quinta-feira, 14 de abril de 2011

Homens e Deu­ses


Tatiana Babadobulos


Homens e Deuses (Des Hommes et des Dieux). França, 2010. Direção: Xa­vier Beauvois Roteiro: Xavier Beauvois e Etienne Comar. Com: Lambert Wilson, Michael Lonsdale, Olivier Rabourdin, Philippe Laudenbach, Jacques Herlin, Loïc Pichon, Jean-Marie Frin, Olivier Perrier e Xavier Maly. 122 minutos.

Em primeiro lugar na bilheteria mundial, a animação “Rio”, que estreou na semana passada, tomou conta das salas de cinema do país. Ao todo, foram mil cópias. Já sabendo do efeito que o longa-metragem do brasileiro Carlos Saldanha teria (mais de 1,1 milhão de pessoas assistiram ao filme no cinema nos três primeiros dias), foram apenas quatro estreias no dia 8.

Nesta sexta-feira, 15, o quadro não muda muito. Serão cinco estreias ao todo: o nacional “Amor?”, o documentário francês “Bebês”, a ficção científica “Eu Sou o Número Quatro”, o terror “Pânico 4” e o aguardado “Ho­mens e Deuses”, produção francesa, vencedora do Grand Prix do Festival de Cannes, no ano passado. O mesmo festival, aliás, que premiou “O Profeta”, em 2009, e “Gomorra”, em 2008.

A trama de “Homens e Deu­ses” (“Des Hommes et des Dieux”), que tem direção de Xa­vier Beauvois e roteiro escrito a quatro mãos juntamente Etienne Comar, é baseada na história real dos monges franceses que faziam trabalho missionário na Argélia, país árabe e ex-colônia da França.

Em uma época na qual a igre­ja pouca influência tem sobre as pessoas, principalmente longe dos domínios do cristia­nismo, o longa-metragem discute problema político que se passa no final dos anos 1990 e usa os diálogos para mostrar o que acontece por ali. Nas imagens, as matanças são momentos bastante duros.

Mesmo que tenham poucas influências no mundo atual, os monges fazem visitas em toda a comunidade onde atuam e também prestam serviços médicos. E, para combater o mal, rezam e cantam. A música dos monges, aliás, é a única que compõe a trilha sonora da fita que tem duração de 122 minutos. Talvez isso possa ser um pouco can­sativo para quem está acostumado com os filmes barulhentos exibidos no cinema, principalmente de produção norte-americana.

“Homens e Deuses” é intimista a partir do olhar do diretor e na medida que insere o espectador na trama, mas também mostra os sequestros e os assassinatos, além do confronto entre o go­verno e os extre­mistas que queriam tomar o poder.

Liderados por Christian (Lambert Wilson), os monges Luc (Michael Lonsdale), Chris­tophe (Olivier Rabourdin), Celéstin (Philippe Laudenbach), Amédée (Jacques Herlin), Jean-Pierre (Loïc Pichon), Paul (Jean-Marie Frin ), Bruno (Olivier Perrier) e Michel (Xavier Maly) decidem, em meio ao conflito, se voltam para a França ou conti­nuam prestando o serviço ao qual se propuseram, mesmo sabendo que são alvo dos terro­ristas, principalmente por aqueles que invadem o mosteiro a fim de roubar remédio.

“Homens e Deuses” mostra a mistura de fatos e atos praticados pelos homens que são contra as leis de Deus mas, ao mesmo tempo, o que poderiam os monges fazer senão cuidar da comunidade onde viviam e enfrentar o mal?

Ao final, o destino de cada um deles é revelado. Triste demais, mas um belíssimo filme, capaz de fazer o espectador refletir e situá-lo nos dias atuais. Que dias!

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