉM DA ESTRADA (Por el camino). Brasil, Uruguai, 2010. Direção: Charly Braun. Com Esteban Feune de Colombi, Jill Melleady e participações de Guilhermina Guinle e Naomi Campbell. 86 min.







Charly Braun é um ator brasileiro, cujo nome tem sonoridade igual à do famoso personagem de história em quadrinhos de Charles Schulz. Em seu primeiro longa como diretor, “Além da Estrada”, ele faz um road-movie inteiramente rodado no Uruguai, recheado de locações que revelam belezas do país pouco conhecidas, lugares surpreendentes, comunidades rurais e de natureza ao estilo hippie, que compõem um belo e cativante painel visual.

O cinema é uma oportunidade de viajar no espaço, no tempo, na vida interior de personagens, no sonho e na fantasia. A viagem de “Além da Estrada” revela não só belas paisagens como também lugares estranhos e personagens se conhecendo e se envolvendo, numa riqueza de detalhes impressionante. Onde aparentemente nada está acontecendo, uma imagem capta um instante revelador de um elemento da natureza, algo pequeno mas inesperado que acontece, um gesto, um olhar. Por exemplo, o cachorro sedento que ronda uma pequena piscina abandonada, com água pela metade e cheia de folhas, que, de repente, entra nela para beber da água e precisa ser puxado para fora, do contrário não conseguiria sair. Há muito o que observar nesses detalhes, nessas pequenas coisas que essa viagem pelo Uruguai traz ao espectador.

Os personagens são um rapaz argentino (Esteban Feune de Colombi), que vai em busca de uma propriedade de seus pais recentemente falecidos num acidente, e uma moça belga (Jill Melleadi), que vai ao encontro de um antigo amor. Eles se encontram no Uruguai, ele oferece uma carona e os dois acabam protagonizando uma viagem de descobertas, troca e envolvimento afetivo e, como seria de se esperar, uma jornada de autoconhecimento e de conhecimento mútuo.






Personagens que vagam pelo pequeno país vizinho se comunicando, ora, em espanhol, ora, em inglês,ora, em francês, entre si e com as pessoas que encontram, ou vão em sua busca, ao longo do trajeto.

Nessa jornada, também se revelam detalhes de um jeito de viver e de estar no campo, de usufruir da natureza, de trabalhar em fazenda. Um estilo de vida tradicional, por um lado, sábio, por outro.

É nesse mundo cercado de gente que vive em ritmo próprio, lento e artesanal, em torno do verde, de animais, de lagoas naturais e largos espaços, que o filme nos faz penetrar. O efeito é de uma paz e beleza reconfortantes, que oferece uma trégua ao cotidiano urbano e agitado em que está metida a maior parte das pessoas. Pelo menos, aquelas que vão ao cinema.



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