quarta-feira, 8 de junho de 2011

UMA DOCE MENTIRA

Antonio Carlos Egypto

UMA DOCE MENTIRA (De Vrais Mensonges). França, 2009. Direção: Pierre Salvadori. Com Audrey Tautou, Nathalie Baye, Sami Bouajila, Stephane Lagarde. 105 min.

Emilie (Audrey Tautou) é um daqueles personagens que querem ajudar os outros, mas se valem de vias tortas e manipulações de toda ordem, para tentar alcançar o que desejam. O resultado, claro, será sempre problemático.

Maddy (Nathalie Baye), mãe de Emilie, está numa fase ruim da vida. Abandonada pelo marido, se sente diminuída e ainda alimenta infundadas esperanças, ou de que ele volte, ou de que alguém apareça no seu caminho. Ao menor sinal de uma dessas possibilidades, ela já coloca toda sua energia aí.

Jean (Sami Bouajila) é um homem tímido, desses que ficam mais observando do que agindo, com medo de chegar. Mas, apesar de estar desempenhando um trabalho braçal para o salão de cabeleireiro de Emilie, é um homem estudado, que fala várias línguas e escreve muito bem.

É uma carta de amor anônima de Jean que dá ensejo a uma trama que envolve os três personagens acima descritos e mais alguns, secundariamente. Uma carta de amor anônima não é algo para se levar a sério. Pode-se jogar no lixo. Mas, se for muito bem escrita, pode ser útil em algumas situações. O problema é que, quando é preciso dar continuidade a ela, saber escrever é fundamental.

O poder das palavras e a capacidade de expressar emoções de forma literária é algo bastante cultivado e valorizado pela cultura francesa. Em “Uma Doce Mentira” não é diferente. Mas esse poder das palavras está a serviço de um jogo de erros, coincidências e inabilidades que produz desencontros absurdos.

A ideia de que uma mentira possa ser o caminho para fazer bem a alguém, e a necessidade de muitas outras mentiras para sustentar a primeira, revela-se trágica, ou melhor, cômica.

Há o que dizer, portanto, nessa comédia leve e despretensiosa, cujo objetivo é o entretenimento puro e simples. O que se espera é que os espectadores se divirtam com as situações criadas, enquanto desfilam pela tela pessoas e ambientes, limpos, bonitos e bem cuidados. Nada que possa incomodar a quem se deu ao trabalho de ir ao cinema no fim de semana, para aliviar as tensões de uma semana de trabalho, providências e preocupações. E o filme é bem realizado, com bons atores, e constrói um final que, longe de decepcionar, faz um bom fecho para esse gênero de fita.

“Uma Doce Mentira” é uma das atrações do Festival Varilux do cinema francês, que acontece de 08 a 16 de junho de 2011, em 22 cidades brasileiras, trazendo longas-metragens inéditos do cinema francês recente. Esses filmes deverão ter carreira normal no circuito comercial, após o Festival. Mas, às vezes, um título acaba sendo lançado só em DVD ou demora para aparecer nos cinemas. Nunca se sabe ao certo. Até porque depende, também, das reações do público às primeiras exibições do filme.

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