sexta-feira, 7 de novembro de 2008

O CINEMA ALEMÃO SE DESTACA NA 32a. MOSTRA

Antonio Carlos Egypto


Na edição de 2008 da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, destacaram-se alguns representantes do cinema alemão, como o belíssimo HANAMI - CEREJEIRAS EM FLOR, da diretora Doris Dörrier, uma sensível história sobre sonho, envelhecimento e morte, tratada com humanismo, com direito a um mergulho em paisagens e expressões artísticas japonesas. Perfeito para um centenário de imigração japonesa no Brasil, esse talentoso filme alemão.

O vencedor do troféu Bandeira Paulista, destinado aos filmes de novos diretores, coube merecidamente a O ESTRANHO EM MIM, de outra diretora alemã, Emily Atef. O tema, tratado com muita competência, é o da depressão pós-parto. É preciso coragem para lidar com o avesso do estereótipo da maternidade, e talento para nos envolver nesse drama. O filme já foi comprado para exibição no Brasil, aliás, o primeiro país a adquiri-lo, segundo a diretora.

Outra grande surpresa foi NUVEM 9, também alemão, de Andreas Dresen. Trata-se de um triângulo amoroso - e sexual - na velhice. Protagonistas da faixa dos 70 a 80 anos são mostrados vivenciando desejos intensamente, o que inclui cenas de nudez e sexo, que contrariam os padrões estabelecidos de mostrar corpos jovens e sarados nos filmes. A densidade dos sentimentos é também mostrada, com sutileza.

Além disso, ainda alemão, o novo filme de Wim Wenders, PALERMO SHOOTING, é bonito, original, com uma forma cativante e surpreendente, além de revelar as belezas da cidade de Palermo a quem não a conhece, como é o meu caso.

O representante do Cazaquistão, TULPAN, de Sergey Dvortsevoy, nos remete a um universo rural onde as mulheres são mais raras do que as ovelhas. O que fazer quando a única pretendente possível não quer saber do nosso personagem, porque ele tem orelhas grandes demais? Já o representante do Sri Lanka, MACHAN, nos põe em contato com a inexistente seleção de handebol do país, que terá que se apresentar num torneio na Bavária. São filmes que encantam, pela simplicidade e pela diversidade que nos trazem. E também são co-produções alemãs.

É justo, portanto, chamar a atenção para o cinema que está sendo produzido pela Alemanha na atualidade. A amostra que chegou em São Paulo em outubro foi saborosa.

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